segunda-feira, maio 12, 2008

Fitacola @ Centro Cultural Artes Jah Nasce

The Alphabets


Uma tarde do Dia do Trabalhador que saiu do marasmo com um concerto integrado no Festival Santos da Casa, que se realizou no CC Artes Jah Nasce, e onde se apresentaram os The Alphabets e os cabeça-de-cartaz, a apresentar o seu primeiro álbum, Fitacola.

As duas bandas apresentam um punk-rock à imagem de uns NOFX ou de uns portugueses Tara Perdida, recuperando um estilo que parece nunca morrer, pelo menos nos meios mais underground. O concerto dos The Alphabets foi bastante mais curto, desfilando pouco mais de meia-dúzia de músicas. Esta banda, que nasceu das cinzas dos White Lie, tem um espectáculo seguro, muito centrado no seu vocalista/guitarrista (ai nomes, nomes) e que pede um pouco mais de ensaios para que a energia do palco salte cá para fora. Falta rodagem.

Fitacola

Depois entrou a banda da tarde, os Fitacola. E mostraram-nos hinos efémeros com pulsões adolescentes. E é muito disso que podemos encontrar no seu álbum, Mundo Ideal. A aposta na língua portuguesa é sempre arriscada, e os Fitacola têm alguma dificuldade na construção de uma estrutura que não soe como quem atira barro à parede. E muitas das vezes sem pegar. O que não lhes tira nenhum mérito numa ambição que pode passar por serem heróis adolescentes ou a banda sonora de cartas de amor de cadência semanal. E não lhes retira a capacidade de aquecer uma sala e de ter uma espectacular interacção com o público. E aí as letras em português funcionam a seu favor, levando o público a cantar em coro os orelhudos refrões. O maior exemplo disso será a Só uma Vez.
Nunca esquecendo o público da sua cidade natal, a banda foi muito comunicativa, agradecendo em massa, muitas das vezes por intermédio do baixista Libelinha. Não houve encore, mas também não era necessário num concerto des ta dimensão. Quando o concerto acabou todo o público presente estava satisfeito, até porque o preço do bilhete (8 euros) incluía o novo álbum.

Em suma, os Fitacola podem esperar o sucesso possível num país como Portugal, mas nunca com a ilusão de um dia figurarem nos livros. E confesso que tenho um medo secreto que aproveitem a sua visibilidade e a sua voz para venderem roupas ou perfumes. Mas isso só o tempo o dirá. Para já podem descontrair com música para o fim de semana, comprando o seu álbum de estreia, Mundo Ideal.

Peço também desculpa pelo imenso atraso desta crítica, mas a Queima das Fitas tudo traz.


Fotos Santos da Casa

19 comentários:

André Forte disse...

"SÓ UMA VEEEEHEEEEHEEEZ!" ^^

Anónimo disse...

Que critica de merda... lol é o que dá agora toda gente ter um bolg. Mesmo quem não perceba nada de escultura pode escrever sobre ela, mesmo quem não perceba nada de história pode escrever sobre ela, e portanto...mesmo quem não perceba um chavo de música pode escrever sobre ela tambem... eheh, muito bom.. os Fitacola a venderem perfumes. Ganhaste uma imaginação com as ressacas da queima que não te digo nada. Ou és burro, ou gostas de passar por parvo. Ou então...tb pode ser que não tenhas jeito nenhum para criticar sobre musica. :)

Um abraço

António Pita disse...

Não vou entrar em discussões sobre "quem-percebe-de-música-e-quem-não-percebe" com alguém que não se identifica.

E quanto ao vender perfumes e roupa - que foi um exemplo que dei - parece que não estou, infelizmente, errado. Um clic para o myspace da banda e podes ver os apoios: Element, Eastpak e Vonzipper. Julgo que roupa.

Volta sempre e quando quiseres conversar sobre música não te esqueças de te identificar.

Abraço

André Forte disse...

Este é o problema de toda a gente poder comentar os blogues: mesmo quem não respeita opiniões pode ser destrutivo só porque sim.

Mas a verdade é que nós vivemos bem com isso e estamos abertos a este tipo de coisas. Agora só tens é de explicar porquê que é uma crítica "de merda" porque eu não vejo nada de mal nela. Até a achei muito bem escrita - não vi o concerto, no entanto.

Volta sempre :)

John disse...

Qual e o problema de ter apoios de marcas de roupa?Ate parece que se pudesses dizias que nao.ah ah ah Olha digo-te ja que eu adorava.

André Forte disse...

Eu tenho uma opinião algo inflamada em relação a isso, John, por isso
digo-te que vejo vários problemas.

Aquele que mais me chateia é o facto de a música ser uma forma de arte e de expressão genuína e de compreensão acessível (em princípio) a toda a gente e não uma fórmula publicitária que arrasta tudo e todos e ajuda a estereotipar pessoas com gostos comuns em "tribos" que se identificam simplesmente pela indumentária. Se a música é uma linguagem universal, não percebo a necessidade de a usar para colocar pessoas em grupos sociais distintos, muito menos através da publicidade exploratória do seu motor.

Uma questão que podes sempre fazer é: o que é que os Fitacola ganham realmente com isso? Enquanto músicos, não me parece que tenham grandes benefícios...

John disse...

Desculpa la, mas desde que nao percam nada com isso. Eu conheco-os e não e isso que os fazem pessoas diferentes. E se eles nao os afectaram a eles, claro que nao vai afectar a musica deles. A indumentaria quer tu queiras quer nao marca diferentes estilos, so que a questao e que no punk causa logo celeuma! Ng critica os metaleiros por andarem de preto, e ng o deve fazer, desde que a malta se respeite mutuamente é o que interessa.

André Forte disse...

pronto, ainda bem :)
fico, sinceramente, mais descansado.

E a indumentária, infelizmente, serve sempre para marcar alguma coisa. Chama-se preconceito e todos temos disso, senão nem éramos pessoas. Tu, por exemplo, tens essa ideia de que os metaleiros só vestem preto. Não acho que seja grave desde que, precisamente, a malta se respeite. Eu também tenho a ideia preconcebida de que em África não se faz música com distorções e não sei nada sobre o assunto e que, provavelmente, os índios norte-americanos têm nomes como "águia poderosa" ou "boi sentado".

De qualquer forma, não queria dizer que o facto de os Fita-Cola terem patrocínios fazia deles "elitistas". Queria era dizer que os patrocinadores os escolheram por alguma coisa, e que isso, se tiver algo que ver com eles, é com a vontade de ir mais longe e com, porventura, alguma ingenuidade da banda. A minha "oposição" a essas coisas vai mais nesse sentido, dessas empresas utilizarem as bandas como motores para explorar um nicho de mercado baseado em preconceitos, não no de os criticar a eles; essa é uma decisão que não passa sequer por mim, por isso nem me interessa :P

Acho mais criticável, mas muito mais, alguns comportamentos de uns, vá lá, Moonspell (lembrei-me agora, sorry) do que algo deste género.

Volta sempre :)

John disse...

Mais uma vez nao tenho ideia pre concebida nenhuma,referi o metal pq e mais comum. Nao tenho nada contra isso antes pelo cntrario. Eu tenho imensos amigos metaleiros e nao se vestem de maneira nenhuma, porem acho que leste o que quizest mas pronto. Conversa da treta.
Fica bem e ate sempre!

Fitacola disse...

Bem, daqui fala o baterista de Fitacola. Por norma nunca nos involvemos em críticas nenhumas. Cada um tem os seus gostos certo? No entanto não posso deixar de dar razao ao primeiro anónimo que comentou. A critica esta mal feita, sem duvida. Não é preciso ter dois palmos de testa para perceber isso, já para poder escrever sobre alguma coisa com uma certo profissionalismo é! Ora então voces acham que a critica do anonimo à vossa critica é destrutiva? paciencia... afinal quem é k n gosta de criticas? ficaram ofendidos? é k realmente nao estou a perceber onde querem chegar..

Ter apoios depois de tocar 6 anos sem receber um chavo é andar a vender roupa? Estamos a falar de quem? do cigano da feira? do vendedor da esquina? Com todo o respeito por estas pessoas que tentam ganhar a vida..nós estamos a fazer o mesmo tenham respeito por nós tambem. Não somos daquelas tribos que diziem que o punk é atitude e nem que ganhar a vida é ser-se um vendido.. Se queremos ser musicos temos de ganhar com isso ou não é verdade? Ou o dinheiro cai nos do ceu? e os instrumentos tb?? ganhamos muito com o patrocinio como é claro, alento, motivação, responsabilidades e como é obvio apoio de alguem, seja la ele quem for. E se o punk não é nada disto entao a nossa musica tb n o é, e nos estamo nos pouco cagando para isso enquanto houver uma pessoa que goste de nos ouvir e fique no chao com o resto do barro que caiu da parede..lol. A vossa critica é k foi destrutiva malta, com todo o respeito claro. Uma critica é pa falar do concerto e não de suposições sobre quem a banda é sem conhecer..

Já agora, respondendo ao André Forte, A musica é uma forma de Arte, sem duvida.. Tb concordo, sou formado em Design, tambem é arte. Vou faze-lo de graça? sem apoios? Opa toda a gente quer ganhar a vida, quantos mais apoios houver melhor, para toda a gente. Para ti tambem :) Se pudesses ganhar algum com este blog tb n o fazias? lool Tambem ainda vais a tempo...nos tivemos 6 anos para ganhar kk coisa para depois virem dois gajos kk k têm onde escrever e mandar tudo abaixo...so porque sim. Desculpa lá, mais uma vez com todo o respeito, não é justo.

Querem falar de dinheiro mal distribuido telefonem aos gajos das empresas do futebol pk nós trabalhamos muito mais do que o que recebemos ;)

Esta foi uma mensagem rara, mas n pude deixar de escrever.. É que ás vezes as pessoas falam sem saber.. e pensam que estao a dizer a coisa mais acertada para a malta da sua tribo rir um bocado à custa dos outros...mas aos outros isso realmente custa :) Um conselho que vos deixo..para a proxima resumam a critica à musica e ao live preformance e deixem se de suposições sem geito nenhum...

Ah e já agora deixo uma pergunta, que bandas de culto vcs têm? Aquelas que vêm dos estados unidos, da suécia, da alemanha ou seja la de onde fôr..acham que chegaram ca sozinhas? Passem la nos myspaces deles e vejam se n ha um unico patrocinio. Aliás, basta olhar para os CDs de bandas que já tenham comprado.. Se fosse como vcs dizem...os vendedores de perfumes e roupas que vcs tb gostam (e n estou a falar de nos, pk claramente de nos n gostam..e com todo o direito!lol) não saíam da cepa torta e como tal vcs nem conheciam. Pensem bem nisso e tentem ser um dia profissionais tambem ;)

Abraço, Francisco Vale
Fitacola

André Forte disse...

john, não me percebeste. eu não falei de teres preconceitos como uma coisa má. Não queria vexar-te de forma alguma nesse sentido. Aquilo que queria dizer é que se não as tivesses nem te identificavas com o teu grupo de amigos, e etc. Ou seja, também eu os tenho e isso é uma situação ainda mais vergonhosa porque ponho-os todos aqui :P

Abraço

André Forte disse...

Bem, Francisco...

Não sei bem por onde começar, porque o teu comentário é enorme, mas cá vai disto.

A primeira coisa que há a reparar é que neste blogue ninguém quer ser profissional. Temos onde o ser. Isto aqui é um pasquim completamente chouriço onde valorizamos muito qualquer opinião, dentro dos limites da decência. O Pita fez uma análise do concerto segundo a sua opinião, até porque não é isento dela. Não a achei de todo destrutiva - não insultou o vosso trabalho, disse mesmo que tinham por onde continuar e que era bom se o fizessem - ao contrário da do "anónimo". A crítica dele é destrutiva porque não nos apresenta, sequer, um problema naquilo que o Pita escreveu; aliás, vê-se que não entendeu o texto (a parte de vender perfumes era metafórica). Nós gostamos de críticas, gostamos que nos façam críticas, até porque nós também as fazemos. E, garanto-te, não podia ficar mais satisfeito com a tua crítica :) Se o texto irritou o "anónimo", ele vai-se chatear connosco mais vezes porque nós não percebemos, com a posta dele, o que é fizemos de mal e vamos continuar, provavelmente, a fazê-lo. Eu gosto de críticas destrutivas quando são completamente devastadoras: assim temos de começar do princípio. Agora atirar barro à parede a ver se cola é simplesmente uma perda tempo para toda a gente.

Depois, a discussão descarrilou. Como disse, não tenho qualquer tipo de opinião sobre vocês terem ou não patrocínios. Essa é uma decisão que apenas vos diz respeito a vocês (obviamente) e eu não podia estar mais desinteressado dela. Só tenho problemas com os patrocinadores e com os meios que eles usam para vender (e não vocês, ressalvo novamente).

Outra coisa, Francisco, para mim a arte e a cultura deviam ser todas gratuitas e acessíveis a toda a gente. E, quanto a isso, digo-te assertivamente que se queres fazer arte não deixas que o dinheiro a condicione. Mas esta é uma questão que podíamos discutir horas a fio e não vale a pena falar sobre isso aqui. Digo-te simplesmente que para mim a minha opinião/expressão não preço ou ordenado, ou pelo menos a parte mais livre dela.

Depois, quanto às minhas bandas de culto... O vocalista de uma das minhas preferidas, o Steve Von Till dos Neurosis, é professor primário. E dou-te mais exemplos semelhantes: Cult of Luna (trabalham para sobreviver, estudam e tocam porque gostam), Kayo Dot (a violinista ganha dinheiro em ensaios clínicos), e a lista podia continuar. As bandas que ouvimos por estes lados são de meios completamente diferentes do vosso, acho que não ganhas nada em levar a discussão para esse lado nem em continuares a achar que nós vos consideramos vendidos ou algo do género por causa dos apoios. Digamos que o pessoal daqui gosta de bandas que andam pela cepa torta e andamos a procurar coisas dessas. Ainda há dias uma das minhas bandas preferidas andou completamente à deriva por Lisboa porque o promotor da tour europeia deles cagou e não lhes disse mais nada; ah!, e ainda tiveram de mendigar um concerto pela zona da Bélgica/Holanda para não estarem a desembolsar dinheiro deles para a viagem :P

Ainda outra coisa, também tenho bandas de culto portuguesas. Senti-me ofendido com essa observação :P E também não achei justo concluíres imediatamente que não gostamos de vocês só porque vocês têm apoios ou porque tocam Punk. Ainda hoje ouço Punk, amigos meus têm bandas Punk e, apesar de tudo o que possas dizer, os Fitacola deixaram uma marca no pessoal de Coimbra. Toda a gente conhece a dita "Só uma vez". Bandas como os Fitacola fazem parte da juventude de muita gente e dos anos de envelhecimento de muita outra gente.

Para ultimar algumas coisas: não, não quero ganhar dinheiro com este blogue pelas razões que enumerei acima e não quero ser profissional aqui ou nem em nenhuma forma de arte através da qual me expresse.

Pronto, acho que está tudo :) Peço-te desculpa se de alguma forma vos ofendemos, não o queríamos fazer, de todo.

Sinceramente, volta sempre que quiseres e sente-te à vontade para responder de volta, Francisco.

Abraço!

Fitacola disse...

Sim, claro. A falar bem é que a gente se entende.. . E dito isto vou continuar no meu ponto de vista lol Dizes que não querem ser profissionais aqui no blog..isso é obviamente uma opção plausível, mas não deixa de dar ainda mais razão à crítica que vos foi feita..que toda a gente pode comentar o que quiser com esta moda dos blogs, mas ás vezes esquecem-se que as bandas não são so a musica que tocam ou a roupa que vestem.. E digo-te muito sinceramente que fiquei um pouco ofendido por falarem de mim e de amigos meus dessa maneira..seja lá com metaforas ou não, dá pa perceber o que ele quis dizer..e o que é certo é que, com liberdade para o fazer ou não, saíu asneira estas a entender? Metafóricamente falando não estamos a vender roupa nem perfumes, nem o pretendemos fazer. Apenas mendigamos como as vossas bandas de culto que pouca gente conhece (ou não) tal como a nós. Tambem já tivemos muitos episódios desse genero em 100 concertos dados como todas as outras bandas. E é tudo engraçado quando se diz: "Aqueles gajos são os maiores, andam todos rotos da vida e das calças mas partem a loiça toda!" mas o que é certo é que quando estás por dentro e queres ser músico as coisas não funcionam assim e quando te passam por cima ficas fodido..

Gostas de Cult of Luna, Neurosis e por aí adiante (nenhum deles é da cepa torta...), certo? Que idade tens? Quando eras puto nunca gostaste de uma banda mais conhecida? Que te tivesse feito cantar? pensar? reflectir? e ouvi-la vezes sem conta? Opa, nós fazemos a nossa Arte independentemente de onde ela nos fará chegar... Não é por nos darem umas t-shirts, uns oculos de sol e umas sapatilhas que faz de nós vendidos (tu podes nem ter dado a entender mas o teu colega deu..e isso é obvio). A Arte, se percebes tanto dela, sabes que vem do nosso consciente, é uma exteriorização do ser humano para se rever nele próprio. E como é obvio, nós seguimos isso à risca e tiramos o máximo partido disso, no que toca ao prazer. Agora hà outra coisa que ainda n foi falada. Não fazemos música por fazer, a música está associada a uma letra, e a essa letra está associada uma mensagem. Essa mensagem tambem não é pensada..é exteriorizada. Se tenho alguma coisa para dizer ao mundo ponho-a numa mensagem em forma de música, e aí peço desculpa..se puder chegar a toda a gente, melhor. Se me ajudarem, melhor ainda...vendam lá o que eles venderem. :) Percebes a onda? Não é assim tão diferente da tua, penso eu. A diferença é que o teu colega tirou-nos pela pinta e errou, ta no seu direito..errar é humano. Já tu, tiveste um discurso bem mais coerente.

Se a vossa onda são bandas da cepa torta e tentam procurá-las, o mais certo era começarem a crítica com essa direcção e dizer que a banda X não era da cepa torta e portanto não era ao vosso gosto.. Porque assim, as pessoas sem saberem os vossos gostos pela cepa torta vao pensar que os gajos que um dia vao vender perfumes e roupa trabalham ali todos no Freeport ou até mesmo no Governo.. :P E não é disso que se trata..dois são professores de ténis a part time, um é informático e ou outro é estudante de enfermagem.. Parece normal? Eu penso que sim.. :D eheheh

O problema disto tudo é que quando vamos ler uma crítica a um trbalho nosso estamos sempre à espera de profissionalismo e não da opinião influenciada pelos gostos do proprio crítico. Mas uma pessoa esquece-se que isto é a net e não uma revista onde as pessoas têm obrigatóriamente de ser profissionais. Isso depende da atitude de cada um..nós tambem podíamos chegar a um concerto e dizer por exemplo que o Rei de Portugal é um Paneleiro...mas certamente isso estaria errado na nossa maneira de ver e não o faríamos, mas tinhamos essa liberdade. O teu colega Pita só disse a sua opinião e se calhar não a estou a respeitar, e por esse facto peço desculpa..

Um abraço, dou por encerrada a minha parte! lol Pode parecer que não, mas foi um prazer!

Grande abraço,
Francisco Vale
Fitacola

André Forte disse...

Francisco,

o facto de não querermos ser profissionais não quer dizer que não se faça um trabalho sério :) Mas sobre o texto não tenho muito mais a dizer. Depois o Pita vem cá falar sobre isso, que, afinal, foi ele quem o escreveu. Mas não consigo achar que encontres uma crítica sem a opinião de quem a faz; a crítica é uma opinião mais analítica sobre algo. Podes é não encontrar no tom mais 'folgado' e 'divertido' com que escrevemos aqui - digamos que o nosso sentido de humor não é o melhor.

E ainda hoje gosto de bandas conhecidas (ou não ^^, eu nunca vi um concerto sem ninguém na assistência, por isso as bandas que ouço não me são exclusivas nem são melhores por serem pequenas; até mereciam mais atenção), só que não as ia dizer ali. Estragavam-me o exemplo :P ahahahaha! De qualquer forma, um leitor assíduo do blogue ia ver que essas bandas da cepa torta são mais a nossa onda. Esse também é um dos problemas da Internet: nem sempre te aparece o conteúdo todo das coisas e seria enfadonho tanto para nós como para quem vem cá normalmente estarmos sempre a dizer que isto é a nossa onda ou aquilo não é - quando, também se diga, nos é muito difícil termos ondas aqui; nós ouvimos de quase tudo ^^

E, acredita, compreendo bem quando dizes que ficas lixado quando te passam por cima. Ando a tentar organizar uns concertos e, garanto-te, já me começaram a lixar :P eheh. Mas isto é para andar para a frente (e tem sido esse o vosso espírito, também)!

Mas acho que não tens de te preocupar. As pessoas que normalmente passam aqui não ficaram com a ideia errada de vocês. Como te expliquei, quem anda aqui já sabe com o que conta ^^

A ver depois aquilo que o Pita tem a dizer :)

Abraço, Francisco!

António Pita disse...

Julgo que será mais fácil começar isto se explicar mais detalhadamente e sem floreados linguísticos aquilo que quis dizer; há, de facto, uma crítica negativa no texto que eu escrevi. Mas há também indubitavelmente uma focagem que julgo ser maior nas virtudes da banda, quando refiro que têm uma bela "capacidade de aquecer uma sala e de ter uma espectacular interacção com o público.", e que possuem "orelhudos refrões". A crítica às letras passa simplesmente pela minha opinião pessoal, que é tão válida como qualquer uma. Há umas que aquecem mais a barriga, mas no fundo é um Homem a apreciar uma obra de arte com a subjectividade inerente a esse acto.

Quando à questão da publicidade, que acho que é o que mais comixa neste post, passa também por uma visão da realidade que é também minha. Como o André já disse em cima, a crítica - no fundo, a opinião - é indissociável de isso mesmo. E julgo ser uma visão simples a minha - simples de mais? será eventualmente. Ao aceitarem o apoio dessas marcas, ou de outras, associam o vosso nome a essa mesma marca. Passam a ter um compromisso, que pode ser feito de muitas formas, mas que vos liga efectivamente à marca X. E a minha perspectiva é que uma pessoa, ou um grupo delas, ou, no caso que para mim é ainda mais premente, um artista, não deve ter essa ligação. Porque não tem um significado e portanto não acrescenta nada ao acto artistico. E vive dele.

Julgo que ao sucesso da banda é compreensivel que não dirijo nenhuma crítica aos Fitacola. Quando falo do "sucesso possível num país como Portugal" refiro-me particularmente aos apoios institucionais que deveriam apoiar a arte, desinteressadamente e com a principal caracteristica de ter qualidade.

Tudo aquilo que digo não pode ser levado como o insulto às pessoas que são os Fitacola. Acho que posso dizer que conheço o Diogo e seu perfeitamente que não é um vendido - como perceberam que eu disse - ou uma pessoa menos séria ou com menos amor por aquilo que faz.

Epá posso ser ainda um daqueles gajos que acha o dinheiro uma coisa um bocado suja e ter uma visão utópica daquilo que se pode realmente fazer e ter nestes mundos. Mas tenho noção das coisas. E sei que vocês não têm o minimo interesse em vender roupas ou perfumes ou o que seja. A imagem de algum de vocês atrás de um balcão é peculiar, no minimo.

No fundo o que tem de ficar é: o punk-rock não é a minha praia, mas aprecio o vosso trabalho. Possivelmente nem teria feito este post se assim não acontecesse; não digo que sejam vendidos, que façam o que fazem por dinheiro ou que não trabalhem no duro para fazerem o que fazem; tenho as minhas bandas favoritas e em algumas eles têm trabalhos paralelos e noutras não...e alguns têm patrocinios e ou outros não...e não é por isso que eu deixava de lhes ir apertar a mão e dizer que gosto do que fazem e que, eventualmente, os ache uns gajos bacanos e passe a gostar deles pessoalmente.

Obrigado por passarem cá e fundamentalmente por dizerem o que acham. Era mais fácil ignorar.

Parabéns e continuem a fazer o que fazem, cada vez melhor.

Abraço

António Pita disse...

E respondendo ao John e possivelmente ao Francisco:

Para além deste blog, tenho uma coisa sobre os The Mars Volta. Evidentemente que sendo uma coisa mais afunilada e que não existe com tanta frequencia é bastante frequentado. Nos últimos meses mais de 3 mil pessoas por mês e a subir. Se isso me poderia dar algum dinheiro se me preocupasse com isso? Podia. Talvez uns belos trocados já... Se poderia estar a fazer alguma coisa mais rentável nas horas que gasto para lá? - e para aqui, verdade seja dita. Podia sim senhor.

Mas não me poderiam pagar o gosto e a integridade do que tento fazer.

E por isso, tal como ao André, não me interessa.

Francisco disse...

Sim António, claro. Talvez o não queiras fazer aqui. Mas um dia vais ter de fazer alguma coisa para ganhar dinheiro.. Porque não ganhar com aquilo que realmente dá prazer? Eu percebo o k voces dizem, mas n concordo. Estudei Arte, e sou Artista em varias frentes (Musico, Designer Gráfico e Designer Industrial) e não pretendo fazer outra coisa que me possa dar o pão para viver so para não fazer da arte uma máquina de gerar dinheiro (que na prática é e sempre foi). Embora compreendendo o que vcs até agr disseram, na minha opinião isso são preconceitos. A arte é uma ciência como outra qualquer, uma ciência não exacta ao contrário das outras. Ou seja, estarmos ligados a uma marca, seja la ela qual for, não trás nenhum incomodo para nós. Muito pelo contrário, fazemos parte de uma equipa que(ao contrário do que muita gente pensa)promove, nao só a venda de roupa, mas muitas outras coisas. Para vos dar uns exemplos de apoio e ajuda, a Element patrocina eventos como competiçoes de skate (sem a qual deixariam de existir ao nível que existem..e o que seriam dos skaters profissionais portugueses sem as competiçoes? Nunca íam ser ninguem mesmo que o quisessem..), eventos de surf, e outro desportos radicais.. patrocina concertos do underground nacional e mundial (que tb n existiriam...), etc.. A nós como banda (podes perguntar tu), a nós deu-nos muitas possibilidades...ao entrarmos na equipa deles, podemos por exemplo por os skateres deles a andar num videoclip nosso, ou num concerto e associar esse concerto a um campeonato de skate promovendo os skaters e a nós..e por adiante, um novo mundo de opções para uma banda como a nossa. Não se trata so de dinheiro e roupa, trata se de inter ajuda, de promoção e de profissionalismo. Mas ha muita gente que não ve isto tao simplesmente pk n esta dentro do assunto. Posso até comparar este patrocinio a um crédito feito num banco, so que não dá...pk os gajos do banco íam querer ainda mais dinheiro do que aquele que deram e sao uns filhos da puta...e os gajos da element apenas pedem para o nome deles aparecer e sao uns bacanos lool tas a perceber?

Quem sabe se algum dia não terás de pedir um crédito..espero bem que nao!

E pronto, não esperava prolongar tt a minha parte da conversa. Muito menos partindo ela de onde partiu..de uma critica à nossa banda, mas a verdade é que estamos a falar de um assunto que me interessa e estou a gostar eheheh..

Já agora, António de onde conheces o diogo?

André Forte disse...

Bem, Francisco, metendo-me um pouco, eu tenho uma razão simples para não querer depender daquilo que me dá prazer para sobreviver. Mas antes de ir lá, deixa-me só distinguir sobreviver - que é o que fazemos com o trabalho, ganhamos um ordenado para poder garantir o mínimo - e viver - que é o que nos dá realmente prazer viver e que não é um lazer, é algo que cada vez mais não tem espaço nas 24h de cada dia e que deveria ser ao contrário...

Posto isto, eu não quero depender daquilo que me dá realmente prazer para sobreviver. Quando a situação apertar - e no nosso caso, tomo a liberdade de o pôr assim, vai apertar - vai deixar de ser um prazer, vai passar a ser um trabalho como outro qualquer e que está totalmente dependente dos outros para garantir a minha sobrevivência. Prefiro viver do que me dá prazer, ou seja, aproveitar esses momentos sem condicionamentos exteriores da melhor forma que seja possível.

Por isso te digo que não quero ganhar dinheiro com este blogue ou com os projectos que ocupam o tempo livre que tenho da luta pela sobrevivência.

Compreendo perfeitamente o que dizes, só que eu não consigo misturar essas situações pela razão que te apresentei acima: quero que o prazer dure o máximo possível com o máximo de intensidade. Acho que o António está de acordo com isto (se não estiver ele manda a sua papaia).

Abraço!

António Pita disse...

Estou de acordo com o André disse num Mundo Ideal (olhai o trocadilho) e compreendo que varie de pessoa para pessoa. Por exemplo, quando crio alguma coisa - não música, não sei fazer isso com pena minha - acaba por ser sempre um processo um bocadinho doloroso, do qual só tiro partido no final, quando está pronto. Não propriamente ver ou ler o que fiz mas a sensação de que pronto, ufa, já está. E portanto, imaginemos esta situação: faço um videozitos, ponho isso na net tal como a música e vem um gajo dizer que lhe faça um video e que me paga. Epá ok. Escrevo umas coisas e alguém quer lançar aquilo e por à venda. Não me agradaria tanto por outras razões mas pronto, olha, seja.

Claro que isto idealmente não aconteceria, mas o artísta não tem apoios suficientes para a sua sobrevivência e deve poder ganhar alguma coisa com a sua criação. Se não conseguir suficiente para comer, arranja um 9 às 5. Continuo a dizer, embora seja estritamente pessoal, a publicidade faz-me muita confusão. É talvez daquelas coisas que podem mostrar que as pessoas são de praias diferentes...Eu sou mais de do it yourself, organização familiar, espaços pequenos e a cair...Uma coisa da cepa torta. Orgulhosamente cepa torta.

De onde conheço o Diogo? Ele é do tenis, como é sabido, e tenho um belo amigo que também por lá anda. É o Gas =D