quarta-feira, outubro 27, 2010

Warpaint

Vi estas raparigas há uns valentes meses em Aveiro e, bem, a minha atenção tem estado cravada nelas desde então. Confesso que na altura tive muito medo do que vinha aí (até porque se passou em contexto de festival e havia razões para ter algum medo, principalmente porque só conhecia a Scout Niblett — no entanto, só tive uma desilusão).

A verdade é que não demorou muito até perceber que ia ser um concerto do caraças. E foi mesmo. Tocam todas bem, fazem malhas boas e, acima de tudo, fazem cenas psicadélicas e cheias de feeling.

As Warpaint são daquelas bandas da NME consideradas a next-big-thing (uma óptima razão para se ter medo). A verdade é que desta vez, a NME acertou e escolheu uma banda mesmo boa. Há sempre uma grande probabilidade de ninguém se lembrar mais destas raparigas, mas nesse caso ouviram o single do novo álbum e pouco mais.

Uma amostra de música fofinha e boa como o cacete:



Mas claro, não há como ver as coisas com qualidade. Para isso, aconselho uma visita AQUI.

Pode parecer exagero, mas The Fool, o álbum de estreia destas raparigas, está nos melhores do ano.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Headbanging, essa coisa do hip hop

Não posso deixar de reagir a ESTE post do MetalSucks. A verdade é que se isto pega, os concertos de Black Metal não serão a mesma coisa.

Fora isso, é só curioso ver que se calhar não é preciso assim tanto treino para fazer a coisa bem. Se uma criança de nove anos consegue...

(de resto, serei o único a achar estranho que a voz da rapariga se pareça incrivelmente com a da Rihanna? Tenho de duvidar da idade de qual delas?)

quarta-feira, outubro 20, 2010

Master Musicians of Bukkake foram ontem ao Porto e...

...Ontem aconteceu o concerto do ano. Coincidência? Só vendo (imaginando a versão tripeira da coisa, que não aconteceu na ZDB, como é lógico):



E isto é só uma amostra muito pequena do que aconteceu. Se o vídeo tivesse mais uns quinze minutos ainda se apanhava a grandiosa Schism Prism/Adamantios em que as duas baterias se impuseram às distorções mega-graves para fazer uma verdadeira música doom-progressiva-oriental (se é que esta nomenclatura ridícula é sequer possível).

Acima de tudo, foi uma noite em que nunca a vertente performativa minou a música (e é por esse pequeno pormenor, pela música, que se deve ir ver um concerto). Pelo contrário, faziam tanto sentido as duas juntas que... não seria Master Musicians of Bukkake se não fosse assim.

Na verdade, acho admirável que estes tipos tenham a humildade de se auto-proclamarem como Master Musicians. Parece pouco.

terça-feira, outubro 19, 2010

Fora de contexto o Elton John é mais fixe

Vou descontextualizar completamente uma frase do Elton John e fazê-la valer pela minha opinião: "A pop contemporânea não é muito inspiradora."

Dito isto, podem ver o contexto AQUI e, como eu, ficarem tristes, ou ficarem simplesmente confusos.

sábado, outubro 16, 2010

E não é que falta cada vez menos para Master Musicians of Bukkake

O tempo passa, que surpresa. O meu entusiasmo com a descoberta é tanto que vou dizer que este será o concerto do ano.



Já no próximo domingo na ZDB e na terça no Passos Manuel. Hellz yeah!

terça-feira, outubro 12, 2010

As boas novas de Men Eater

MenEater Teaser 2010 from John Filipe on Vimeo.



Esta malha fala por si, parece-me. Gosto de perceber que a qualidade dá ares de quem se vai manter pelos lados destes senhores.

Mais uma entrevista a Albini

Esta vem por sugestão na caixa de comentários. E vem bem bem. Ora vejam:

"(...)
E qual é a sua conexão com o pessoal do ATP? Você é algum tipo de conselheiro?
Não exatamente. Sou amigo há bastante tempo do Barry e da Debbie, as pessoas que organizam o ATP, e temos uma antiga associação com o festival. Tocamos no segundo ano, e depois fomos curadores de outra edição. Nós tocamos basicamente todas as vezes que eles nos convidam. O ATP é de fato notável. Eles mudaram a maneira como os festivais funcionam, no mundo inteiro. Antes do ATP os festivais eram desses eventos deploráveis só voltados para o lucro, e todas as bandas associadas que tocavam o faziam por alguma razão estranha voltada para o lucro. Ninguém realmente achava que os festivais tinham alguma personalidade. Era somente um caminho para fazer dinheiro fácil durante uma turnê. Ou bandas menores que não eram muito conhecidas usavam os festivais como uma forma de gerar algum interesse na banda, e eles ainda eram obrigados a pagar para tocar em alguns desses festivais. A coisa toda era institucionalizada e bastante desagradável. O ATP de fato mudou tudo. Ter uma banda escolhendo outras bandas, como curadores endossando as outras bandas, e tendo o dinheiro distribuído de uma maneira igualitária entre as bandas, e tendo as bandas e os patrocinadores convivendo juntos de uma maneira mais social… é totalmente único. Isso realmente mudou a maneira como os festivais são organizados. Como o ATP teve sucesso fazendo isso, todos os outros festivais tiveram que melhorar e providenciar uma maior variedade de artistas. Tiveram que tratar melhor as bandas, serem mais igualitários na maneira como as bandas e os patrocinadores são tratados. Eles realmente forçaram outras pessoas a competirem com eles. Tenho muito respeito por isso.

(...)

Você mencionou algo sobre bandas pagarem para tocar em festivais. Nós temos uma grande discussão no Brasil, de bandas que bancam para tocar em festivais, enquanto outras acham isso errado.
Isso é utópico. Um festival deve ser organizado de uma forma que bandas que as pessoas gostariam de ver são apresentadas para as pessoas que gostariam de ver as bandas. Se alguém está pagando para tocar significa que existe um critério diferente envolvido, e instantaneamente me faz suspeitar do festival. Me faz achar que há algo fundamentalmente errado. Não necessariamente acho que as bandas que estão pagando para tocar estão fazendo algo errado, só estão fazendo algo tolo. Mas não coloco alguma consideração moral ou ética nisso. Acho que elas estão fazendo algo tolo porque elas estão pagando por algo que elas deveriam estar recebendo. E elas também estão se apresentando para um público que não gosta delas o suficiente para pagar. Então elas estão fazendo um show que talvez não valha a pena fazer, gastando dinheiro pelo privilégio de fazer um show que não vale à pena. É tolo, mas não necessariamente algo eticamente ou moralmente errado. Quem promove, o pessoal que está aceitando esse dinheiro, estes sim estão fazendo algo eticamente errado.

(...)

O que você acha de jornalismo musical? Eu estava lendo o fórum do Electrical Audio e vi um post seu com opiniões bem fortes sobre o tema.
Bem, o problema com jornalismo musical é que ele é publicado em um jornal como se fosse jornalismo de verdade, mas no qual os padrões profissionais do jornalismo não se aplicam. Em um artigo normal, se um repórter publica algo fundamentalmente incorreto, como o nome do prefeito ou de um esportista famoso, ele é demitido. Não é aceitável no jornalismo convencional encontrar fatos simples apresentados de maneira errada. No jornalismo musical, ninguém se importa. Você pode publicar um monte de coisas erradas e só rola um: “ok, não tem problema, não importa”. Não é levado a sério. Jornalismo musical não é levado a sério como jornalismo nem pelas pessoas que o praticam, nem pelas publicações que o usam. Então, um monte de informação errada é publicada e acaba virando registro histórico. Se alguém escreve algo incorreto em um jornal ou em um website e depois dez outros jornais ou websites fazem referência a essa informação errada, isso se transforma em algo inconcreto, e dali para frente vira história. E eu acho isso terrível, porque existe jornalismo de verdade que poderia ser feito. Tem um monte de assuntos que tem a ver com música. Por exemplo, o que você descreveu, de bandas pagarem para tocar em festivais, ou festivais aceitando dinheiro do governo e sendo tão ineficientes que não podem pagar as bandas, isso são pautas para jornalismo de verdade. Alguém deveria escrever sobre isso. O público de música se interessaria por isso. Poderia ser jornalismo de verdade. Mas ninguém está escrevendo esses artigos. Ao invés disso eles estão escrevendo coisas como o que essa pessoa está vestindo, ou que tipo de maquiagem esse outro está usando, quem está namorando com quem ou quem usa drogas, essas coisas. Isso é merda, pura merda. E mesmo nessa área limitada de merda, jornalistas musicais podem publicar erros fundamentais que ninguém se importa.

Eu tenho amigos jornalistas e o que eles dizem de publicar artigos estúpidos, como o que as pessoas vestem, acabam tendo mais leituras. Eles acompanham os links nos sites e portais e esses artigos são sempre os mais lidos. As pessoas realmente querem saber o que os outros estão vestindo.
Não existe nenhuma lei que diz que jornalismo deve ser feito para as pessoas mais estúpidas do mundo. Se o seu jornalismo é feito para atrair o máximo de pessoas de algum tipo para lerem o que você escreve, então não há razão para fazer algo específico em música. Porque se você escrever sobre outra coisa, então mais pessoas vão ler. Se você escrever sobre a Copa do Mundo, mais pessoas vão ler do que sobre música, então por que você está escrevendo sobre música? Se você decidiu que quer escrever sobre música, essa é uma decisão sua não baseada no que é mais popular. Então você tem uma obrigação de levar isso a sério, porque você escolheu escrever sobre música. O argumento de que isso é mais popular, “é isso que as pessoas gostam”, não significa nada para mim. Porque o que é popular, o que as pessoas gostam, é de McDonald’s, Coca-Cola. Isso é popular. Mas não é necessariamente a melhor coisa para comer ou beber. E se você escrever sobre comida, talvez você deva escrever sobre as melhores comidas que as pessoas podem comer ou beber, ou dizer que tipo de problema elas teriam se elas só comessem McDonald’s e tomassem Coca-Cola.
(...)"

segunda-feira, outubro 11, 2010

Não se pode dizer que o Trent Reznor seja preguiçoso

Bem pelo contrário, o homem vai ficando velho, mas tem a energia de lâmpada eléctrica. Piadas parvas e inventadas agora de parte, não é só a tal banda sonora para o filme sobre a tal rede social que o Trent Reznor tem feito. Fê-lo, é verdade, e fê-lo muito bem.

Mas, sobre isso, tem dado entrevistas (como ESTA) e mostrado o seu charme da melhor maneira possível.

E não só! Ainda conseguiu convencer a HBO de que Year Zero era uma história do arco da velha! Ou seja, teremos uma mini-série sobre o tema do álbum, o que me parece fantástico. Principalmente porque, deste blogue, acompanhei o fenómeno como alguém que não tenha mais nada para fazer faria. Escrevi mesmo algo a resumir a situação da altura AQUI (sim, dou-me ao luxo de me citar a mim mesmo. Posso desculpar-me com Hitchcock?).

sexta-feira, outubro 08, 2010

Entrevista a Steve Albini

A coisa foi feita na GQ e tem um título fantástico: Punk Pioneer Steve Albini on Music Festivals, The Future of Radio and Why He Wants GQ To Fail.

Parece-me muito bem e a coisa está toda disponível AQUI.

Façam bom proveito.

Há mais uma malha nova de Intronaut!

Bendita Stereogum, que nos traz estas coisas. Chama-se Core Relations e tem muito de Intronaut e menos matrecada metaleira. Parece mais contemplativa.

Não é fácil dizer o que vou dizer, mas começo a achar que este Valley of Smoke vai ser melhor do que o grandioso Prehistoricisms. Não?

segunda-feira, outubro 04, 2010

O raio destes japoneses...

...estão sempre a fazer coisas que me agradam. Começo a achar inevitável que o número de bandas nipónicas que me fascinam seja crescente. Porque é, indubitavelmente.

No Milhões de Festa deparei-me com uns loucos Bo Ningen (que diziam ser de "Urondon"), que me levaram numa viagem fantástico.

De há uns meses para cá, tenho vindo a ouvir uma coisa menos fantástica, mas mesmo bem feita, com feeling, pormenores... É aquilo que muita gente chamaria de "rabetice," mas todos nós temos um lado sensível e eu sou muito apologista de o desenvolver (e conservo as minhas razões para mim mesmo).

Os dois álbuns que ouvi de ent (uma banda sonora e o Welcome Stranger, de resto, os únicos que acho que o rapaz editou) conseguiram, de forma fofinha, levar-me a repetir audições com muito prazer. Acima de tudo, é uma audição a levar-se até ao fim. Ele é malandro e guarda sempre o melhor para o meio.

O raio destes japoneses... eles sabem o que fazem e pronto.

domingo, outubro 03, 2010

A tourné de GY!BE vai passar aqui ao lado...

... por Barcelona no dia 29 de Janeiro e por Madrid a 30. Isto, claro, além de todas as outras datas pela Europa que já agendaram, e além da tripla actuação num ATP com um cartaz brutal.

Esta é uma óptima oportunidade para ver os "maestros da nossa geração," como alguém aqui do blogue já havia, e muito bem, dito.

Portanto, os planos para uma verdadeira romaria estão na mesa. Quem quiser só tem de dar notícias.

(Ou podiam sempre surpreender-me e trazer Godspeed You! Black Emperor a um Coliseu.)