terça-feira, novembro 21, 2006

Olhos de Mongol

E finalmente consegui o tão esperado álbum! “Olhos de Mongol”, dos Linda Martini, vai fazer um mês que já saiu. Estava-me atravessado ainda não ter acesso a nada (com excepção do primeiro single, que está no Myspace) do último trabalho deste rapazes e rapariga que aprendi a respeitar.

A “Cronógrafo”, o primeiro single de “Olhos de Mongol”, pareceu-me muito desenquadrado daquilo que se conhecia do EP e, admito, custou-me a entrar. Mas, bem ouvidas as coisas, mostra a maturidade que a banda atingiu nos últimos tempos. Linda Martini escreveram o próprio destino e largaram o Post-Rock pura e imaculadamente fiel às origens.
O Post-Rock deles é, agora, dotado de uma sonoridade muito própria. O que conseguiram extrair das músicas experimentalistas foi o próprio experimentalismo e exploração das músicas. Mas sente-se aquilo que me parece ser uma recuperação das raízes, um peso e balanço algo característico. Há coisas que não se esquecem, mas os Linda Martini lembraram-se da melhor forma.

O álbum está, no mínimo, muitíssimo bem conseguido. O equilíbrio entre as músicas, o alinhamento... está o que me parece ser evoluído – que perfeito é um conceito discutível. Não há um único momento de quebra ao longo dos mais de 40 minutos de música; há, sim, as típicas ambiências que só são possíveis de conseguir de certa maneira, ou seja, com um ritmo menos acelerado – apesar dos contratempos da bateria – mas que não conduzem a um marasmo, muito pelo contrário, tornam a sonoridade mais envolvente.

"Olhos de Mongol" vale a pena, muito sinceramente.

sábado, novembro 11, 2006

Mindweep

Esta banda foi formada em finais de 2004 e todos os seus membros são provenientes da grande cidade de Coimbra.
Conhecendo-os a todos pessoalmente, venho dar um jeitinho a estes quatro rapazes que recentemente lançaram uma maquete, com quatro faixas originais gravadas com Márcio Silva. A música compreende-se como rock alternativo com grandes influências de Muse, mas cada um pode desenvolver a sua opinião fazendo uma pequena visita ao Myspace da banda e ouvir a quatro faixas presentes na maquete. A banda é formada por Ricardo Ferreira (baixo, teclas e 2ª voz), Sérgio brito (bateria/percursão), Rui Lopes "buga" (guitarras, teclas e sintetizador), Rui Amaral "zé fumaça" (voz). Pessoalmente, espero grandes coisas desta banda, pois venho a acompanhar este projecto praticamente desde do início. Tenho um grande respeito por todos eles como músicos e desejo-lhes a melhor das sortes na aventura que iram seguir no mundo da indústria musical.

"the mind weeps for evolution!!"

Espero que gostem

terça-feira, novembro 07, 2006

Tool + Mastodon @ Pavilhão Atlântico

Antes de adiantar seja o que for sobre o concerto, deixo uma forte critica à organização do evento que fez mais de metade do público perder grande parte da actuação de Mastodon ou mesmo a totalidade desta. Para além da abertura das portas ter sido imensamente tardia, as filas, por causa das excessivas revistas realizadas pela segurança (com uma muito grande possibilidade de ter sido exigida pelos Tool), não avançavam, pura e simplesmente.

Tentativa de mostrar as intermináveis filas...


Como já referi, o concerto de Mastodon foi “boicotado”, mas eu tive a sorte de apanhar as duas ultimas músicas. Só fiquei ainda mais frustrado por não ter visto o concerto no seu todo. Mastodon – cujos álbuns são obras que eu respeito imensamente pelo trabalho técnico da banda, quer individualmente, quer em conjunto – surpreendeu-me, pois o concerto mostrou-se extremamente vivo. Algo que não era de esperar, tendo em conta que as músicas são extremamente técnicas e muito trabalhadas, podia tornar o concerto bastante enfadonho e tal não aconteceu. Muito pelo contrário, não só a banda me pareceu muito enérgica e animada, como as músicas bastante melhores ao vivo do que eu esperava. O som estava imensamente bom – outra surpresa – , som que nem estava preparado para eles e que tinha como principal obstáculo o espaço (tão conhecido pela má acústica) e a própria sonoridade da banda, cheia de distorções.

Depois vem a eterna espera que precede cada concerto de Tool. Por hábito, culpa-se sempre Maynard James Keenan, o vocalista da banda, que é conhecido pelo seu feitio de perfeita rock-star, mas toda a banda é extremamente perfeccionista e isso reflecte-se claramente nos concertos, todos muito bem programados. Cada música, cada minuto, cada segundo todo sincronizado com os próprios contratempos, tão característicos na musicalidade dos missionários do prog-metal actual. Por regra, nada falha num concerto de Tool. Este não foi excepção.

Entram Danny Carey, o senhor baterista, Adam Jones, o senhor guitarrista, e Justin Chancellor, o senhor baixista. Maynard demorou-se na entrada.
Começa Stinkfist. Toda a audiência sabia as letras, e menos não seria de esperar. O pavilhão Atlântico, bastante cheio, mas não completamente, fazia-se ouvir, quase se sobrepondo aos próprios instrumentos. Um início mais brutal ou violento era impossível; foi um início perfeito para o concerto que se avizinhava.

Seguiu-se The Pot, do novo álbum, 10.000 Days, precedida de um alegre “Goodnight Portugal” do vocalista, que, mais uma vez foi entoada em uníssono pela audiência. Maynard ajudou ao espectáculo permitindo o sing-along e criando um grande compasso de espera até que se retomasse a música, criando um grande ímpeto. Mais uma vez, há que referir a grande propriedade de tudo estar programado e ensaiado ao milímetro num concerto de Tool: o baixo entrou, em grande força (e com um grande ovação), precisamente ao mesmo tempo que a voz – e não se esperava menos que isso.
Depois, veio Forty Six & 2, outro dos grandes clássicos da banda. O solo de bateria de Danny Carey, que no álbum soa incrivelmente genial, ao vivo soa ainda melhor, porque realmente o senhor mostra que sabe tocar, e muito. Contratempo seguido de contratempo em contratempo com o anterior contratempo… é a única forma que encontro de descrever o que acontece naqueles últimos 2 estonteantes minutos de música.

Jambi veio fazer perdurar todo aquele sentimento até a um interlúdio repleto de ambiências negras: era a vez de Schism, muitíssimo aclamada por toda a gente. Com um baixo no mínimo característico e em grande destaque.
Entretanto, a setlist mostrou um pequeno boicote, e o concerto perdeu bastante todo o poder que tinha sido cultivado pela banda até então, caindo mais na técnica, com a banda a abusar dos efeitos (todos excelentes, sem qualquer dúvida) dos seus instrumentos. Mas há um merecido destaque para os efeitos de luzes, que estavam, no mínimo, muito bons e sempre sincronizados com as características imagens que passam nos ecrãs do palco. Desde lazers, aos típicos holofotes, ainda com projectores ascendentes e descendentes e mesmo a imagem do 10.000 Days bem acima dos ecrãs… tudo muito bem estudado.

Fizeram, então, a pausa mais interessante a que já assisti: uma pequena reunião de grupo no centro do palco, em que picaram um bom bocado os fãs, fazendo-os cantar, levantar isqueiros e telemóveis…
Lateralus marcou o retomar do concerto, seguida de um estranho discurso sobre uma tarde de sol, em pleno o verão, em que Maynard mostrou a boa disposição com que estava.
Vicarious e Aenima acabaram, então, o concerto de em grande força, com ovações incessáveis e ensurdecedoras. O público pedia o encore, mas os Tool já deixaram de os fazer.
O concerto foi bastante longo para as 10 músicas tocadas, o normal para um concerto de Tool. Apesar da produção do concerto estar mais trabalhada, no SBSR a banda teve uma setlist ligeiramente diferente e que na altura me entrou bastante melhor; mas festival é festival, não é sequer uma boa medida de comparação.

domingo, novembro 05, 2006

Muse\ Hopes and Expectations Black holes and revelations

Matthew Bellamy(Vocalista\Guitarrista) , Dominic Howard(Bateria) e Christopher Wolstenholme(baixo) decidiram fazer uma pausa na sua tour de Espanha, e dirigiram-se à nossa capital, para deixar a marca do seu novo álbum, Black Holes and Revelantions, no nosso pequeno país, 2 anos após a sua última visita a Portugal, no festival Super Bock Super Rock.

O concerto foi realizado no renovado Campo Pequeno, que demonstrou ser um palco perfeito para qualquer tipo de espectáculo musical. Para abrir o apetite dos milhares de fãs, a banda britânica convidou os espanhóis Poet in Process, que demonstraram grande à vontade em palco. Uma Senhora vocalista, Lynne M. Proctor, a liderar, com uma energia estupenda que levou a plateia a aplaudir efusivamente a promissora banda da Catalunha.

Mas o momento pelo qual, todos esperavam chegou apenas meia hora depois, com o véu a cair e Bellamy e companhia a aparecer dando início ao espectáculo com a primeira faixa do novo álbum, “Take a Bow” – o britânico não deixou de fazer o seu papel de entertainer e fez uma vénia a todos os presentes, que deixou o publico em êxtase, todo acompanhado por arranjos tecnológicos e pirotécnicos sensacionais, que já são imagens de marca da banda.
Os Muse revelaram logo de seguida que não vinham a Portugal apenas para promover o seu mais recente trabalho, com o arranque do baixo de “Hysteria”. O concerto prosseguiu ao mais alto nível, com Bellamy a levar a plateia ao rubro com solos de guitarras pouco explorados, mas que deixaria qualquer fã da banda em delírio, e com músicas como “Stockholm Syndrome”, “Muscle Museam”, “Plug in Baby”, “Citizen Erased”, “Bliss”, fazendo sempre intervalos para se dirigir ao piano, a fim de fazer os tão esperados solos de “New Born”, “Apocalypse Please”, "Butterflies and Hurricanes”.

Finalizando, o concerto soube a pouco: palco pequeno, solos pouco aproveitados (tirando a um pequena intro com roadhouse blues dos The Doors), apenas menos de duas horas de concerto, mas os Muse provaram ser uma banda muito profissional, marcando presença somente com o objectivo de garantir que o público tivesse uma noite em grande com a sua música, e os Muse conseguem-no com uma facilidade louvável.

E Bellamy… Matt Bellamy simplesmente não desafina!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Ao vivo a partir de uma galáxia longínqua…


Lisboa acolheu quinta-feira 26 de Outubro, os britânicos Muse num concerto de apresentação do seu novo álbum intitulado “Black Holes And Revelations”. Após Ilha do Ermal, Aula Magna, Hardclub, Festival Sudoeste e Super Bock Super Bock, os Muse apresentaram-se pela 6ª vez em terras lusas, protagonizando o primeiro grande concerto no Campo Pequeno, após a recente restauração e remodelação desta praça de touros. Com lotação esgotada, o recinto acolheu cerca de 6900 pessoas, distribuídos pela plateia (arena), bancadas e galerias.

Poet In Process

A abertura do concerto ficou a cargo dos espanhóis Poet In Process, oriundos de Barcelona, cuja escolha se perpetuou para a abertura de outros 5 concertos da banda inglesa na actual tournée. O quarteto espanhol ficou desde o início bastante limitado, devido ao escasso palco a que teve direito, uma vez que o restante palco estava interdito por um pano negro, encobrindo o palco que os Muse tinham preparado para este concerto. Desde cedo que os Poet In Process não foram muito bem recebidos pelo público português, que estava impaciente para ver o concerto que o trio britânico tinha preparado. Apesar do público difícil, os Poet In Process conseguiram tocar um concerto mais ou menos coeso, não obstante a reacção que estavam a obter dos espectadores. Isto deveu-se em grande parte à energia e sensualidade em palco da vocalista Lynne Martí, que se destacava na banda pelo seu carisma. Quanto à qualidade dos temas apresentados, Poet In Process revelaram-se fraquíssimos, especialmente na clara falta de talento e entusiasmo de todos os membros da banda, à excepção da vocalista. O público viu os hispânicos partir da mesma forma que os viu a entrar: com indiferença e desdém.

Muse

Com mais um álbum na bagagem, os rapazes de Teignmouth apareciam desta vez em Portugal com uma panóplia de temas mais alargada, mas, estando incluído na tournée do novo álbum, o concerto iria incidir mais nos temas do novo álbum.
Após a partida dos Poet In Process, passaram-se cerca de trinta minutos, que se revelaram exasperantes para os fãs mais ávidos. Tudo o que se passava por detrás do pano negro era um mistério para aqueles que aguardavam impacientemente o aparecimento da banda inglesa. Assim que o pano negro desceu, a curiosidade e estupefacção estampou-se em todos os rostos presentes no Campo Pequeno. O palco arrojado levou algum tempo a ser totalmente assimilado pelo público, que o perscrutava de uma ponta à outra, à procura de alguma coisa que tivesse escapado até ao olho mais atento. No background, um painel de luzes gigante. À esquerda, uma pirâmide octogonal invertida também ela revestida por um painel de luzes.
Abrindo com um tema que em 2004 era apenas um interlúdio de piano usado em concertos (Take A Bow), os Muse estavam incompletos: pisavam o palco apenas o frontman Matt Bellamy e o baixista Chris Wolstenholme, que eram os únicos membros necessários para tocar o início do tema de abertura. No entanto, segundos antes da música atingir o clímax, Bellamy, iluminado por múltiplos holofotes, saudou o público com o seu tradicional braço estendido para o infinito e a estranha pirâmide elevou-se no ar, ficando à mostra o que se encontrava escondido no seu interior: o baterista Dominic Howard, que acompanhou a banda a partir daqui, fazendo deste um dos pontos altos do concerto. A partir deste momento, o concerto fluiu de uma forma natural e harmoniosa, encaixando todas as músicas da melhor forma, intercalando, por vezes, com fantásticos improvisos e riffs por parte do talentoso Matthew Bellamy. Exemplo disto foi quando Bellamy brindou o povo português com excelentes performances no sintetizador inserido na sua guitarra.

O trio britânico não fugiu à temática do concerto e fez o que se esperava: uma promoção do seu novo álbum e, portanto, nove dos dezanove temas tocados fazem parte do último trabalho da banda. A actuação dos Muse decorreu sem qualquer tipo de falhas, mostrando o profissionalismo e talento de todos os membros da banda. A comunicação verbal com o público foi escassa, tendo sido Dominic quem falou mais com os fãs, mas Bellamy foi aquele que, com saudações e outros tipos de gestos simbólicos, estabeleceu a comunicação perfeita com o público.

Destacaram-se os singles do novo álbum, Supermassive Black Hole e Starlight, ao som dos quais a plateia enlouqueceu, e também os temas Plug In Baby, Hysteria, Butterflies & Hurricanes, New Born, Time Is Running Out, entoado pela multidão ensurdecedora sobrepondo-se à voz de Bellamy, Muscle Museum (única música do álbum Showbiz tocada no concerto) e Forced In, tocada pela banda de volta da bateria de Dominic enquanto na pirâmide flamejavam labaredas. O encore teve três músicas, fechando o concerto em apoteose com Knights Of Cydonia, que já foi considerada várias vezes pela imprensa britânica como “uma das melhores faixas de sempre para fechar concertos”. Após este tema, os Muse abandonaram o palco prontamente, com a excepção de Dominic, que veio ao microfone principal agradecer, aplaudir e tecer elogios ao público presente no Campo Pequeno.

De louvar foi também toda a cenografia do concerto que, conjuntamente com os temas eximiamente tocados, enalteceu todos os momentos daquela noite, estabelecendo uma combinação perfeita entre a música e o espectáculo visual, elevando o concerto ao nível de um espectáculo audiovisual de alta qualidade. Exemplo disto foram as bolas insufláveis gigantes libertadas para a plateia, que eventualmente rebentavam levando a uma chuva de confettis, e todos os temas mostrados no painel de luzes, com destaque para a chuva de estrelas aquando de Starlight, a dança frenética de robôs ao som de Supermassive Black Hole e as letras gigantes com o refrão de Knights of Cydonia.
De parabéns está também a organização do concerto que fez um trabalho excepcional e a escolha da sala de espectáculos não poderia ter sido melhor: o look vintage do Campo Pequeno encaixou perfeitamente no estilo musical dos Muse, revelando-se um elemento essencial de uma noite perfeita.

Os Muse mostraram que continuam a fazer música com qualidade e a protagonizar espectáculos fantásticos e não apenas meros concertos, deixando indubitáveis marcas na memória dos presentes.

Link it to the world, link it to yourself…

Setlist:
Take A Bow
Histerya
Map Of The Problematique + Riff
Butterflies And Hurricanes
New Born
City Of
Delusion

Plug In Baby
Forced In
Bliss
Apocalypse Please
Hoodoo
Invincible
Supermassive Blackhole
Starlight
Time Is Running Out
Stockholm Syndrome + Riff

Citizen Erased
Muscle Museum + I Want To Break Free (riff)
Knights Of Cydonia