sábado, fevereiro 24, 2007

"The Mind Weeps for evolution"...

Na noite passada, os Mindweep actuaram algures na Curia. Devo, desde já, dar-lhe os parabéns. Apesar de terem tão poucos concertos como projecto e banda, notam-se bem os calos já adquiridos (com muitos ensaios, certamente). O concerto foi muito bom - tendo em conta as condições precárias em que actuaram.

Aquilo que musicalmente, no Myspace, nos possa parecer algo menos original é totalmente refutado ao vivo. Os meninos de Coimbra mostram ter umas raízes muito mais vastas no Rock Alternativo. O concerto apresentou-os como uma banda versátil e de influências variadíssimas, nada presos a uma só referência e bastante experimentalistas, evidenciando o seu lado Post. Concluo, portanto, que há que ouvir muito melhor o que ainda só ouvi levemente (e aconselho a quem tem sede de novidade em português também o faça).

O espaço não era bom para um concerto, nem a acústica da sala ajudava. Mas nem por isso o público presente, que já conhecia a banda, deixou de mostrar o seu apoio, que era bem merecido. Apesar destas vicissitudes, a banda foi perfeita e perfeccionista no que tocou. As músicas reconheciam-se com a facilidade que o som permitia (e melhor do que eu esperava, já que o som era no mínimo horrível...) e notou-se o esforço para reparar o mal do som.
O instrumental estava fabuloso para uma banda de apenas uma guitarra, um baixo e uma bateria; nunca o experimentalismo foi posto de parte e a exploração das músicas era nítida por parte do guitarrista - e assim se revela a importância de um baixo.

A realçar, o dueto vocalista/público de uma cover de Queen (cujo o nome não me recordo - sim, talvez seja grave), em que o vocalista conseguiu mostrar o potencial da sua voz, apesar de ter sido abafado pelo público imensas vezes.

Mais uma vez, os meus parabéns aos Mindweep. Espero vê-los novamente num local melhor, para poder dar uma opinião mais fundamentada sobre a banda (e com fotos) - que para ouvidos mais treinados ou calejados se mostrou esclarecedora nesta pequena amostra.


PS: Peço imensa desculpa pela insistência na má ou péssima qualidade do som e da acústica da sala. Mas só quem lá estava sabe e percebe o quão má era... indiscritível, mesmo.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Sempre Nine Inch Nails!

Os NIN estão por detrás da melhor campanha de marketing da história da humanidade. Não digo isto por gostar da banda, a realidade é que só passei a admirar o génio de Trent Reznor, na sua totalidade, depois de assistir a tudo o que se passou.
A Realidade é que a história em si é extremamente complexa e eu não conseguiria explicá-la toda - iriam faltar pormenores e pormenores, todos eles importantes. Em vez disso vou-vos deixar os sites para que consigam perceber o que se passa.

Deixo-vos um aliciante, também: Foi encontrada uma pen, numa casa de banho do Coliseu, com uma música inédita do último álbum de Nine Inch Nails. As T-shirts da actual tour de NIN têm mensagens secretas, como "I am truing to believe" e uns números de telefone...

Comprovem:
http://iamtryingtobelieve.com/
http://www.anotherversionofthetruth.com/

http://oddculture.com/2007/02/14/leaked-new-nine-inch-nails-viral-marketing/


http://www.echoingthesound.org/phpbbx/viewtopic.php?t=20265

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Bow down before the one you serve!


Após anos e anos a passar ao lado do nosso país, os Nine Inch Nails finalmente tomaram a decisão acertada de vir tocar uns acordes em Portugal, e assim, apresentaram-se em Lisboa nos passados dias 10, 11 e 12 de Fevereiro no Coliseu dos Recreios para tocar os três primeiros concertos da tour mundial de 2007. Trent Reznor apresentava-se assim pela primeira vez no nosso país, para o deleite dos fãs que finalmente punham fim a um jejum que lhes parecia eterno. Sábado, dia 10, as duas escadarias que davam entrada para o recinto do Coliseu mostravam o início das filas cheias de gente vestida de negro, pronta para a estreia absoluta dos NIN – não sobrara um único bilhete, era lotação esgotada.

The PoPo

Para os primeiros concertos do tour, Reznor escolheu uma banda de Filadélfia para o acompanhar: os The PoPo. A curiosidade dos espectadores variava consideravelmente face a estes americanos. Uns queriam ver os The PoPo, já que a informação disponível sobre a banda era escassa – os curiosos, portanto. No extremo oposto encontravam-se os fãs mais acérrimos de NIN, que desesperavam só de pensar que ainda iam ter de aturar uma banda desconhecida antes dos senhores do rock industrial pisarem o palco. Mal sabiam estes o prazer que estava a ser adiado…

Apesar da sua etnia duvidosa, aparentavam ser muçulmanos, e um dos vocalistas usava mesmo uma túnica. Sim, um dos vocalistas, já que a banda se diferenciou de bandas “tradicionais”, mostrando a sua polivalência e talento: era constituída por um vocalista/baterista/guitarrista, um vocalista/guitarrista/teclista, um baixista/baterista e um teclista/sintetizador.

Apesar do público um pouco desinteressado, os The PoPo conseguiram captar a atenção do Coliseu, comunicando de forma pragmática e simples com o público, obtendo a bênção de muitos espectadores através de múltiplos agradecimentos e elogios à grande banda que iria tocar a seguir. Apenas com um álbum recentemente editado, pouco divulgado e pouco disponível, deram-se a conhecer com o seu estilo alternativo e indie, sendo os pontos mais altos do concerto Apocalypse Blaze, London Falling e Funtimes On The Frontline. Não creio que venham a ser uma banda com grande projecção mundial, mas decerto que têm presença em palco e não será de todo desagradável voltar a vê-los por terras lusas.

Nine Inch Nails

Após a despedida dos The PoPo, a ânsia aumentava no Coliseu, e a ocasião não era para menos. Seguiram-se preparações de luzes e testes de som (guitarras, bateria, etc.) e enquanto alguns membros da banda passeavam pelo palco, o público perscrutava a escuridão à procura de Trent Reznor. O ponteiro do relógio marcava agora 22 horas e todos contavam com a pontualidade dos NIN. O ressoar dos tambores de Pilgrimage anunciou o início daquela que viria a ser uma noite memorável. Surgindo de rompante da escuridão, Trent Reznor tomou o microfone e interrompeu a intro para dar início a Mr. Self Destruct, que pôs a plateia em alvoroço imediato: foi uma questão de segundos até que se formassem vários mosh pits e o Coliseu albergasse uma profusão de braços e corpos imparáveis ao som desta abertura verdadeiramente explosiva.

Três músicas depois, deu-se o susto que acabou por se transformar num dos melhores momentos da noite. Com as luzes desligadas, houve uma pausa mais prolongada entre músicas, o que não tinha acontecido até aí. O vocalista rapidamente explicou “The usual story… fire alarm turns off the fucking power, whatever”, mas rapidamente apagou a preocupação momentânea dos inúmeros rostos que nele estavam fixos: “We don’t feel like fuckin’ around, let’s turn the house lights on and just keep playin’, fuck it! Just pretend we've got kick ass lights”, deixando o Coliseu em êxtase. Os papéis inverteram-se: a banda imergiu na escuridão e a plateia iluminou-se. March Of The Pigs começou, uma alucinante bomba que vinha da escuridão para a luz, onde se deu uma libertação de energia tremenda após o grito de Reznor “All you pigs out there, march!”.

O concerto decorreu todo ele a um ritmo estonteante, intercalando da melhor forma a agressividade com a melodia. Pode-se até dizer que foi em jeito de best of, intenso, que os NIN se estrearam em solo português, devido ao desfile de singles que foi feito ao longo do concerto (ver setlist), o que foi um verdadeiro brinde para fãs que nunca tinham tido oportunidade de ver a banda ao vivo no nosso país. Reznor resolveu também presentear os fãs portugueses com uma música que inédita em concertos (Last) e uma pertencente à banda sonora do filme Natural Born Killers (Burn).

Pretty Hate Machine, Broken, The Downward Spiral, The Fragile e With Teeth – todos eles foram incluídos no concerto de sábado. De salientar foram Something I Can Never Have, revelando a perfeição da voz de Trent Reznor ao vivo, Closer, com Reznor junto à plateia, Wish, causa de alta turbulência na plateia, The Hand That Feeds, de With Teeth, Hurt, cantada em ovação por todas as almas presentes no coliseu, e Head Like A Hole, o primeiro êxito da banda, levando-nos de volta a 1989 e finalizando um dos melhores concertos do ano.

Quanto a todo o aparato cénico não houve nada a apontar, apenas elogios a fazer: os holofotes fixos em Reznor e nos restantes membros da banda, os constantes flashes aquando das músicas mais violentas e toda a iluminação do background foram adereços muito bem utilizados. Rebentando com as guitarras, os NIN deixaram o palco, mas os fãs não desistiram, batendo o pé como se não houvesse amanhã… mas o encore não veio, com muita pena minha e do André. Após quase 20 anos ignorando os portugueses, a estreia dos NIN em Portugal não poderia ter sido melhor. Os fãs agradeceram e muitos foram aqueles que saíram do Coliseu com vontade de voltar no dia seguinte para mais uma dose destes ícones do rock industrial.


Setlist:

0. Pilgrimage (intro)
1. Mr. Self Destruct
2. Last
3. Terrible Lie
4. March of Pigs
5. Something I Can Never Have
6. The Line Begins To Blur
7. Closer
8. Burn
9. Wish
10. Help Me I Am In Hell
11. Eraser
12. La Mer/Into the Void
13. No, You Don't
14. Only
15. You Know What You Are?
16. Hurt
17. The Hand That Feeds
18. Head Like A Hole

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Nine Inch Nails - 10/02/2007

O primeiro dos primeiros concertos de NIN em território português deu-se no passado sábado. Tanto eu como o Eduardo estivemos presentes, mas falerei só por mim (como deve ser, eheh).


Bem, como começa a ser hábito, eu perdi, novamente, a banda de suporte. Desta vez, diga-se, não foi por causa da estupidez da equipa de segurança, mas não interessa.


O início do concerto foi simplesmente bombástico. Para quem, como eu, não criou expectativas para o evento, realizou-se ali o trabalho imaginário de uma semana (no mínimo) de estabelecer quão bom seria o concerto. Mr. Selfdestruct ditou como ia ser a próxima hora e meia: frenética. Músicas como Hand That Feeds, Only, Do You Know What You Are?, Head Like A Hole, Terrible Lie, entre uma pequena imensidade de outras, só comprovaram tal facto.


Muito cedo, houve alguns problemas com as luzes de palco. Os meus parabéns para quem conseguiu avariar o engenho, porque só deu o enfâse certo à música que se seguiu a esta vicissitude, March Of The Pigs - que Trent dedicou, como sempre, ao público. Mal Trent Reznor disse "We don’t feel like fuckin’ around, let’s turn the house lights on and just keep playin’, fuck it!" que as luzes do Coliseu se acenderam (cortando a pouca visibilidade que se tinha para o palco), dando um feeling perfeito aquele curto momento. Devo admitir que me questionei sobre o quão propositada pode ter sido esta situação.


Aquando do momento em que o senhor Trent se aproxima do piano e começa a tocar a famosíssima Hurt, qual não foi o meu espanto quando me apercebi que toda a gente sabia a letra. Um dos momentos do concerto, sem qualquer sombra de dúvida. Acho que nem o Johny Cash sabia que tinha uma cover de NIN.


Nine Inch Nails trouxeram a este pequeno país uma setlist a que eu me dou o luxo de chamar best of (e que o Eduardo deve especificar). Os seus maiores êxitos todos num concerto é motivo para grande honra, principalmente quando se espera uma incidência especial nas músicas de With Teeth, o último trabalho da banda. Aliás, é como disse acima, nem sabia bem o que esperar.


A realçar, como não podia deixar de ser, o Coliseu dos Recreios, a melhor sala de espéctaculos em que já estive, que ajudou imenso ao concerto. Não só a sala, como as luzes (mesmo quando avariadas)... tudo foi perfeito e dotado de uma excelente produção. O som da banda estava fenomenal, apesar da imensidade de pormenores que um álbum dos americanos pode conter, ao vivo não se sente a diferença, muito pelo contrário, torna-se muito mais envolvente (para minha grande surpresa).

NIN proporcionaram um dos que serão, com toda a certeza, os melhores concertos do ano. Mas não deixei de sentir que faltou algo de importante para tal concerto, não só por ser o primeiro, mas por todo o feeling e toda a energia que teve: um Encore. Trent Reznor e companhia deixaram o palco sem qualquer tipo de intenção de voltar, apesar de nenhum membro do público ter arrastado o pé durante 5 minutos, no mínimo. Ficou-nos a todos um vazio e a vontade de ir no dia seguinte outra vez.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Linda Martini @ fnac Coimbra (footage)

Para complementar o post de Linda Martini, ficam aqui algumas fotos.

(fotos tiradas por Eduardo Negrão e Luís Alvim)

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Linda Martini @ Fnac (3/02/07)

Não há muito a dizer, sobre um pequeno concerto, num espaço pequeno, com poucas condições... Foi um showcase simplesmente bom, bom demais, até, para um simples Showcase. Não vou abusar na adjectivação, guardo-me para um melhor ocasião, algo ao nível dos meninos de Queluz.
Infelizmente, ainda sinto que os meninos de Coimbra ainda não são mais que meninos: passaram o concerto todo estáticos, nem se mexiam. Felizmente que começou um mosh pit durante a Amor Combate para animar as coisas. E que brilhante ideia, para ajudar ao feeling, a do sing-along extremista - passarem o micro ao público ajudou imenso aquele despertar. Numa linguagem pseudo-erudita, gosto de descrever a última música, a Amor Combate, como uma orgia de fúrias.

Os Linda Martini tocaram "Este Mar", "A Severa (ver de perto)", "Cronófago", "Dá-me A Tua Melhor Faca" e "Amor Combate", sendo que esta última foi no seu encore, nada previsível.

A verdade é que sempre que vejo um concerto deles parece-me que estão cada vez com mais feeling. Estou em pulgas para um concerto a sério por estes lados, ou então terei de me deslocar até à capital para assistir a um (não que me chateie muito).
Tirámos (todos os membros do blog estiveram presentes, como não podia deixar de ser) mesmo algumas fotos e fizemos alguns videos. Algo que há-de ser mostrado. Aguardem...

domingo, fevereiro 04, 2007

Afinal...

...não são os TV On The Radio que vêm abrir para NIN. The PoPo vão acompanhar Trent Reznor na sua tour europeia. Não é uma desilusão, porque ainda não conheço a banda, mas é definitivamente um nó com que fico no estomago. Estava eu todo curioso para ver como seria o concerto dos TV, mas afinal...
Bem, não é qualquer um que abre para Nine Inch Nails, isso é uma certeza. Vamos ver como corre.


Nota: post(s) de Linda Martini na Fnac a ser(em) trabalhado(s).

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Grande Coimbra

O mês de abril (e tão longe anda ele) promete... bem, indiscritivel. Cult Of Luna e Robert Fripp na mesma semana é uma bomba, deixem-me que vos diga. Robert Fripp, que, para quem não sabe, não só era o compositor principal dos King Crimson, tocou imensas vezes com Brian Eno, Peter Gabriel, Peter Hammil e bastantes outros génios da música do século XX. Não, ele não se fez convidado, "genializou" com eles, que não lhes fica nada abaixo, diga-se, inventor de Frippertronics e outros sintetizadores bizarros que são mais usados do que se imagina e guitarrista excelente, tendo ele sido professor/mentor de uma boa percentagem dos bons e excelentes guitarristas do actual século (que são menos do que imaginamos, visto que no estúdio todos são bons). Este senhor vai-se apresentar no bom e belo TAGV com 12 dos seus alunos para deliciar quem tiver a brilhante ousadia de comprar os bilhetes - confesso que faço tenções de ser um desses sortudos - no dia 24 de Abril.
Sobre Cult Of Luna pouco há a dizer... Vanguarda do Post-Doom, um estilo ainda novo e em exploração, a simplicidade com que eles tocam mostra a sua genialidade. Melodiosamente harmoniosos e com um peso que parece impossível de compreender em tal situação. Como bons nórdicos que são, estes suecos são admirados pelos excelentes concertos, e não só pela boa música. Outro concerto que não tenciono perder (por nada, mesmo). Este vai-se realizar em Coimbra, no Cine-Teatro Avenida, com Men Eater a tocar na primeira parte (cujo o lançamento do cd vai dar um próximo artigo, pois só ouvi coisas boas daí).