terça-feira, maio 30, 2006

Dia 26, Super Bock Super Rock

Sexta-feira que passou, dia 26, dia de Super Bock Super Rock. Actuaram DaPunkSportif, If Lucy Fell, X-Wife, Primitive Reason, Alice In Chains, Deftones, Placebo, The Vicious Five e Tool. Um dia de algum peso, de grandes espectáculos e de grandes concertos.

Com alguma pena minha, perdi as primeiras 3 actuações (Primitive Reason, DaPunkSportif e Alice In Chains – este ultimo em parte, apenas). Mas suponho que a perda não foi significativa, tendo em conta, principalmente, o que vi do concerto de Alice In Chains, que me pareceu um concerto mais para os fans e pouco cativante, e tendo em conta, também, os concertos que se seguiram, dos quais eu vou falar numa ordem cronológica.

If Lucy Fell, com o seu Post-Hardcore, demonstraram atitude em palco – principalmente por parte do vocalista – e uma grande energia. É o que chamo de um “bom começo” (que ainda era de dia). O baterista – sobre o qual não me vou estender muito, visto que já falei dele, num post dedicado a uma outra banda a que pertence, os Linda Martini – demonstrou-se, como já esperava, grande; sendo If Lucy Fell uma banda muito técnica, ele provou que tem estofo e técnica para a aguentar com alguma facilidade.

Os Deftones deram um bom concerto. O baterista, de início, cometeu alguns pequenos grandes erros, e a voz do Chino Moreno não estava muito fiel ao que os cds nos habituaram. O concerto em si foi um pouco monótono, sem grandes altos, mas sem nenhum baixo. As músicas mais conhecidas acabaram por mover o publico, que, maioritariamente, conhecia bem a banda – fiquei com pena de não haver mais um refrão na Passenger. Durante a Hexagram, Chino Moreno Decidiu saltar para as grades e interagir com o público, o momento alto do concerto.

X-Wife, com um som de excelente qualidade, puseram todo o publico a dançar ao som do Electro-Rock a que nos habituram a ouvir nas rádios. Este foi um dos concertos que infelizmente só duraram 20 minutos, que pouco fica para adiantar. Espero poder ver um concerto completo e decente deles (e com um background maior da minha parte).

Os Placebo, foram para mim, a grande surpresa da noite. Uma banda que até então me deixava apreensivo, conquistou-me com o profissionalismo e com o excelente concerto que deram, que foi, indubitavelmente, o melhor da noite (farei a distinção entre “concerto” e “espectáculo” de seguida). depois do que vi deles, sinto-me na obrigação de afirmar que os Placebo são uma das bandas mais competentes do rock que se faz actualmente a nivel mundial. O pouco que interagiram com o publico foi mais que suficiente: não tirou a vontade de saltar que toda a gente tinha e colocou-nos o sorriso de quem reconhece a palavra “obrigado”, o que reflectiu o seu profissionalismo, visto que fizeram o que tinham de fazer com muita emoção e com gosto. Foram, também, a única banda com direito a um Encore – e que grande Encore. Foi um concerto electrizante, cativante, mas acabou, infelizmente.

The Vicious Five, com as suas músicas “dos putos para os putos”, contagiaram o publico com o seu enérgico Punk-Rock, tendo mesmo direito a alguns Stage Dives. O vocalista tem uns diálogos originais e irreverentes, como quem “pica”, procurando um pouco da fúria de toda a gente, uma fúria que também eles têm e expressam de forma alegre, através do Rock eléctrico e super dançável. Outro banda da qual espero ver mais do que 20 minutos.

Ora, chegamos ao melhor da noite: Tool. A banda deu um concerto infernal, simplesmente, proporcionando um espectáculo incrível. Espectáculo e não concerto, pois todo ele foi programado ao mais ínfimo e pequeno pormenor; cada batida de bateria, cada riff de guitarra e baixo, sempre acompanhado com filmes bem escolhidos, que ajudavam à ambiência que a própria musica, por si só, criava. Um concerto de emoções negras e de um peso emocional incomensuráveis, que foi apoiado pelo bom humor do vocalista Maynard James Keenan, que é conhecido pelo seu carácter de “rock-star” extramente egocêntrica; falou imenso, tendo mesmo começado o concerto com umas palavras em português, que prometeram logo algo em grande. O baterista, Danny Carey, não desiludiu ninguém, mostrando que é um dos melhores bateristas actuais, fazendo mesmo um pouco de música sozinho, apenas ele e a sua bateria. Os Tool confirmaram a sua genialidade, não só com este grande espectáculo, mas também com o seu último álbum, “10 000 Days”, 5 anos depois de Lateralus, sempre muito fiel ao estilo a que nos têm vindo a habituar, que está, musicalmente, muito bom, e com umas letras mais criticas quanto à sociedade/humanidade.

segunda-feira, maio 01, 2006

"Paisagens sónicas e experimentalismos líricos"

Eram as 22h e alguns minutos, quando me apercebi que aquela hora não seria “Efémera”, como a musica que começou, e o resto do concerto de Linda Martini.


Como disse o Tiago anteriormente, a cumplicidade deles era mais que musical – tendo em conta que já se estende desde há alguns anos, visto que os membros da banda já tocaram juntos nos Shoal, uma banda de Hardcore, que irá lançar alguns inéditos brevemente, pela editora Regulator Records.


As músicas estavam, inevitavelmente, maduras e bem trabalhadas. “Amor Combate”, “Efémera”, “Este Mar” e “Lição de Voo nº1” estiveram 2 anos para serem gravadas, passaram, portanto, por muito tempo e muito crescimento da banda.


Sobre os músicos, já tudo foi dito. São bons, humildes, conscientes e presentes. O baterista é por muitos considerado o melhor português de musica alternativa da actualidade. Não sei se vou tão longe quanto a elogiá-lo, mas é, no mínimo, a grande revelação e espero uma grande evolução da sua parte. A baixista tem uma presença muito própria, algo muito louvável. O vocalista não fala demais. Os guitarristas fazem o que têm a fazer. Principalmente, todos gostam do que tocam e não demonstraram menos ao fecharem os olhos para ouvir e sentir aquele experimentalismo e turbilhão de emoções; eu próprio me vi de olhos fechados.


Aguardamos – sinto que posso falar pelo Tiago também – impacientemente pelo álbum de estreia de Linda Martini. O EP deixou-nos muito impressionados, mas este concerto (que nos revelou algumas musicas, que não se encontram nem no EP, nem no site do Myspace, mas que estão presentes no álbum de estreia) deixou-nos simplesmente de “água na boca”.

"Paisagens sónicas e experimentalismos líricos"

No passado dia 29 fui ao concerto dos Linda Martini na Fnac de Coimbra. O público não era muito. O espaço era pequeno. A música era genial.
As palavras faltam-me quando começo a pensar neste concerto. Há muito que não via uma banda com tanto feeling e qualidade. O seu rock experimental é bastante maduro e as músicas são soberbas. Não se trata de graxismo desmedido. Eles são grandes e, certamente, vão ser enormes.
Concretamente. As músicas desencadeam em nós uma catarse de sentimentos difícil de explicar. As letras (quando existentes) são reduzidas, mas têm lá tudo e, para ser sincero, o som deles não precisa de explicações. Não são precisas explicações óbvias para tudo... Quem já ouviou o e.p. saberá certamente do que falo. Músicas como "Lição de vôo nº1", "Amor Combate" e "Este mar", são por si só explicativas de tudo o quero dizer, mas para o qual me falta argúcia e engenho.
A sua simplicidade na complexidade é outra das suas grandes qualidades. Os Linda Martini demonstraram que, tocando genialmente, não é preciso complexificar as sonoridades. Porque o belo não é necessariamente difícil ou complexo.
Quanto aos elementos da banda também há muito a dizer. Todos eles revelaram grande cumplicidade, que me pareceu ir muito para além do nível musical. Os guitarristas eram mesmo muito bons, a baixista tinha um estilo muito próprio que cativava qualquer um e o baterista é no mínimo genial. Sem nunca entar no vício de ser um metrómeno, em que muitos bateristas caem, ele estava sempre lá, no tempo certo, sem no entanto seguir o ritmo dos restantes membros. O vocalista/guitarrista evidenciou um grande àvontade em palco e, sempre que podia lá soltava a sua veia humorística, sem nunca nos massacrar com piadas parvas ou clichés sensaborões.
No dito concerto foi possível ouvir músicas como "Efémera", "Lição de vôo nº1", "Amor Combate" e " Dá-me a tua melhor faca"(presente no cd a lançar em breve). O alinhamento das músicas foi bem escolhido. Por tudo o vivenciado por mim naquele momento, e pela música dos Linda Martini, parece-me que o título mais adequado para este post seria "Paisagens sonoras e experimentalismos líricos".
Os Linda Martini são a prova viva que a música portuguesa está de boa saúde e que não fica a dever nada a outras.

(Para breve as imagens do concerto)