segunda-feira, julho 31, 2006

"Takk", Sigur Rós @ Atlântico

Sigur Rós, o concerto que fechou a tour de apresentação de “Takk…” foi no dia 16 de Julho, no nosso jardim à beira-mar plantado, no Pavilhão Atlântico. Após 8 meses da última presença em Portugal, no Coliseu de Lisboa, a banda islandesa voltou para um concerto memorável – assim como o foi no Coliseu.


Por volta das 21h, começou a banda de abertura, Amiina, o quarteto de cordas, que desde há um ano que acompanha os islandeses, abrindo os seus concertos. Este começo de serão é perfeito para o que se avizinha, calmo e relaxante, preparando o público com o espírito perfeito para um concerto de Sigur Rós. Pelo que me pareceu, no final a sua actuação, a banda presenteou os que ali se encontravam com uma música electro-punk que em nada fazia o estilo da banda no todo da actuação. Alguma razão em especial, uma quebra, o início do que todos esperavam…


Após uma breve pausa, desceu uma tela, mais tarde apagaram-se as luzes, o burburinho de um concerto muito esperado começa, até se começar a ouvir os primeiros sons, vindos do palco. Seja música ou não, o silêncio vence todo o nervosismo. “Glósoli” inicia o concerto, enquanto as sombras de cada um dos membros de Sigur Rós são projectadas nas telas, acompanhando as imagens que já a ocupavam.


A banda tocou quase todas as musicas do seu mais recente álbum, “Takk…”, e fez algumas passagens pelos seus álbuns posteriores, “Ágætis Byrjun”, o seu álbum de estreia, e “( )” - inclusive a ultima musica, que a todos surpreendeu, mas já lá vamos. “Hoppípolla”, entre “Gong”, “Saeglopur” e “Glósoli”, foi a mais aclamada das músicas de “Takk…”, cujo início todo o público aplaudiu ardentemente. A realçar a passagem por “Sé Lest”, em que o quarteto de metais que acompanha a banda faz uma surpresa, fazendo uma entrada nada esperada, mantendo a fidelidade com o a música no álbum.


Sigur Rós é uma banda cuja intensidade de cada música, em álbum, é muito grande e tem a capacidade de provocar os mais diversos estados emocionais em quem ouve. Ao vivo, a banda excede-se nesta característica, elevando a dimensão de cada tema a um nível psicológico e emocional mais intenso, o que faz dos seus concertos algo “pesados”, carregados, mas imensamente bonitos – não sei que outro adjectivo possa usar. Mesmo as passagens pelo silêncio, durante as musicas, que a banda fez e provocou em todo o público, foram de uma beleza e soaram de uma forma quase musical; também com silêncios se faz musica, se faz espectáculo, e os Sigur Rós mostraram que o sabem fazer melhor que ninguém.


Após um curto momento no backstage, o concerto continua, cada vez mais intenso. E, quando mais ninguém conseguia esperar ou imaginar algo de novo, uma emoção mais forte, a banda islandesa surpreende todos os presentes com a suposta “Popplagið”, como é conhecida o último tema do álbum “( )”. Esta última música atingiu um nível de intensidade imenso, fruto de um crescente de cerca de 10 incessantes minutos. Poucas palavras existem para descrever aquele momento, em que a tela desceu novamente para nos encher com as sombras dos Sigur Rós.


Foi sem duvida um dos concertos do ano. Só há uma palavra que descreve na perfeição o espectáculo que foi: Takk.

quinta-feira, julho 27, 2006

Contrabanda, 15 de Junho, em Coimbra

Já lá vai um tempo desde este concerto, mas nunca é tarde para lhe fazer referência. Contrabanda, na zona da solum, em Coimbra, dia 15 de Junho.


Havia pouco tempo que a banda tinha feito 3 meses de existência, mas a sua presença em palco demonstrava já alguma maturidade. Apesar de alguns erros, o concerto decorreu perfeitamente e cheio de atitude Reggae, num constante chamamento pelas raízes (“roots”, como lhe chamavam), pelo consenso e pela compreensão de toda a gente. A música era rica em sentimento e atitude, bem reflectida pela banda, que acabou por deixar o pouco publico presente (por falta de fundos para publicidade por parte da entidade organizadora) imensamente à vontade.
Um pequeno destaque para o teclista, dotado em técnica e em sentimento, cujos solos foram os pontos altos do concerto. Solos coerentes, não maçadores e bem integrados na música. Quando não solava, estava realmente bem na música, sempre no seu lugar, dando a melodia principal à música, visto que o Reggae é tocado à base de ritmo, mas sem nunca assumir um cardo superior na música.

Aguardo por mais desta banda.

domingo, julho 09, 2006

Dixieland, 9 de Junho de 2006

Deixo desde já as minhas desculpas pelo desleixo, que na realidade é um preço que se paga aquando se estuda e se está em época de exames. Nos próximos tempos, tendo em conta que começaram (finalmente) as férias, vamos começar a escrever com mais frequência.

Apesar deste espaço estar dedicado às variações que surgiram do rock e ao próprio rock, seria um erro enorme esquecer as origens deste: os blues. Dos blues surgiu, também, um dos estilos de musica mais técnicos, mais complexos e mais sentidos que já tive o prazer de ouvir e de ver: o jazz.


Anualmente é realizado um festival de jazz de rua, o Dixieland, em Cantanhede. No dia 9 do mês de Junho, não pude deixar de passar pela tenda onde decorriam os concertos de jazz, tão livre e tão primário quanto a origens. Uma ambiência que nos lembrariam os próprios anos 20, se as roupas fossem a condizer.


Inicialmente, fiquei desiludido, que a tenda parecia mais estar a receber um evento social que um evento musical. Mas por volta da meia-noite as pessoas da “alta sociedade” começaram a sentir-se fatigadas e abandonaram a tenda, soltando os músicos, que tomaram como objectivo principal, a partir desse momento, divertirem-se a si mesmos e ao publico e não dar um espectáculo apresentável, e soltando o próprio publico, que já não tinha a “censura às costas”. Começou a festa. De todas as bandas que seguiram a meia-noite, nenhuma esteve menos que fabulosa. Tenho pena de não ter tomado nota dos nomes das bandas, apesar de metade delas se terem reunido apenas para o evento, com certeza um desafio para eles e uma delícia para quem teve o prazer de os ver. Também tive o azar de não ter assistido à famosa “street parede”, no dia seguinte, em que os músicos se aventuram pelas ruas da cidade, acompanhados por grupos de dança e animadores, e fazem levam a festa para fora da tenda onde estiveram fechados nos dias anteriores.

Para o ano, espero poder "perder" mais tempo neste festival, que bem o merece.