sábado, dezembro 29, 2007

Adeus 2007

Atingido o final do ano, está na altura de fazer as devidas menções honrosas e dizer o que, para mim, foi o melhor da música este ano.

Álbuns 2007

Quando esta lista ficou completa, apercebi-me que este ano não houve assim nenhum albumzão que eu ouvisse ávida e incessantemente. Houve álbuns que me prenderam completamente... mas são quase todos de 2006. Mas bom, já chega de conversa fiada, a lista é esta:

Battles - Mirrored
Apesar de saber que ainda podem ir muito mais além do que aquilo que conseguiram neste album, conquistaram-me. A ouvir: Atlas e Tonto.

Arcade Fire - Neon Bible
Ok, não vou dizer que este é melhor que Funeral... porque não é. Ainda assim, é um álbum incontornável deste ano. A ouvir: Antichrist Television Blues e No Cars Go.

LCD Soundsystem - Sound Of Silver
James Murphy conseguiu igualar, quiçá superar, o aclamado primeiro álbum homónimo.
A ouvir: Get Innocuous e Someone Great.

Blonde Redhead - 23
O trio italo-nipónico conquistou-me com um dos álbuns mais melódicos e bonitos deste ano.
A ouvir: 23 e Spring And By Summer Fall.

The PoPo - The PoPo
Eu devo ser dos poucos a dar alguma coisa por estes americanos (mas notem que Trent Reznor faz parte destes poucos). Nem sei bem se é um álbum ou EP homónimo, apenas sei que me divertiram bastante este ano e isso é suficiente para figurarem neste lista. A ouvir: Apocalypse Blaze e Funtimes On The Frontline.

Animal Collective - Strawberry Jam
Conheci-os este ano. Primeira vez que ouvi: atrofio total da minha cabeça. Agora: genialmente atrofiante. Experimentalismo no seu melhor. A ouvir: Peacebone e For Reverend Green.

Gogol Bordello - Super Taranta
Um pouco na onda da No Smoking Orchestra, mas mais punk . A melhor "ciganada" que ouvi este ano. Gypsy punk do mais dançável que pode haver. A ouvir: Ultimate e Supertheory of Supereverything.

!!! - Myth Takes
Não tem o mesmo feeling e brilhantismo que Louden Up Now, mas continuam com música apelativa e dançável. Relativamente ao seus trabalhos anteriores, é o álbum mais fraquinho, mas relativamente ao que se passou em 2007... conseguiram estar aqui nesta lista à mesma. A ouvir: A New Name e Must Be The Moon.

M.I.A - Kala
E por último, o meu guilty pleasure deste ano. Dos álbuns mais surpreedentes deste ano porque me pôs a ouvir um tipo de música que à partida não ouço. Mais um extremamente dançável. A ouvir: Jimmy e World Town.


"Decepções" 2007

Arctic Monkeys - Favourite Worst Nightmare
Tirem as aspas, este aqui é mesmo decepção, destacando-se claramente dos outros 2 nesta lista. Muito comercial, muito pop às vezes. O novo baixista trouxe melhor performance no baixo, embora me pareça muito fora da imagem da banda, mas isto não se reflecte no som claro. A segunda metade do álbum ainda safa muito bem apesar de tudo. A não ouvir: D Is For Dangerous e Fluorescent Adolescent.

Klaxons - Myths Of The Near Future
Ora, aqui a "decepção" é parcialmente culpa minha: quando o álbum saiu, 8 músicas nele incluídas já tinham sido lançadas em EPs e coisas do género, pelo que o álbum não me trouxe nada que eu já não conhecesse, o que me desiludiu, já que eu esperava mais do mesmo género e não o mesmo literalmente. Para além disso, a banda alterou consideravelmente alguns dos temas ao gravar o álbum, ou seja, saiu-me o mesmo, mas estragado.

Interpol - Our Love To Admire
Ainda vou ser fuzilado por pôr este álbum nesta categoria, mas pronto, estamos num país livre. Ah, e atenção às aspas! Este álbum não é mau, muito pelo contrário, é bem capaz de ser um dos álbuns de melhor qualidade deste ano, mas simplesmente... não "bateu". A minha imensa admiração de Turn On The Bright Lights contribui bastante para esta classificação. Digamos que este álbum não entra na 1ª categoria por uma questão de relatividade. Mesmo assim - A ouvir: Pioneer To The Falls e The Lighthouse.

Nine Inch Nails - Year Zero
Trent Reznor criou grandes expectativas para este álbum com a Year Zero Experience - pens nas casas de banho com músicas como presentes, sites marados em barda, etc - e eu fui um dos muitos que ficou completamente agarrado a tudo o que se passava na internet e estava atento a todas as novidades diárias sobre este "enigma" que era a visão de Reznor do mundo. Faltou foi converter tudo isto em boa música, isto é, música ao nível que os NIN nos tinham habituado.

Concertos 2007
Aqui já não me posso queixar, de todo. Com os 3 primeiros da lista, e complementando com os outros todos, foi um grande ano de concertos. Tenho plena consciência que haveria outros concertos a incluir nesta lista se os tivesse visto, mas por força das circunstâncias, não pude.

Metallica @ SBSR
Genial. Sublime. Gigante. Utópico. "Hoo-rah!"

Nine Inch Nails @ Coliseu dos Recreios (10 Fevereiro)
Oportunidade única aproveitada. Se fosse hoje, tinha ido aos 3 concertos. Setlist dificilmente poderia ter sido melhor. Incrível o enaltecimento das músicas ao vivo.

Interpol @ SBSR
Devo ser dos poucos a achar este melhor que o concerto no Coliseu dos Recreiros o mês passado. Mais uma vez, o 1º álbum a pesar muito. A banda muito mais soturna, menos comunicativa, mais embrenhada na música, mais Interpol.

Cansei De Ser Sexy @ Lux
Acho que é a 1ª vez que se fala deste concerto neste blog, o que é uma falha das valentes, e eu sou o culpado, já que estive lá. Concerto num ambiente pequeno, familiar, exclusivo. Stage dives de Lovefoxxx, banda comunicativa e contagiante e muita energia libertada num concerto em que ninguém parou de dançar.

The Arcade Fire @ SBSR
Concerto mágico. Público repleto de fãs que só contribuíram para um espectáculo ainda melhor, puxando muito pela banda. O facto de haver muitos elementos em palco é um ponto positivo ao vivo, a linguagem gestual é muito mais expressiva, há sempre alguém a puxar pelo público ou a fazer palhaçadas como foi o caso.

LCD Soundsystem @ SBSR
Peter Murphy completamente alienado de tudo no palco: passeava, ia ver os ecrãs gigantes, falava com os técnicos de som no meio das músicas... Mas deu um concerto do caraças. Até houve mosh! Conjugaram muito bem os 2 álbuns e as músicas ao vivo tornam-se muito mais envolventes.

TV On The Radio @ SBSR
Completamente ignorados pelo público, injustamente. Deram um concerto memorável, embora a qualidade do som tenha sido um entrave. Uma escolha muito acertada das músicas, outra vez uma conjugação harmoniosa dos 2 álbuns editados.

Concertinhos 2007

Tilly & The Wall (abrindo para Cansei De Ser Sexy)
Guitarra acústica, órgão, muito boas vozes femininas e o que eu achei mais caricato, mas ao mesmo tempo eficaz e inovador: a percussão feita através de sapateado por uma das raparigas pertencente à banda. E olhem que estar 45 minutos a bater com os pés com força numa tábua de madeira não é pêra doce...

The PoPo (abrindo para NIN)
Não me prolongo muito porque já falei sobre eles aqui. Conheci a banda neste concerto e cativaram-me o suficiente para colocar o seu álbum na minha lista do ano.

Blonde Redhead (abrindo para Interpol)
Muitas músicas resultam bem melhor ao vivo. Envolvem-nos mais, entram mais. Excelente concerto.

The Vicious Five @ Ar d'Rato
Faltava um representante português na lista. Os TV5 são perfeitamente merecedores: todos os concertos que vi deles foram autênticas lições de "como pôr gente a mexer". No Ar d'Rato, foi a maior lição de todas. Viva o Joaquim & Cia.

Sabem o que é que Battles me lembra?

Gentle Giant - "Proclamation"


É verdade. Se ouvirmos com atenção há mesmo situações em que parece que eles fazem rip-of's destes senhores do Prog-Rock - não falo desta música em particular, claro está. E é por isso que gostei tanto de Battles: esta forma "inconsequente" de tocar não é novidade, pois os senhores do Progressivo já tentaram a sorte nos anos 70 (principalmente). Mas nada de grave; pelo contrário, boas influências são sempre boas referências.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Gregor Samsa

Há já um ano que não ouvia nada deles... Gregor Samsa, para quem não sabe, é o protagonista do mais conhecido conto do escritor checo Franz Kafka, "A Metamorfose". Neste caso, é uma boa banda de Post-Rock americana que conheci através de um split com Red Sparowes - cativou-me pela presença de uma bonita voz feminina e pelo feeling Sigur Rós - e que tem a sorte de ter a violinista de Kayo Dot, a bela Mia Matsumyia.

Apresento-vos:
"Dot" (ilustrada com o vídeo de um fã), do primeiro EP da banda.


Gregor Samsa têm estado a preparar um álbum desde o início do ano, para juntar ao grande 55:12, que data de 2006. As gravações das canções trabalhas via e-mail (visto que os sete elementos da banda vivem em 5 estados diferentes) começaram em Março, com um grande E de experimentalismo, visto que só haviam sido ensaiadas com três dias de antecedência. Numa pequena mensagem deixada no Myspace, o senhor que dá a cara, Champ Bennett, exclareceu que se tudo correr bem o novo trabalho da banda há-de andar à solta em meados de Abril. E há que aguardar.
O álbum deve ter cerca de 60 minutos e é composto por 10 músicas, o que faz dele o mais longo registo de estúdio dos Gregor Samsa.

Era giro vê-los cá, por estes lados do Atlântico...

Desta quadra...

...deixo-vos algumas coisas que me foram re-apresentadas. Quase que não me lembrava, mas este senhor é realmente algo:

Musicalmente - acho que têm todo o direito de contestar esta minha afirmação -, Peter Gabriel é um génio, não só pelo que foi, mas também pelo que é (pelo que se tornou). Se bem que o próprio admite que demorou a atingir um estilo que fosse algo dele.

Esse estilo chegou aqui, como o próprio gosta de referir. Security, quarto álbum a solo editado em 82, trouxe músicas como "The Rythm of The Heat", "Lay Your Hands On Me" e a grande grande "Shock The Monkey", que soa muito Gabrielesco e aparente sê-lo, igualmente. Ora, observe-se:


O que acho interessante, nesse clip, não é só a música (que está senilmente conseguida), mas também o próprio vídeo e a mensagem que nele está.

E é essa imagem, senil e experimentalista, que Gabriel carrega. "Steam", do álbum Us, editado em 92, é disso exemplo. Pura diversão, diga-se:


E são exemplos que se podem transpor ao palco. Veja-se (ainda que velho, mas pronto para as curvas):


PS: Acho que ainda consegui partilhar uma pequena parte da evolução na enorme e rica carreira deste senhor. Para quem não conhecia, é só um pouco do que se pode realmente imaginar.

Diga-se que estes são os meus presentes. Para os ateus, é a recompensa da pequena ausência (e muito ri eu ao escrever isto).

sábado, dezembro 22, 2007

Ano Novo, Nomes Grandes

A verdade é que 2007 está a acabar, e com esse fim vêm as tais dúbias listas que o André falou no último post. Mas com este aproximar de 2008 começam já a chegar os primeiros nomes para os festivais mais mainstream em Portugal. E ao que parece, este ano temos um ano rico em nomes sonantes. O que não significa necessáriamente grandes concertos e festivais memoráveis (nem sequer boa música). Mas o meu ponto não é sequer esse. Bandas como os Rage Against The Machine e os Iron Maden estão já confirmados para o Alive! e para o SBSR, respectivamente. Agora é a vez do nome de Ben Harper estar confirmado para o festival patrocinado pela Optimus. E não esquecendo Lenny Kravitz e, muito provavelmente, Bon Jovi no (inefável) Rock in Rio.
Ventilam-se também o regresso dos Metallica e o eterno aguardado concerto dos Radiohead.
E isto se quisermos esquecer os concertos em nome próprio, de bandas como os Spoon, Editors, Babyshambles, entre outros.

2008 parece vir a ser, ao que tudo indica, um ano próspero no que toca a festivaleiros do mainstream. Agora é aguardar que nomes de menos fama, e até musicalmente superiores, tenham o seu espaço, e possam surpreender em alguns palcos grandes - que não abundam - no nosso país. Será que vai haver essa hipótese em 2008?

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Listas de natal para oferecer no fim-de-ano

Parece lei: acaba um ano e há sempre que fazer listas.
Este ano faz-se a recapitulação dos highlights de 2007. O Radar arrancou com a febre e decidiu-se a começar com as votações (melhores álbuns, melhor música nacional, melhor música internacional e melhor concerto).

Da mesma forma, a Pitchfork não se decidiu a apresentar uma lista, nem duas, mas três.

E como não é só na Internet que se tem direito à listagem, de uma forma menos opinativa, o ípsilon (suplemento do Público) decidiu fazer um balanço do ano que acaba. Os artistas do ano foram:
1. M.I.A.
2. Tinariwen
3. LCD
4. Panda bear
5. Burial
6. The national
7. The go! team
8. Justice
9. Pedro Jóia
10. David Maranha
11. Joe Henry
12. Arcade Fire
13. Beirut
14. Robert Wyatt
15. JP Simões
16. Battles
17. Fiery Furnaces
18. Amélia Muge
19. Matthew Dear
20. Norberto Lobo

No que toca a figuras, o ípsilon escolheu a controversa Amy Winehouse, o jovem e aclamado Zach Condon - condutor do projecto Beirut -, os dançáveis Justice, os amados National, o desconhecido Burial e o senhor dos Animal Collective, Panda Bear.
Nas tendências de 2007 apontam, como seria natural, para o fim da indústria musical - num tom bastante resignado, de quem aceita (surpreendente, não?) -, a febre de regressos dos velhotes (Sex Pistols, Police, Led Zeppelin), e a facilidade que as bandas mais aclamadas sentiram em fazer valer o segundo registo (como foi o caso de Beirut e de LCD Soundsystem).


Em relação às listas, mandei apenas as minhas postas no Radar; mas não concordo com muitas das escolhas feitas - considero que faltam muitos nomes, grandes nomes (Neurosis e Jesu, por exemplo), nomes que se afirmaram e cresceram agora (Mazgani, cá por estes lados...), nomes que ainda só deixaram avisos (Battles, Men Eater, para exemplificar mais, ainda não bateu forte, mas eles ainda não nos mostraram tudo), nomes que nunca se fazem ouvir e estão sempre lá (Do Make Say Think, Envy, Mono, entre muitos outros - e muitos que devo desconhecer); parece que a música é fechada, mas não é. Acho que é cada vez mais complicado escolher o melhor, ou o pior, quando a música cai às toneladas à minha frente (e há sempre muita com qualidade!).
O que escolhi ontem pode não fazer sentido hoje, é o que sinto em relação a listas.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

13 Blues For Thirteen Moons

As novas músicas de Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra & Tra-la-la Band já soam ao vivo e há planos de tours para 2008 (espero que Portugal fique na rota). O alinhamento do álbum foi divulgado entretanto (assim como a capa):

(01-12 Untitled)
13 1,000,000 Died to Make This Sound
14 13 Blues For Thirteen Moons
15 Black Waters Blowed/Engine Broke Blues
16 BlindBlindBlind



Entretanto, deixo-vos um pequeno presentinho: um concerto da banda numa espécie de stream (espécie de Youtube sem imagem) onde estão músicas desta nova obra, a editar em Março do próximo ano.

Como é natal, deixo também os álbuns e mais alguns concertos para ouvir da mesma forma (bendita internet).

Nota anexa: o concerto está simplesmente incrível!!! (ou seja, as músicas novas estão brutais)

terça-feira, dezembro 18, 2007

Spoon - Take Dois

Primeiro foi o anúncio do regresso dos Editors a solo nacional, agora chega-nos a notícia do regresso dos Spoon. Embora com uma estreia não tão atribulada como os primeiros, eram uma banda que muita gente desejava ver de novo. Tanto por aquilo que ofereceram em Paredes de Coura ainda este ano, como pelo seu álbum - aclamado pela crítica - Ga Ga Ga Ga Ga, que vêm (ainda) apresentar. O concerto está marcado já para dia 23 de Fevereiro às 21 horas, na Aula Magna. Os bilhetes custam entre 20 e 27 euros.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Falhámos antes... Vamos editar isso?

Sim, é verdade: os Editors regressam a Portugal para dois concertos, no próximo ano. As actuações dos britânicos estão agendados para o dia 2 de Abril na [nefasta] sala de espectáculos do Campo Pequeno e para o dia 3 no Coliseu do Porto.

domingo, dezembro 16, 2007

Control: melhor do que nos querem vender

É verdade: já vi o "Control". E sim, roam-se de inveja, o filme é bom. Claro que a crítica se faz ferozmente à película sob mil e um pretextos, mas acho que há umas quantas coisas que precisamos de ter em conta: primeiro, o "Control" é um filme, não um documentário, pelo que pode ser algo romanceado; depois, é baseado na biografia escrita pela Deborah Curtis (mesmo que ela não tenha gostado do produto final) - o que implica que algumas personagens não estejam muito exploradas, como é o caso de Annick Honoré (amante de Ian Curtis), como é óbvio; "Control" não é um filme sobre os Joy Division, mas sim sobre Ian Curtis, por isso é natural que muitos pormenores sobre a formação da banda sejam esquecidos.

Assim, vamos ao que interessa. Atrevo-me a contar o final do filme: Ian Curtis morre. Mas a sua morte não nos é imposta, é algo que está eminente e que persegue a própria história; Anton Corbijn conseguiu jogar muito bem com um acontecimento inevitável, lembrando a dita "ironia do destino".
Em termos de imagem, o preto e branco ajuda na intensidade do filme, que tem muito de fotográfico: os enquadramentos dão muito à melancolia da história, são intensos - ajudados pelo silêncio dos personagens, muitas vezes.
Quanto à banda sonora, acho que essa não podia ser mais adequada a uma história triste: Joy Division surge sempre nos momentos mais certos. É o que eu chamo uma autêntica chapada, daquelas que doem.

Não gostei muito dos actores nas perfomances ao vivo. É que Sam Rilley não consegue ser tão tragalhadanças quanto Ian Curtis (que era um mestre da não-dança epileptica) nem ter uma voz tão 'depressiva' quanto o vocalista de Joy Division - não são preciosismos.

Claro que há mais situações... Mas se quiserem saber, vejam o filme.

Para verem que não é um preciosismo:
J
oy Division - Transmission & She's Lost Control

sexta-feira, dezembro 14, 2007

They're back!


Zack De La Rocha
Tom Morello
Tim Commerford
Brad Wilk

Rage Against The Machine @ Oeiras Alive 08

As Vinte Piores Capas de 2007

A Pitchfork escolheu aquelas que seriam as 20 piores capas do quase finalizado ano de 2007. No pódio acotovelam-se artistas mainstream, como Prince e Joss Stone, e alguns menos conhecidos no jardim português, como Ted Nudgent e Eddie Money. É um artigo engraçado, com comentários bastante bem observados, ainda que muito ambíguo.

Nada a perder!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Novo LP de A Silver Mt. Zion

Depois de Horses In The Sky e sob o nome de Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra & The Tra-la-la Band (que vem de uma interessante evolução a abordar mais tarde, num texto que explore a banda), os canadianos voltam à carga: 13 Blues For Thirteen Moons será editado a 25 de Março do próximo ano.
O álbum, já nos últimos preparos, foi gravado no mítico Hotel2Tango e produzido pelo ex-baterista de Arcade Fire, Howard Billerman, ou seja, nada mudou realmente.
Nada? Não é bem assim: segundo a Constellation, editora da banda, este novo álbum só começa à 13ª música, sendo as doze primeiras um contínuo e puro Drone.


Aguarda-se...

domingo, dezembro 09, 2007

Radiohead não descartam o marketing directo

No final de cada dia de gravações, os Radiohead destruiram os CDs que continham os resultados do dia, e quando não o fizeram atribuiam-lhes títulos como «Eagles Greatest Hits» e «Phil Collins Hip Hop Covers» para que não houvessem tentações de disponibilizar nada na net sem o seu consentimento. Isto demonstra claramente a estratégia de marketing por detrás de In Rainbows. Os resultados desta estratégia já se faziam soar entre os fãs, mas neste momento já se estenderam à crítica: a revista Mojo considerou o trabalho mais recente dos britânicos como o melhor de 2007.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

O Regresso (e Fim) dos Bauhaus

Depois de uma ausência de mais de 20 anos de produção discográfica original, eis que os Bauhaus estão de volta, embora com um ligeiro sabor amargo. Going Away White é o nome do novo álbum, estando previsto o seu lançamento para o dia 5 de Março. Este poderá ser adquirido no iTunes, na versão digital. A versão física também existirá e será distribuída pela Redeye Distribution. Contará com, entre outras, as músicas Adrenaline e Endless Summer of the Damned, já tocadas ao vivo, em 2006, na Tour da banda com os Nine Inch Nails.

O tal sabor amargo prende-se com o facto de a banda terminar definitivamente a sua carreira logo após o lançamento deste álbum. Muito provavelmente os elementos da banda irão lançar-se noutros projectos, nomeadamente a solo. Este será, portanto, um álbum que não irá ser tocado ao vivo.

terça-feira, dezembro 04, 2007

DVD Incubus - Look Alive

Os Incubus lançaram esta semana (embora ainda não em Portugal) o seu quarto DVD, segundo ao vivo. Se o primeiro foi no mitico anfiteatro de Red Rocks, Colorado, num mega-concerto de 2 horas e 20 minutos, este segundo, intitulado Look Alive, é uma mistura de vários espectáculos, incluindo um em Chicago, gravado no dia 25 de Julho. O DVD vai contar com 17 faixas, mais bastante material variado, como filmagens de backstage e um documentário. A setlist é a seguinte:

1. Rogues
2. Quicksand
3. A Kiss To Send Us Off
4. Anna Molly
5. Redefine
6. Pistola
7. Love Hurts
8. Paper Shoes
9. Megalomaniac
10. Nebula
11. Earth To Bella Part 1
12. Sick Sad Little World
13. Oil and Water
14. Dig
15. Punch Drunk
16. Aqueous Transmission
17. Look Alive

Como se constatar pela setlist este é um DVD que se foca essencialmente no último registo da banda, Light Grenades, mas não deixa de fora álbuns como SCIENCE ou Morning View. Alguns dos singles mais orelhudos ficam de fora, provavelmente por já se encontrarem no DVD Live at Red Rocks.
Este DVD inclui também um cd de bónus, com duas vertentes: a primeira mostrar algum trabalho a solo de Mike Einziger; a segunda premiar os fãs com algumas faixas de bónus da banda, ao vivo. A setlist do cd de bónus é a seguinte:

Pathogens Born Of Wormy Interludes
La La La Zoom Zoom Zoom
Get Your Pants and GO!
Beach Blanket Beatdown
Midnight Swim
Soft Sculpture
Cloudeater
Dance In A Triangle
Here In My Room – Instrumental
Hugs Not Drugs
Golden
Quicksand (Bonus Live Track)
A Kiss To Send Us Off (Bonus Live Track)
Look Alive (Bonus Live Track)
Nebula (Bonus Live Track)
Rogues (Bonus Live Track)
Punch Drunk (Bonus Live Track)

Junto ponho os links de alguns teasers de promoção ao DVD:
- Teaser Anna Molly
- Trailer
- Seis músicas completas do DVD

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Quatro vídeos de Mars Volta online

Os Mars Volta disponibilizaram no seu site os vídeos que fizeram de quatro músicas do novo álbum, a sair a 28 de Janeiro. Para quem não quiser fazer download e estiver com planos para obter mais informações, consultem o nosso compatriota António.

sábado, dezembro 01, 2007

Vender é mais importante que ouvir

Depois de terem disponibilizado o álbum para todos os que quiserem ouvir, tanto por um jornal como pela Web, Prince e Radiohead - que são dos maiores artistas da música contemporânea - ficaram de fora dos Brit Awards. Tal acontece pois nenhum dos nomes referidos tiveram um single e um álbum nos 75 que mais venderam em Inglaterra nos últimos meses. É, no entanto, sabido que o Prince já esgotou 21 salas de concertos em Londres e que os Radiohead já levaram o seu último trabalho, In Rainbows, a um número de pessoas que rebenta escalas.

sexta-feira, novembro 30, 2007

Paco de Lucía @ Campo Pequeno

Não sei bem se vi o melhor guitarrista de sempre, mas sabem que mais? Gosto de acreditar que sim. E acredito. Acredito porque se houver um guitarrista melhor que este, esse guitarrista está acima de um deus. Paco de Lucía é andaluz, mesmo de aqui ao pé. Aliás, é-nos tão próximo que a sua própria mãe é portuguesa; Portugal "é como uma segunda casa", afirmou ele ontem durante o concerto. Mas comodismos à parte, que o concerto não primou pelo discurso "lambe-botas" de um músico cujas botas foram estupidamente lambidas ontem, mas valeu cada cêntimo pela melodia, pela energia e pela beleza do Flamenco que nos trouxe aquele septeto de grandes, enormes músicos.

O público já aguardava em burburinho quando o anfitrião subiu ao palco: Paco estava só com a sua guitarra. Senta-se e começa a discursar as suas notas lentamente, crescendo, tornando-se mais intenso. Cruza e descruza as pernas repetidamente, tentando pôr o público à vontade com o seu talento, com a sua música, com o seu génio. Era impossível, até porque este público era muito impressionável - infelizmente para qualquer bom apreciador, as boas partes das músicas eram abafadas por palmas analfabetas, que se seguiam depois das partes menos interessantes (se é que é possível afirmar isto) das músicas, ou seja, quando os músicos mostravam alguma velocidade no manejo do seu instrumento - e estava mal preparado para tal demonstração de humildade de um colosso assim. E faz-se uma música só que muito Flamenco e uma guitarra, génio a acompanhar com uma pitada de talento e temos serão garantido!

A próxima música tem algo de novo: um percussionista. Mas Paco de Lucía dita o ritmo da sua música e mostra que também é preciso ritmo para se tocar guitarra. Bate na guitarra, toca as cordas em mute, tudo com uma construção de fazer dançar a Torre Eiffel, dando o ponto de partida para o senhor que o acompanha. Depois, entram as suas duas vocalistas, um senhora e uma jovem senhora, elas, com uma voz incrível, encantaram e arrepiaram os "holé"s para fora das centenas de gargantas presentes.
Depois, outra música, outra novidade, palmas, de mais três pessoas no palco, a juntar às das cantoras e ao ritmo da percussão. Um era baixista (e que baixista), outro era guitarrista (infelizmente ofuscado pelo génio do Paco, que tanto espaço lhe deu, a ele e ao resto do septeto) e um flautista. Era momento da pausa: "Já"? Pois, ninguém queria acreditar que 45 minutos já tinham passado, só com 5 músicas. Mas passaram, infelizmente - eu ainda estava por lá, a ouvi-lo.

Depois de uma pausa, não há mais o corrupiu do "ora com este, ora com aquele", agora é, finalmente, o tempo do Septeto de Paco de Lucía: o próprio, um baixista, um guitarrista, um percussionista, um flautista com a sua transversal e duas vocalistas.
A partir daqui, o importante era o grupo, que actuou segundo uma lógica tipicamente jazzista, isto é, todos são músicos e todos sabem tocar. Assim, em cada música, havia solos, seguidos de outros solos, respeitando a tradição do jazz que impõe um pequeno silêncio para palmas, sem que a música pare realmente. E, mais uma vez, tudo passou num instante, o público continuava deambulante na sua condição de apreciador mal-educado e a bater palmas depois das partes rápidas, durante as partes bonitas e verdadeiramente complicadas das músicas e dos solos. Quando chegou ao fim, o público não o conseguiu aceitar, tão fugaz que foi o concerto. Bateram-se palmas incessantemente, durante largos minutos, até que o monstro, na sua simpatia (a qual emana, vê-se que Paco de Lucía já não é a estrela: é o músico; nota-se que há muita humildade e simpatia neste senhor de pouco cabelo e todo ele grisalho; nota-se que há muito espaço na sua música para todos os seus acompanhantes), volte ao palco para mais uma estonteante música. Foi o fim. Um concerto incrível, cheio de música.

Com tudo isto, só sinto uma enorme pena por ter assistido a um concerto em tal sala, o dito Campo Pequeno. O som estava terrível - muitos ecos e má distribuição do som, o que tornava alguns instrumentos quase inaudíveis -, a sala é bastante feia (admito que está manchada pela opinião que tenho das touradas), do sítio onde me encontrava, para além de super-distante, tinha a vista para o palco quase impedida por colunas de suporte, e, mais uma vez e com menos relação com a sala (quem sabe...), o péssimo público que quase pede uma crítica social.

Ainda assim... Quase duas horas de concerto? Ninguém o diria...

Deixo-vos, só, com uma amostra do génio deste senhor:
Aquilo que ele faz com uma guitarra (sim, ainda faz!)



Aquilo que ele faz com banda (mas neste último concerto foi num contexto muito mais Flamenco! Holé!!) - "Entre Dos Aguas"


E, finalmente, aquilo que ele faz quando cria (ele disse a um jornalista aquando de uma das suas passagens no Japão, estavam eles num andar acima do 60, no quarto do dito cujo, a conversar e o jornalista pergunta "o que é criar, para si?", ao que ele responde desta forma: vai até à janela, sobe para o parapeito e atira esta frase: "criar era eu atirar-me daqui e voar"!) - "Moasterio de Sal"

quarta-feira, novembro 28, 2007

O regresso de Linda Martini

Uma das bandas mais prometedoras do nosso país está de volta ao estúdio. Será agora que as dúvidas ficarão esclarecidas: ou os Linda Martini regressam com qualidade; ou os Linda Martini vão repetir fórmulas...
O EP que a banda de Queluz está a preparar será editado no primeiro semestre do próximo ano. Pelo tempo que a banda demorou a reencarcerar-se nos Black Sheep, as novas músicas serão (espero) uma quebra com as últimas produções, em parceria com a Ant3na, que pecavam pela falta de originalidade - não que Linda Martini seja uma banda inovadora (em Portugal talvez o seja) - e por estarem distantes do restante trabalho da banda - o que não seria algo obrigatoriamente mau, não fosse a qualidade duvidosa.

Por agora, os Linda Martini preparam-se para reeditar o seu primeiro EP e o seu álbum de estreia, Olhos de Mongol.

terça-feira, novembro 27, 2007

He Has Left Us Alone But Shafts of Light Sometimes Grace the Corners of Our Rooms

Foi um acaso, uma sorte. Não acreditava realmente na possibilidade de encontrar alguma coisa de A Silver Mt. Zion em loja alguma que não uma Fnac em Lisboa, muito menos o primeiro álbum da banda em Coimbra.
Mas encontrei o dito He Has Left Us Alone But Shafts of Light Sometimes Grace the Corners of Our Rooms na livraria Almedina, perdido no meio dos A's. Não perdi tal oportunidade.

Começa um acorde de piano. Outro. A tristeza vem com a música não só pela peso do acorde, mas pela sua lentidão. Com o acorde, algumas notas. Em alguns minutos, começamos a ouvir vozes quase imperceptíveis, das quais nos abstraímos para enquadrar o ambiente. Aguardamos. Cedo entra o violino, entra o contra-baixo e a música é simplesmente isto, com uma melancolia aterradora e de uma melodia a roçar o perfeito, não fosse o todo o ruído que a persegue de dezenas de vozes desenquadradas. Quando ficam só as vozes, já a "Broken Chords Can Sing a Little" passou, sinal de que já vamos na segunda faixa.
Calmamente, o ainda trio A Silver Mt. Zion vai acrescentando os seus instrumentos, nesta música tem um convidado: a bateria parece solar por cima da melodia repetida intensivamente pelo violino e contra-baixo, ainda que explorada na sua harmonia; a guitarra, no início pelo fundo, assume o papel melódico e as restantes cordas libertam-se. Com a quebra abrupta começa a hipnose de mais uma música, a mesma melodia e a mesma depressão, um contexto acústico: só o piano, o violino e o contra-baixo. A chamada "Stumble Then Rise On Some Awkward Morning"



Esta não precisa de descrições... Só de ser saboreada... até que o silêncio é interrompido por uma voz. Lembra Arcade Fire? Não. Win Buttler lembra o Efrim Menuck a cantar. Só acordes e uma linha de contra-baixo em tempo duvidoso, contratempo, como chamam os músicos. Esta canção é simplesmente bonita, de embalar e sorrir. Depois vêm os violinos e mais sorrisos. 'Don't tell me that I am free, 'cause I have not been well... latelly', cantam todos e começa a música: uma linha de baixo e o violino sola, o piano sola... Depois a pequena e modesta orquestra junta-se numa homenagem "For Wanda", outra melodia de embalar, mas esta é para recordar a beleza.

He Has Left Us Alone But Shafts of Light Sometimes Grace the Corners of Our Rooms é bonito, é bem construído, é completo, é bem interpretado, não é pretensioso... é uma obra de arte. A primeira das já cinco editadas por um projecto inicialmente desorientado e movido pelo experimentalismo e pela sede de crescimento. Amadureceram, todos, e isso nota-se nas suas composições mais recentes, com coros e mais músicos. A Silver Mt. Zion protagonizaram, em 2000, uma bela surpresa para a música, abstraindo-se do rock que os movia em GY!BE em busca da beleza da música: saiu música de câmara, saiu boa, excelente música.

domingo, novembro 25, 2007

Godspeed You! Black Emperor


God Speed You! Black Emperor é o título de um documentário japonês de 1976, dirigido por Mitsuo Yanagimachi que fala de um grupo de 'motards' (se é que lhes posso chamar assim) nipónicos chamado precisamente Black Emperors. Em 1994 um grupo de amigos reuniu-se adoptando um nome semelhante ao do documentário, assumindo influências musicais variadas, desde o dito clássico/erudito ao punk - a mais clara influência na sua música é ao nível da guitarra e da construção das músicas em alguns pontos, que soa um tanto a Savage Republic. Esta pode ser uma mistura inconstante, e isso reflecte-se mesmo na própria banda, cujo alinhamento chegou a ter 20 elementos; felizmente para todos, acabou por assentar em nove iluminados que conduziriam o projecto até 2003, altura em que suspenderam o projecto, não lhe decretando um fim - aguarda-se um regresso fervoroso.

Os Godspeed (o diminutivo fofo) cedo ganharam alguma projecção pelo seu trabalho - mesmo que evitando cair no mainstream e por isso ser uma banda quase de elite, que se conhece de boca em boca, partilhada por um amigo -, sendo provavelmente os primeiros de uma onda de músicos de Montreal cuja qualidade, irreverência e génio relembra a boa Madchester (alcunha de Manchester nos finais de 70 e inícios de 80, terra das grandes bandas de então). A realidade é que toda a importância que a banda viria assumir deu-se somente depois da sua estreia em LP e CD, por uma pequena editora, quando o Post-Rock começou a ser bem visto - já estava editado o Young Team dos Mogwai. Essa estreia foi com o álbum F# A#, de três músicas nada curtas mas cheias de tudo: uma pequena introdução, com uma gravação de alguém a falar do mundo, uma máquina triste que vivia de bandeiras ("The Dead Flag Blues"), uma orquestração bonita e lenta; depois começava a sua música, duas delas aliás, um grande crescendo de 20 minutos, outro de 29, cujas melodias demoram a ser desmontadas, mas que quando entram encantam qualquer um.


O percurso dos Godspeed foi marcado por uma evolução, que não os levou a abdicar de forma alguma do som que lhes é característico. Primeiramente, as suas composições viviam imenso das gravações que davam sentido ao que se iria ouvir, algo que se foi perdendo. No último trabalho de estúdio da pequena orquestra, intitulado Yanqui U.X.O., não há registo de gravações, sequer, e nos dois anteriores (um EP e um álbum) estas não conduziam as melodias, encerravam-nas, como meras explicações. Mas a nível de sonoridade, a evolução mais clara é ao nível da própria onda: se no início o Rock ainda era um influência clara e cada vez mais importante na abstracção da música dos Godspeed You! Black Emperor [GY!BE] - sendo o culminar no álbum Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven, definitivamente o trabalho mais 'arrockalhado' da banda, ainda que extremamente orquestrado -, essa importância foi perdendo espaço para a orquestra quase clássica que eles eram, tornado-se a banda cada vez mais neo-clássica. O Yanqui U.X.O. é um grande álbum por marcar, principalmente, o culminar de um processo. Este é o álbum em que os Godspeed You! Black Emperor assumem o seu papel enquanto orquestra, com composições perfeitamente clássicas, distintas pela presença de guitarras eléctricas e uma bateria ("09-15-00" e "Motherfucker=Redeemer"), e outras que são quase valsa (repare-se no início da "Rockets Fall on Rocket Falls").

A banda não só é uma influência para imensas bandas que têm vindo a surgir no Post-Rock, como acabou por se tornar um mote para o surgimento de vários projectos dentro do que seria supostamente principal: A Silver Mt. Zion, Set Fire To Flames, Fly Pan Am, Black Ox Orkestar, Valley Of The Giants, Kiss Me Deadly, Exhaust e outros tantos projectos cuja existência eu não nego, mas a qual devo desconhecer. Todos os projectos mencionados têm elementos da orquestra de nove GY!BE, representando o projecto-mor desmontado nas suas influências, ou seja, cada um destes projectos apresenta um único lado de Godspeed. A Silver Mt. Zion junta o político de com o neo-clássioco, sendo conhecido como a versão de câmara de Godspeed; Set Fire To Flames junta a abstracção cm as gravações; e Fly Pan Am será um lado mais electrónico e Post-Rock, sendo estes os três principais projectos paralelos e que, com a suspensão da acção dos GY!BE se tornaram em projectos principais (os outros continuam paralelos e já envolvem membros de outros projectos, como dos Arcade Fire - que dizem ser um projecto de tributo a A Silver Mt. Zion, algo que me parece exagerado, mas não descabido, principalmente por causa da parecença voz dos vocalistas em questão - e Broken Social Scene, ou precedem GY!BE no percurso de alguns elementos).


Este projecto também serve de exemplo para a tese que apresentei há uns tempos no blogue, que defendia que a política e a música têm uma ligação muito natural. Apesar de GY!BE ser um projecto puramente instrumental (ao contrário de A Silver Mt. Zion), ao vivo esta sua natureza transparecia com os vídeos que complementavam as suas actuações e na quase totalidade da sua discografia encontra-se presente nas gravações escolhidas, que apresentam maioritariamente visões depressivas e desoladas da nossa sociedade. Esta sua vertente também se observou pelas opções a nível de editoras da banda, sempre 'minors', evitando assim a indústria mainstream, da qual eles são fortes críticos, e pela fuga ao contacto com os meios mediáticos de comunicação social (há mesmo poucas entrevistas à banda disponíveis na web).

Godspeed You! Black Emperor proporcionou-me uma das experiências musicais mais ricas dos últimos 10 anos, e certamente que não estou sozinho nesta forma de os ver. São uma banda coerente não só a nível ideológico, como a nível musical (que será o mais importante). Os seus trabalhos são dotados de melodias das mais belas, carregadas de tristeza, ainda que complexificadas pelo número de instrumentos que as constrói, de rasganços furiosos e enraivecidos que contagiam qualquer um, e de um poder de abstracção sério, fruto da profundidade da música. Do trabalho curto que têm, é impossível declarar um álbum superior a outro, uma música melhor que outra: são peculiares e homogeneamente heterogéneos, cada um com o seu som, mas sempre com a mesma sonoridade. Os Godspeed You! Black Emperor têm aquilo que uma banda deve ter: a capacidade de inovar e de reinventar o que fizeram sem que nenhum dos seus trabalhos perca valor ou qualidade, tanto os que precederam como os que resultaram são exemplos de música erudita e de excelência.

quinta-feira, novembro 22, 2007

A Salsicha Klaxon

Estando eu a ver as fotos que tirei na edição deste ano do festival Super Bock Super Rock, deparo-me com esta fotografia. Aparentemente, agora levam-se embalagens de salsichas para os festivais. O que aconteceu à mítica sandocha mista espalmada no bolso? Estarão os festivaleiros a ficar mais requintados? Ou seriam as salsichas destinadas ao arremesso? Esta última não faz muito sentido (não que os Klaxons não tivessem merecido um bocadinho), visto que dificilmente alguma coisa roubará o lugar aos tomates podres e aos ovos. De notar também é a selectividade do indivíduo que segura as salsichas: comprou salsichas do Lidl, quando podia muito bem ter-se servido de umas Isidoro do Pingo Doce ali perto. Bom, mas nada como olhar para a foto e fazerem as vossas interpretações :)



Interpol + Blonde Redhead @ Coliseu dia 7 de Novembro - Fotos

Aqui estão, como prometidas (pelo André), as fotos tiradas no concerto. As mais sinceras desculpas pela demora.

Blonde Redhead


Interpol








quarta-feira, novembro 21, 2007

The Mars Volta - Update Tour Europeia 2008

Como referi no último post, os The Mars Volta vão fazer uma tour europeia. Aqui ficam as datas e os locais escolhidos para esta Tour:

17/2 - Docks em Hamburgo, Alemanha
19/2 - Centrum em Oslo, Noruega
20/2 - Circo de Estocolmo em Estocolmo, Suécia
22/2 - Vega em Copenhaga, Dinamarca
24/2 - Huxleys em Berlim, Alemanha
26/2 - Volkshaus em Zurique, Suíça
27/2 - Alcatraz em Milão, Itália
29/2 - La Riviera em Madrid, Espanha
1/3 - Razzmatazz em Barcelona, Espanha
3/3 - Elser Halle em Munique, Alemanha
5/3 - Olympia em Paris, França
6/3 - 013 Music Hall em Tilburg, Holanda
8/3 - Live Music Hall em Colónia, Alemanha
9/3 - Ancienne Belgique em Bruxelas, Bélgica
11/3 - Academy em Glasgow, Escócia
13/3 - Apollo em Manchester, Inglaterra
14/3 - Brixton Academy em Londres, Inglaterra

A Bold as datas de Espanha, mais próximas do nosso país.

segunda-feira, novembro 19, 2007

The Mars Volta - Update Novo Album

Bom, este é o meu primeiro post e vou desde já cumprimentar toda a gente que lê este blog. Não que sejam milhares, mas isto de participar num blog quase “familiar” tem destas coisas, podemos estar mais próximos uns dos outros e quase apertar a mão aos leitores todos.
Em segundo lugar falar daquilo que verdadeiramente me traz aqui, a música. Falando-vos do novo álbum da, para mim, melhor banda actual (se bem que não sou grande fã destes rótulos, mas abro uma excepção), e uma das mais criativas de sempre, os The Mars Volta.
O novo álbum, como já aqui foi referido, chama-se The Bedlam in Goliath, e é mais um álbum conceptual. A história gira em volta de um presente que o guitarrista/compositor/produtor da banda, Omar Rodriguez-Lopez ofereceu ao letrista/vocalista, Cedric Bixler-Zavala. O presente foi uma relíquia encontrada num antiquário, e algo que hoje conhecemos como um tabuleiro Espírita. O álbum centra-se então na influência que esse tabuleiro, esse “jogo”, digamos assim, teve na vida da banda. A má sorte que lhes trouxe, os azares que daí advieram, as peripécias sofridas, alegadamente causadas por “maus espíritos” libertados pelo tabuleiro. Mas aquilo que realmente podemos esperar é mais um grande álbum, ao nível que nos têm habituado. O álbum já está pronto, já foi ouvido por meia dúzia de afortunados, e já há algumas músicas a circular pela net. Hoje é o dia do lançamento oficial do single Wax Simulacra, mas também já podem ser ouvidas as músicas Aberinkula e Goliath. Já é também conhecido o alinhamento do novo álbum…
1) Aberinkula - 5:47
2) Metatron - 8:13
3) Ilyeana - 5:38
4) Wax Simulacra - 2:41
5) Goliath - 7:17
6) Torniquet Man - 2:40
7) Cavalettas - 9:35
8) Agadez - 6:45
9) Askepios - 5:13
10) Ouroboros - 6:38
11) Soothsayer - 9:10
12) Conjugal Burns - 6:36

…bem como a mais do que provável capa do álbum

Também a ter em conta é a Tour de promoção do álbum que os The Mars Volta vão fazer. É verdade, vão voltar à Europa (a última actuação tinha sido apenas no Reino Unido, e já em 2005). Para já estão confirmados 3 espectáculos na Escandinávia (Noruega dia 19, Suécia dia 20, Dinamarca dia 22), mas nos próximos dias mais serão, muito provavelmente, confirmados.
Em jeito de despedida e celebração do primeiro post, sem fugir à temática, deixo-vos dois links onde podem ver videos de músicas de The Bedlam in Goliath, e também fazer um pequeno puzzle onde o prémio é um cover da música Back Up Against the Wall dos The Circle Jerks. Para os menos dispostos a brincadeiras, deixo-vos uma pequena "prenda".


http://www.themarsvolta.com/puzzle
http://www.themarsvolta.com/video


Cover dos The Circle Jerks - Back Up Against the Wall

quinta-feira, novembro 08, 2007

Interpol + Blonde Redhead @ Coliseu de Lisboa

Eram as 21h00 quando tudo começou: os Blonde Redhead entraram sob uma grande ovação e rapidamente a vocalista Kazu Makino trocou as únicas palavras da banda com o público: para quê perder tempo com a verbal quando a sua linguagem é a musical?

A pergunta não ficou muito tempo no ar já que desde cedo os dois irmãos Pace e a sensual Makino envolveram os escassos presentes (mas que já enchiam metade do Coliseu) na sua música bem mexida, mas muito intimista. A voz da nipónica começou logo a arranhar e a arrepiar com "In Particular"; e logo todos se renderam à sensualidade que lhe emanava na dança, nos guinchos, no movimento dos cabelos... - e muito se deve ao vestido.

A força das músicas foi crescendo, assim como do próprio concerto, e não demorou para que a plateia enchesse e, seduzida, dançasse ao som dos cada vez mais psicadélicos Blonde Redhead. Pena que as gravações fossem tão evidentes, principalmente a nível de vozes, já que havia situações em que nem Pace, nem Makino cantavam, mas a gravação preenchia. Mas isso não estragou aquele que foi um óptimo concerto, que apenas pecou pela curta duração, e que teve direito a um desfecho da melhor qualidade: "23", do novo álbum.



Seguiu-se a típica espera, a impaciência do público por entre gritos e assobios.

Mas tudo valeu a pena; passados 20 minutos os Interpol enfrentaram um Coliseu dos Recreios esgotado só para os ver e brindaram-no com a bela "Pioneer To The Fall". Os nova iorquinos soltaram-se da apreensão que caracterizou o concerto no SBSR e mostraram uma simpatia desmedida e um carinho por um público que não lhes merecia menos: elogiaram a bela Lisboa, agradeceram várias vezes em português, agradeceram o maravilhoso espectáculo. E não era, realmente, para menos. A plateia cantou em todas as músicas, saltou, dançou, embalou-se com os Interpol, surpreendendo-os. A resposta a um público inteiro a cantar a "Evil" foi um 'boa mão cheia' de sorrisos rasgados de satisfação vindos do palco, tal era o choque de serem tão bem recebidos; Paul Banks gesticulou aquele que era um pedido de «go on...» e o público não se calou até ser interrompido pelo próprio que mostrou como é que se canta o legado Joy Division.

Felizmente para a banda e para os fãs, a grande falha do anterior concerto em Portugal foi colmatada: as novas músicas, que pareciam tão vazias ao vivo, ontem estiveram muito intensas e fortes, mostrando que não é a produção que faz uma boa banda, mas é uma boa banda que faz grandes músicas. Exemplo disso foram tanto a "Heinrich Manouver" como a "Mammoth".

O ponto alto do concerto foi, estranhamente, protagonizado por uma 'quebra': "Lighthouse". A última música do mais recente Our Love To Admire só tem guitarra e voz, é calma, de se fechar os olhos. Mas, de repente, fica pesada, ainda que lenta, com bateria compassada e guitarras muito melódicas (se algum dia me ouviram dizer «a "Dim" dos Cult of Luna parece Interpol», aqui digo que «a "Lighthouse" dos Interpol parece Cult of Luna) preparando os presentes para uma recta final em grande.

Depois de Not Even Jail, seguiu-se o encore forçado... Os roadies preparam os instrumentos e a banda demora-se. Mas o público não se calava. "Take You On a Cruise", "Stella Was a Diver and She Was Always Down" e, finalmente "PDA" foram as últimas músicas do concerto e não podiam ter melhor ordem nem ter sido melhor escolhidas.

Desde Abril que não via um concerto tão bom, tão completo, tão rico...


Setlist:
Pioneer To The Falls
Say Hello To The Angels
Narc
Obstacle 1
Scale
Mammoth
No I In Threesome
Slow Hands
Rest My Chemistry
The Lighthouse
Evil
C’mere
The Heinrich Maneuver
Not Even Jail
------------------------
Take You On a Cruise
Stella Was a Diver and She Was Always Down
PDA


PS: se pedirem com jeitinho, acho que o Negrão ainda arranja uma ou outra foto...

Mais um nesta emenda cultural!

É verdade, temos mais um mergulhador oficial: António Pita é um antigo companheiro de festividades aqui da equipa e até parece mal esta distância temporal da tasquinha bloguista...
Bom, lacuna preenchida e o António assume um teclado ao vosso dispor!

Este tal de António é bom rapaz, de bom ouvido e ideias lúcidas, com um bom reportório de concertos e vem do campo de Estudos Artísticos em Coimbra (o que quer dizer pouco ou nada). Mais alguma informação, procurem o hi5 dele.

Fora isso, é realmente um prazer ter este caro compincha connosco, finalmente.
Sede bem-vindo, caro António!!

quarta-feira, novembro 07, 2007

É Hoje!

domingo, novembro 04, 2007

Fado-Core?

“O mundo verá
os pobres libertos da opressão
esmagando os carniceiros
da burguesia regente”

ou

“1º de Maio
Marchar! Marchar!
Oh soldados da liberdade!
Marchar e destruir
as fronteiras nacionais e a propriedade”


Estes são alguns excertos de letras de Fado do início do século XX e dos finais do século XIX. Felizmente que há pessoas que gostam de estar bem informadas, como o Diogo do Sismógrafo, que ao folhear o Courier Internacional descobriu esta faceta da nossa música, que é o Fado.

terça-feira, outubro 30, 2007

Insistindo

...no último post. O seu objectivo era, unicamente, partilhar algumas músicas que nos são de certa forma distantes. Não pretendia, pois, dissertar sobre a qualidade das canções lá contidas (até porque os Ok Go nos são próximos e surgiram pela curiosidade da coreografia do clip). A realidade é que o o primeiro vídeo era péssimo: novela mexicana do Equador cantada, e mal. O segundo não pretendia ser, sequer, uma regra: há música muito boa no Brasil, nem há necessidade de enumerar para provar esta afirmação.
Quanto à música pop indiana, temos de concordar que ainda não chegou ao estado crítico da nossa música popular: não é uma batida simples e quadrada com uma miúda "boa" a abanar-se (porque se trata, acima de tudo, de uma questão de imagem e não de arte) e a cantar com a voz completamente modelada, que muitas vezes nem corresponde à realidade. Essas duas músicas têm energia, melodia e uma coreografia no mínimo brutal. A realidade é que o choque cultural nos leva, a todos(!!), a considerarmos ridículo algo que é bom na Índia - e que é surpreendentemente melhor que metade do que a MTV nos dá a conhecer.

A música, como todos os traços culturais, é uma forma de identificação: algo que seja distante da nossa cultura, passa a ser pior, pois avaliamos tudo pelo nosso padrão de "bom e mau". Mas esta é uma discussão das ciências sociais. Aqui só quero levantar a questão: em que medida é que a música ocidental pode ser um padrão para alguma coisa? Para nós, talvez, já que é a única coisa a que temos acesso...

Foi o meu contributo político-social-diplomata e um pouco económico. Acho que esta é a prova de que a música é um meio de comunicação, que nos leva a reflectir sobre a nossa condição.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Diversidade Musical

Acho que este blogue assumiu um rumo muito centrado: estamos demasiado preocupados com a nossa música e nem temos consciência do que se faz fora desta (nem conhecemos bem a nossa realidade, quanto mais as que nos são "estranhas").
Deixo-vos alguns exemplos de música que nos está algo distante:

Música de intervenção do Equador: Delfín - Torres Gemelas


Noise brasileiro: Marli - Bertulina


Pop indiano com grandes grandes coreografias (deixa o Timberlake a um canto) e melodias melhores que as da Beyoncé; depois das anteriores vai saber a morango: autor desconhecido - Rivaldo sai desse lago


Mais Pop indiano, talvez pelos mesmos artistas, já que me parecem bastante parecidos:


Já que se fala em coreografia... vá: Ok Go - Here It Goes Again

quinta-feira, outubro 25, 2007

Rádio vs Música

Ontem assisti a uma conferência sobre a Auto-Regulação nos órgãos de comunicação social, no Centro Cultural de Belém. Gente ilustre, tão ilustre que vinha um do estrangeiro. Os outros eram de Lisboa, que não há dinheiro para tudo. Foi uma discussão interessante sobre o papel dos Media e da forma que este é desempenhado, que quase podemos remeter para uma discussão da actual ditadura que vivemos e que eles suportam. Mas, dos pontos abordados em relação à famosa Auto-Regulação (um tema que já há 10 anos que corre a comunicação social portuguesa sem que nada se altere realmente), um dos que me chamou a atenção foi, naturalmente, em relação à lei da música portuguesa na rádio.

José Fragoso, director da TSF, abordou este assunto em relação ao tema da conferência de uma forma extremamente interessante. Assim referiu que "os mecanismos de Auto-Regulação têm de ser impostos às empresas de comunicação social por entidades exteriores", pelo que só aquando da aprovação desta lei é que a música portuguesa assumiu algum protagonismo, ainda que pouco, nas rádios.
Esta questão leva-me a erguer outros problemas: não terá a mudança e a adaptação que a música portuguesa está a sofrer em relação aos novos estilos musicais alguma coisa a ver com esta "repulsa" das rádios? em que medida a qualidade afecta estas escolhas das rádios? não será este um problema originado pelo assumir do papel de divulgadora pela parte da Internet?

Quanto ao primeiro ponto, parece-me clara a possível resposta. O aparecimento cada vez mais constante de bandas destes novos estilos, mais experimentais, acaba por resultar neste afastamento da rádio da música portuguesa. Vejamos que não só as músicas se estão a tornar mais longas, o que dificulta uma ingressão no sistema da estereofonia, como cada vez mais experimentais, que não facilita a audição a qualquer pessoa menos preparada. Há, claro, exemplos mais fáceis de absorver e que fogem a esta regra, mesmo dentro do experimentalismo, como é o caso mais óbvio dos The Guys From The Caravan.
A qualidade é algo relativo, claro. Trata-se tudo quanto à facilidade de audição, na realidade. A simplificação da música, a partir dos anos 80, tem conduzido a um dificuldade generalizada em se absorver música mais complexa por uma grande maioria, parece-me. Vejamos os anos 90, bastante próximos de nós: os tops de vendas estavam recheados de Rage Against The Machine, Blur e Nirvana. Actualmente, esses lugares pertencem ao Kanye West e ao 50 Cent, que fazem música com samplers e batidas. Este parece-me ser um sinal dos tempos. Vou trazer um bocado ainda maior de opinião para este texto, contando uma situação que ocorreu aquando da minha fase mais "Linda Martini": fui com umas amigas que estavam claramente equivocadas em relação ao que as esperava num concerto destes meninos de Queluz. No final, elas saíram de lá desesperadas a queixar-se da barulheira que foi o concerto, de música muito pesada. Repare-se: estou a falar de Linda Martini, banda que qualquer lamechas ouve e coloca as letras reduzidas no nick do messenger (com todo o respeito pela banda e pelos lamechas). E mais exemplos se poderiam tecer aqui, a fim de sustentar esta opinião.
A terceira questão que me surgiu parece-me bastante mais pertinente que as restantes simplesmente por uma situação: também envolve outra situação referida na conferência: a entidade abstracta mais conhecida por "Mercado". Ora, o Mercado foi mencionado após uma participação muito crítica e pertinente de um membro da audiência, que referiu que desde há 10 anos que o discurso nos media portugueses é o mesmo e que de Auto-Regulação só se ouve falar, mantendo-se esta uma solução utópica para toda a gente. Após ter sido interrompido uma boa quantidade de vezes, este senhor obteve como resposta "o Mercado auto-regula-se", mudando-se assim a génese de todo um discurso que fala da Regulação pelas próprias empresas competentes. Nesta questão, o mercado exige algo às rádios: tudo menos a novidade. Esta novidade implica a necessidade de reformulação da música, numa época em que se acredita no fim da história, partindo do princípio de que tudo está inventado, mesmo nas artes. O público acaba por não estar receptivo a uma coisa que não se apresenta como hipótese nos mecanismos das massas: uma alternativa. Isto é uma consequência da dita globalização, em que tudo se torna um mero produto comercial, mesma a arte acaba mercantilizada. A solução a esta questão, problema na minha opinião, tem sido a Internet, que apresenta a divulgação de forma gratuita, assim como a rádio o fazia há uns 20 anos atrás. O problema da música nacional é um claro fruto da desmobilização das estações de rádio dos papéis de divulgadoras.

Hoje a divulgação é feita a par com a publicidade, pois tudo envolve dinheiro; a Internet cresce enquanto alternativa.

Acho que me enganei ligeiramente...

Talvez o novo álbum dos The Mars Volta não seja tão Punk como eu poderia sonhar. Atingiram a maturidade, apesar de serem menos originais (basta ouvir King Crimson ou Yes para confimar) conseguem experimentar dentro das bases que construíram. E isso não é mau, já que qualitativamente a música não perde.

Mas estou aqui a escrever para quê e para quem?
Ouçam vocês mesmos:

Wax Simulacra

terça-feira, outubro 23, 2007

The Bedlam In Goliath

The Mars Volta revelaram o alinhamento do novo álbum, que deverá andar nas lojas por volta do dia 29 de Janeiro (será uma prenda de natal dos piratas, portanto), a um preço naturalmente exorbitante.
Mas não é para discutir preços que falo disto. É mesmo porque se trata de Mars Volta, a maior referência do Rock-Progressivo actual. The Bedlam In Goliath é constituído por 12 músicas, o que me leva a crer que houve uma qualquer mudança no rumo que a banda estava a assumir: alongam-se as músicas e diminui-se a originalidade, ainda que qualitativamente seja do melhor que por aí corre. É natural que a saída de John Theodore (que agora está com Zack de la Rocha) tenha ajudado a esta mudança, já que a bateria tinha um papel fulcral nos predecessores deste novo registo; não ponho de parte a importância da bateria, que será sempre importante num projecto com claras influências da música da América do Sul, mas será uma interpretação certamente diferente.
Com isto tudo, fico à espera de um álbum mais maduro, talvez um regresso aos registos com uma sonoridade um pouco tocada pelo Punk (como é o De-Loused in the Comatorium), que não permite alongar demasiado as músicas, mas que não lhes retira o espírito mais psicadélico e imprevisível. Acima de tudo, espero que este alinhamento me surpreenda positivamente, ou que no mínimo não me deixe mal:

Aberinkula
Metatron
Ilyena
Wax Simulacra
Goliath
Tourniquet Man
Cavalettas
Agadez
Askepios
Ouroboros
Soothsayer
Conjugal Burns


Deixo-vos aquela que me parece ser a música mais completa de Ampuntecture:

Tetragrammaton (part 1) @ Henry Rollins Show


Tetragrammaton (part 2) @ Henry Rollins Show

sexta-feira, outubro 19, 2007

Editors criticam Radiohead

O baixista de Editors, Russell Leech, considera que os Radiohead deviam ter deixado os fãs ouvir o mais recente In Rainbows antes destes decidirem quanto deviam pagar. -> G E N I A L

E acho que ele tem razão... Não é preciso fundamentar muito para que o ponto de vista se torne óbvio.

quarta-feira, outubro 17, 2007

A Superbanda

Membros dos Interpol, dos Deerhunter e dos Liars juntam-se num supergrupo chamado Reefer Duberland. Paul Banks e Sam Fogarino, dos Interpol, juntaram-se a Bradford Cox, dos Deerhunter, e a todos os músicos dos Liars, após a actuação, numa sala em Chicago, dos nova iorquinos que têm concerto marcado para Novembro, no Coliseu de Lisboa.

A sua sonoridade é a mistura dos sons de cada um dos projectos, pelo que, no único concerto em que estiveram juntos, soou ao experimentalismo de uma banda de Jam. E foi, acima de tudo, uma Jam Session de ecos e riffs repetidos sob a voz carregada de efeitos de Bradford Cox, durante a qual Reefer Duberland se perderam e foram perdendo o público (que foi abandonando a sala à medida que esta actuação surpresa avançava).

Não se sabe para quando será o regresso desta superbanda experimental, os Reefer Duberland, já que todos os projectos principais dos seus membros se encontram em digressão. Mas vamos estando atentos a qualquer coisinha...


Fonte: Pitchfork

terça-feira, outubro 16, 2007

Mais Peter Gabriel

Para quem desconhece Peter Gabriel de todo, também desconhece o seu trabalho de divulgação da World Music e dos problemas que assolam os países subdesenvolvidos. Desde cedo na sua carreira que Gabriel lançou uma iniciativa que ele mesmo subsidia onde procura provar que existem problemas, para que ninguém ande a combater fantasmas. Ao contrário de hipócritas como Bono e Geldof, que se combatem problemas que são simplesmente falados e nem sequer que são a génese da questão, ou seja, fazem publicidade a si mesmos, Peter Gabriel criou a Witness, um programa em que distribui câmaras de filmar e fotografar, para que se mostre às pessoas aqui, deste lado do globo onde a fome apenas é um problema de uma parte grande da população e não da totalidade da mesma, que existem pessoas que precisam de ajuda. Esta sim!, é uma medida de sensibilização que pode trazer frutos, ao contrário de discursos enfadonhos. Como diria o bom cliché: "uma imagem vale mais que mil palavras". E Porque não?

Bom, desta vez, não é pela Witness que Gabriel intervém, mas através de um concerto em que vai partilhar o cargo de cabeça-de-cartaz com Annie Lennox marcado para o dia mundial contra a SIDA (dia 1 de Dezembro) pela organização 46664, da qual ambos foram fundadores. Parece-me óbvio que a questão a ser abordada neste dia, em Joanesburgo, é mesmo o problema do vírus que assombra os cinco continentes de uma forma tenebrosa.
Também confirmados estão Corinne Bailey Rae e Goo Goo Dolls.

O que é que eu ando a dizer?!

Já desde há muito tempo, ainda que de forma muito leve e em poucas palavras, que costumo mostrar o meu desprezo pelos She Wants Revenge, principalmente por estes se mostrarem uma má imitação, sem qualquer novidade, daquilo que foram os Joy Division.

Ora, para sustentar a minha posição, passo a citar:

"E ao segundo álbum, um novo fracasso. Tal como grande parte das bandas que faz da década de 80 a sua fonte de inspiração, os She Wants Revenge falham.


Os She Wants Revenge são um caso paradigmático do perigo que representa o empolamento de certas bandas, incapazes de aguentar o andamento num segundo passo. Depois de uma estreia promissora, ainda que sem acrescentar nada de particularmente próprio, «This Is Forever» é um triste regresso.

Se antes, os She Wants Revenge não mostravam sinais de personalidade, ainda que as canções fossem bons pastiches de Bauhaus, Joy Division ou Cure, desta vez nem isso. «This Is Forever» acaba por ser uma imitação do primeiro álbum, ou seja uma repetição de uma repetição.

O single «Written In Blood» já anunciava um passo estático no mesmo sítio, o que o disco apenas confirma por cima sem a mesma força criativa. Esqueça-se um «Tear Us Apart», ou um «I Don’t Wanna Fall In Love» porque o que aqui há são meros retratos de proporções reduzidas.

Os She Wants Revenge repetem exemplos já conhecidos de Kaiser Chiefs, Bloc Party e The Bravery no que é conseguir baixar a fasquia até limites não imaginados antes. Ainda assim, é apenas o resultado de uma febre que teve os seus dias mas que, neste momento, se está a virar para outras paragens.

She Wants Revenge
«This Is Forever»
Geffen/Universal"

David Pinheiro, in Diário Digital