quinta-feira, novembro 08, 2007

Interpol + Blonde Redhead @ Coliseu de Lisboa

Eram as 21h00 quando tudo começou: os Blonde Redhead entraram sob uma grande ovação e rapidamente a vocalista Kazu Makino trocou as únicas palavras da banda com o público: para quê perder tempo com a verbal quando a sua linguagem é a musical?

A pergunta não ficou muito tempo no ar já que desde cedo os dois irmãos Pace e a sensual Makino envolveram os escassos presentes (mas que já enchiam metade do Coliseu) na sua música bem mexida, mas muito intimista. A voz da nipónica começou logo a arranhar e a arrepiar com "In Particular"; e logo todos se renderam à sensualidade que lhe emanava na dança, nos guinchos, no movimento dos cabelos... - e muito se deve ao vestido.

A força das músicas foi crescendo, assim como do próprio concerto, e não demorou para que a plateia enchesse e, seduzida, dançasse ao som dos cada vez mais psicadélicos Blonde Redhead. Pena que as gravações fossem tão evidentes, principalmente a nível de vozes, já que havia situações em que nem Pace, nem Makino cantavam, mas a gravação preenchia. Mas isso não estragou aquele que foi um óptimo concerto, que apenas pecou pela curta duração, e que teve direito a um desfecho da melhor qualidade: "23", do novo álbum.



Seguiu-se a típica espera, a impaciência do público por entre gritos e assobios.

Mas tudo valeu a pena; passados 20 minutos os Interpol enfrentaram um Coliseu dos Recreios esgotado só para os ver e brindaram-no com a bela "Pioneer To The Fall". Os nova iorquinos soltaram-se da apreensão que caracterizou o concerto no SBSR e mostraram uma simpatia desmedida e um carinho por um público que não lhes merecia menos: elogiaram a bela Lisboa, agradeceram várias vezes em português, agradeceram o maravilhoso espectáculo. E não era, realmente, para menos. A plateia cantou em todas as músicas, saltou, dançou, embalou-se com os Interpol, surpreendendo-os. A resposta a um público inteiro a cantar a "Evil" foi um 'boa mão cheia' de sorrisos rasgados de satisfação vindos do palco, tal era o choque de serem tão bem recebidos; Paul Banks gesticulou aquele que era um pedido de «go on...» e o público não se calou até ser interrompido pelo próprio que mostrou como é que se canta o legado Joy Division.

Felizmente para a banda e para os fãs, a grande falha do anterior concerto em Portugal foi colmatada: as novas músicas, que pareciam tão vazias ao vivo, ontem estiveram muito intensas e fortes, mostrando que não é a produção que faz uma boa banda, mas é uma boa banda que faz grandes músicas. Exemplo disso foram tanto a "Heinrich Manouver" como a "Mammoth".

O ponto alto do concerto foi, estranhamente, protagonizado por uma 'quebra': "Lighthouse". A última música do mais recente Our Love To Admire só tem guitarra e voz, é calma, de se fechar os olhos. Mas, de repente, fica pesada, ainda que lenta, com bateria compassada e guitarras muito melódicas (se algum dia me ouviram dizer «a "Dim" dos Cult of Luna parece Interpol», aqui digo que «a "Lighthouse" dos Interpol parece Cult of Luna) preparando os presentes para uma recta final em grande.

Depois de Not Even Jail, seguiu-se o encore forçado... Os roadies preparam os instrumentos e a banda demora-se. Mas o público não se calava. "Take You On a Cruise", "Stella Was a Diver and She Was Always Down" e, finalmente "PDA" foram as últimas músicas do concerto e não podiam ter melhor ordem nem ter sido melhor escolhidas.

Desde Abril que não via um concerto tão bom, tão completo, tão rico...


Setlist:
Pioneer To The Falls
Say Hello To The Angels
Narc
Obstacle 1
Scale
Mammoth
No I In Threesome
Slow Hands
Rest My Chemistry
The Lighthouse
Evil
C’mere
The Heinrich Maneuver
Not Even Jail
------------------------
Take You On a Cruise
Stella Was a Diver and She Was Always Down
PDA


PS: se pedirem com jeitinho, acho que o Negrão ainda arranja uma ou outra foto...

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