sexta-feira, janeiro 16, 2009

Mitos e Música

Com algumas conversas apercebi-me de que as há mitos que condicionam os gostos e opiniões das pessoas em relação à música. Não é nada fantástico - afinal não se trata de uma letra dos DragonForce, em que um unicórnio luta contra um dragão num cenário de vulcões no meio do polo norte -, bem pelo contrário, são noções simples e quase ridículas daquilo que é a música.

Vejamos aqueles de que me lembro ou que decido considerar mitos:
1. "Os Keane são bons porque são três." Isto é o que se chama de absurdidade absurda. Considero a banda foleira, sem sal e sem pinga de originalidade; respeito gostos, podem gostar de Keane que a mim não me chateia. Agora, se me quiserem demonstrar a sua qualidade não argumentei que a sua qualidade se prende com o facto de serem três rapazes a fazerem música, que isso não convence ninguém - ou pelo menos nunca me convenceu a mim. Há mesmo quem diga que são "tão poucos e fazem tanto barulho." Então os Lobster são a melhor banda do mundo e encerra-se a questão.

2. "Se uma banda dura, é porque é boa." Ora, Scorpions, Europe, Guns 'n' Roses, Xutos e Pontapés... são o cúmulo do anacronismo! Nenhuma destas bandas pode ser boa comparada com o que se faz agora: estão fora de tempo. Ou podemos pôr esta questão em termos que levem quase toda a gente, e certamente todos os humoristas, a dar-me razão: os Delfins fizeram 25 anos.

3. "É genial porque morreu." Eu respeito o Carlos Paião, por exemplo, e consigo achar alguma piada às músicas dele - mas longe de mim elevá-lo ao estatuto de génio. Falo nele porque, agora com esta nova compilação, anda por aí na moda ouvir e curtir a cena dele (e confesso sem problemas que com um tratamento actualizado, as músicas dele ficaram com um aspecto mais aprumado e interessante, quase de apetecer levar a passaer pelo leitor de mp3). A verdade é que se ele ainda estivesse vivo, como está o José Cid que até fez um álbum incrível e de culto, seria tão desprezado como é o nosso "rainha do Rock". E por isso é que eu tenho medo dê um treco à Amy Winehouse, não vão as pessoas dizer que "ela era genial e inspirava-se na sua vida madrasta." Isto de fazer música não só é andar na coca e cantar bem. E certamente que não é preciso morrer para se ser genial.

4. "Porquê que não canta em português? Em português é melhor." Ou não. Depende de muita coisa. Mas vou pôr as coisas nestes termos: música é uma linguagem universal e tem valor próprio. As vozes são mais um instrumento, que pode ser muito importante, ou ser puramente secundário (ouço muitas bandas que não entendo patavina do que eles dizem, confesso que não me chateia minimamente). Dá-se demasiada importância à voz, se calhar por ser o instrumento que nasce connosco e com o qual estamos mais familiarizados, no entanto, é mais um entre outros belos e perfeitos tantos. Mas, uma vez mais, depende de muita coisa.

Há mais mitos, certamente. Alistei, anotei e postei estes por duas razões: antes que me esqueça (acreditem que é mais do que provável provável); assim vou fazendo um arquivo deles. Depois, um dia, escrevo um livro do género "os 100 mitos da música popular: parvoices minhas e dos outros." Esperemos que ninguém aceite tal negócio.
Ajudas são bem-vindas, claro.

3 comentários:

::Andre:: disse...

Completamente de acordo. Dá-lhe André ;)

::Andre:: disse...

E sim, continua a alimentar este tópico!!

André Forte disse...

tenciono fazê-lo, sim :)