Dia 3 de Agosto
Ra Ra Riot: mais uma banda indie de Nova Iorque. Essa é uma descrição condenada, porque foi isso que me levou a ignorar até agora a sua música, algo que me valeu uma agradável surpresa. Os Ra Ra Riot enquadram-se bem na cena pop canadiana, de onde, ultimamente, só vêm bons projectos. Lembram uma mistura entre Árcade Fire e Broken Social Scene, têm uma boa atitude em palco e demonstram vontade de chegar a algum lado – digamos assim: são mais uma banda, mas não são uma banda a mais, como outras que figuraram no cartaz deste festival. Como não conheço muito destes nova-iorquinos, não me vou estender no comentário. O vocalista vibrou, e os restantes membros não lhe ficaram nada atrás, saltando, sorrindo, aproveitando um momento sem compromissos, um momento com escasso público a ser partilhado e não oferecido. Mais do que uma actuação, o concerto dos Ra Ra Riot foi uma comunhão de boas canções com amigos novos. Garanto-vos que vale a pena conhecer – nem quem seja para se dizer um seco “não me satisfaz o desejo de requinte”.
Também de Nova Iorque, vieram as meninas bonitas de David Lynch, também conhecidas como Au Revoir Simon. Proporcionaram um momento simples e infantil, uns felizes 50 minutos, cheios de risos e rasgos de timidez simpática por parte das três meninas e de sorrisos compreensivos dos demais presentes. A música não dava para muito mais do que isso – eu acho que seria melhor se tivessem feito as honras do palco, tanto porque davam uma oportunidade melhor aos Ra Ra Riot, como esses tinham música mais animada para manter o ritmo do público – com as suas caixas de ritmos, melodias simples e vozes doces, deram um concerto animado, o melhor que podiam dar, e merecem todo o respeito por isso. A verdade é que não são nenhumas bestas de palco: são demasiado delicadas para isso.
Chegou, finalmente, a vez dos Joy Division, pelas mãos de um Tributo. Sobre isso tenho de sublinhar algo que o Tiago me disse e com o que eu tenho de concordar: quando se transforma nas músicas mais importantes de Joy Division e se as deturpa (fala-se da mediática “Love Will Tear Us Apart” e da contagiosamente depressiva “Decades”) ao ponto de perderem as suas maiores qualidades, as coisas estão condenadas. A verdade é que Joy Division é uma banda com um legado frágil; fazer versões é algo extremamente complicado, principalmente se lhe retiramos os sentimentos base, ou a instrumentação que lhe concede esses sentimentos. O Tributo a Joy Division pecou por ambicioso. Louvem-se as intenções.
Os Biffy Clyro, quando subiram ao palco, já estavam de tronco nu. Não é difícil de compreender o porquê disso, tendo em conta o quanto transpiraram. A sua música tem as limitações do Emo-Core subvertidas, ainda que não se expandam em virtudes. É algo repetitiva. Mas a verdade é que os escoceses a vivem de com uma vivacidade impossível, algo que atribuiu muita intensidade ao seu concerto. Não foi inesquecível, nem memorável, foi simpático. Para festival, por muito mal enquadrados que estejam, são uma banda interessante.
Os Lemonheads foram uma seca. Para mim, claro. Já me disseram que lá na frente estavam a gostar, já me disseram que até lá os desprezaram. A coisa é que eu me vim sentar e acho que muita gente teve a mesma ideia. Se calhar devia ter dito naquele texto “#0” que não vi este concerto como gente a sério…
Thievery Corporation foi O concerto do palco principal. Entraram com uma simples DJ set, descomprometidos e sem grandes manias. Mas quando trouxeram o resto da banda, percebeu-se que aquele não seria um concerto qualquer: carregados de Groove, de sonoridades quentes e de capacidade de pôr muita gente a dançar. A verdade? Estes meninos do vinil assaltaram Paredes de Coura com muitos outros mundos, muitas influências, com um espectáculo riquíssimo, tanto pelas mãos dos variados vocalistas, como pelo corpo de uma belíssima bailarina; estes meninos colocaram em transe quem se decidiu a abrir a mente a tamanha panóplia. Foi uma escolha arrojada por parte dos organizadores colocar Thievery Corporation num cartaz tão focado no Rock, mas a verdade é que foi uma boa escolha, pois os americanos surpreenderam meio festival. E quem não cedeu e ficou sem dançar é cabeça dura. Foi, sem dúvida, um momento bonito.
Finalmente, o meu último concerto de Paredes de Coura ’08, desta feita no After Hours: Caribou. Devo dizer que fui ver por pura curiosidade, sem qualquer programa ou ideia preconcebida. Fiquei impressionadíssimo. Tenho medo de pensar qual seria o meu choque caso fosse para lá armado em carapau de corrida… Quatro pessoas simples estavam em palco a divertirem-se como podiam, com música ligeira e com a simplicidade de um electrónico ambiental, até que o vocalista-guitarrista abandona a sua Gybson e se senta numa segunda bateria. Vou dizer isto de uma forma curta e grossa: morri ali. As duas baterias sincronizadas levaram-me tudo. Foi algo de uma intensidade e de um ‘feeling’, que condicionou todo o concerto. Mas há que distribuir méritos: não foi era só nesses momentos que residia o segredo daquela banda, mas também não própria musicalidade, contagiante e que nos ultrapassava a todos. Ao vivo, Caribou são bestas apocalípticas e arrebataram a Praia fluvial do Tabuão com uma pinta tal que até me custou a acreditar em. Se dividem os louros com os Thievery Corporation? Eu diria até que foram muito superiores – ainda que reserve alguns cuidados quanto a esta afirmação, pois não sei, embora goste de acreditar que isso não iria mudar nada, como seriam as coisas caso o concerto tivesse decorrido no palco principal (por um lado teria sido melhor, pois ia conseguir sorver os momentos de duas baterias com as melhores condições sensoriais). A banda de Daniel Snaith partiu com tudo. Graças a eles vou trazer melhores recordações deste festival do que aquilo que devia. Sorte a da organização… Caribou para banda residente em Portugal! Eles que voltem, regressem e que arranjem casas por cá! Momentos assim deviam repetir-se todos os meses!
Ra Ra Riot: mais uma banda indie de Nova Iorque. Essa é uma descrição condenada, porque foi isso que me levou a ignorar até agora a sua música, algo que me valeu uma agradável surpresa. Os Ra Ra Riot enquadram-se bem na cena pop canadiana, de onde, ultimamente, só vêm bons projectos. Lembram uma mistura entre Árcade Fire e Broken Social Scene, têm uma boa atitude em palco e demonstram vontade de chegar a algum lado – digamos assim: são mais uma banda, mas não são uma banda a mais, como outras que figuraram no cartaz deste festival. Como não conheço muito destes nova-iorquinos, não me vou estender no comentário. O vocalista vibrou, e os restantes membros não lhe ficaram nada atrás, saltando, sorrindo, aproveitando um momento sem compromissos, um momento com escasso público a ser partilhado e não oferecido. Mais do que uma actuação, o concerto dos Ra Ra Riot foi uma comunhão de boas canções com amigos novos. Garanto-vos que vale a pena conhecer – nem quem seja para se dizer um seco “não me satisfaz o desejo de requinte”.
Também de Nova Iorque, vieram as meninas bonitas de David Lynch, também conhecidas como Au Revoir Simon. Proporcionaram um momento simples e infantil, uns felizes 50 minutos, cheios de risos e rasgos de timidez simpática por parte das três meninas e de sorrisos compreensivos dos demais presentes. A música não dava para muito mais do que isso – eu acho que seria melhor se tivessem feito as honras do palco, tanto porque davam uma oportunidade melhor aos Ra Ra Riot, como esses tinham música mais animada para manter o ritmo do público – com as suas caixas de ritmos, melodias simples e vozes doces, deram um concerto animado, o melhor que podiam dar, e merecem todo o respeito por isso. A verdade é que não são nenhumas bestas de palco: são demasiado delicadas para isso.
Chegou, finalmente, a vez dos Joy Division, pelas mãos de um Tributo. Sobre isso tenho de sublinhar algo que o Tiago me disse e com o que eu tenho de concordar: quando se transforma nas músicas mais importantes de Joy Division e se as deturpa (fala-se da mediática “Love Will Tear Us Apart” e da contagiosamente depressiva “Decades”) ao ponto de perderem as suas maiores qualidades, as coisas estão condenadas. A verdade é que Joy Division é uma banda com um legado frágil; fazer versões é algo extremamente complicado, principalmente se lhe retiramos os sentimentos base, ou a instrumentação que lhe concede esses sentimentos. O Tributo a Joy Division pecou por ambicioso. Louvem-se as intenções.
Os Biffy Clyro, quando subiram ao palco, já estavam de tronco nu. Não é difícil de compreender o porquê disso, tendo em conta o quanto transpiraram. A sua música tem as limitações do Emo-Core subvertidas, ainda que não se expandam em virtudes. É algo repetitiva. Mas a verdade é que os escoceses a vivem de com uma vivacidade impossível, algo que atribuiu muita intensidade ao seu concerto. Não foi inesquecível, nem memorável, foi simpático. Para festival, por muito mal enquadrados que estejam, são uma banda interessante.
Os Lemonheads foram uma seca. Para mim, claro. Já me disseram que lá na frente estavam a gostar, já me disseram que até lá os desprezaram. A coisa é que eu me vim sentar e acho que muita gente teve a mesma ideia. Se calhar devia ter dito naquele texto “#0” que não vi este concerto como gente a sério…
Thievery Corporation foi O concerto do palco principal. Entraram com uma simples DJ set, descomprometidos e sem grandes manias. Mas quando trouxeram o resto da banda, percebeu-se que aquele não seria um concerto qualquer: carregados de Groove, de sonoridades quentes e de capacidade de pôr muita gente a dançar. A verdade? Estes meninos do vinil assaltaram Paredes de Coura com muitos outros mundos, muitas influências, com um espectáculo riquíssimo, tanto pelas mãos dos variados vocalistas, como pelo corpo de uma belíssima bailarina; estes meninos colocaram em transe quem se decidiu a abrir a mente a tamanha panóplia. Foi uma escolha arrojada por parte dos organizadores colocar Thievery Corporation num cartaz tão focado no Rock, mas a verdade é que foi uma boa escolha, pois os americanos surpreenderam meio festival. E quem não cedeu e ficou sem dançar é cabeça dura. Foi, sem dúvida, um momento bonito.
Finalmente, o meu último concerto de Paredes de Coura ’08, desta feita no After Hours: Caribou. Devo dizer que fui ver por pura curiosidade, sem qualquer programa ou ideia preconcebida. Fiquei impressionadíssimo. Tenho medo de pensar qual seria o meu choque caso fosse para lá armado em carapau de corrida… Quatro pessoas simples estavam em palco a divertirem-se como podiam, com música ligeira e com a simplicidade de um electrónico ambiental, até que o vocalista-guitarrista abandona a sua Gybson e se senta numa segunda bateria. Vou dizer isto de uma forma curta e grossa: morri ali. As duas baterias sincronizadas levaram-me tudo. Foi algo de uma intensidade e de um ‘feeling’, que condicionou todo o concerto. Mas há que distribuir méritos: não foi era só nesses momentos que residia o segredo daquela banda, mas também não própria musicalidade, contagiante e que nos ultrapassava a todos. Ao vivo, Caribou são bestas apocalípticas e arrebataram a Praia fluvial do Tabuão com uma pinta tal que até me custou a acreditar em. Se dividem os louros com os Thievery Corporation? Eu diria até que foram muito superiores – ainda que reserve alguns cuidados quanto a esta afirmação, pois não sei, embora goste de acreditar que isso não iria mudar nada, como seriam as coisas caso o concerto tivesse decorrido no palco principal (por um lado teria sido melhor, pois ia conseguir sorver os momentos de duas baterias com as melhores condições sensoriais). A banda de Daniel Snaith partiu com tudo. Graças a eles vou trazer melhores recordações deste festival do que aquilo que devia. Sorte a da organização… Caribou para banda residente em Portugal! Eles que voltem, regressem e que arranjem casas por cá! Momentos assim deviam repetir-se todos os meses!
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