segunda-feira, agosto 04, 2008

Ideias de PDC

Vou usar mais ou menos o mesmo formato do André, e vão-me perdoar a possível escrita caótica. Mas, vendo bem, vim de Paredes de Coura.

Não vou entrar em melhores e piores, mas se me perguntarem quais os concertos de que gostei mais, aí direi sem hesitar The Mars Volta, Caribou, The Mae Shi e Primal Scream. TMV, sou suspeito, foi inferior ao que 3 de nós tivemos oportunidade de ver em Barcelona, mas mesmo assim foram The Mars Volta. Com polémicas, casos e acima de tudo Música. Uma autêntica lição. Ao falar de Caribou falo em levar uma pancada de todo o tamanho na minha cabeça. Não consigo explicar muito bem, por palavras, posso simplesmente dizer que adorei. Tal como The Mae Shi, que conhecia cabalmente, mas que pude ver como são poderosos ao vivo. No entanto, requerem alguma "preparação" de ouvido. Primal Scream conseguiram fugir ao rótulo de "dinossauros" e deram um concerto muito bem pensado, equilibrado, onde houve tanto os momentos mais rock como os momentos mais electrónicos que marcam a carreira da banda.
Pela positiva merecem o meu destaque os Editors, muito aguardados, num formato onde era dificil falhar, e que nos deram um concerto dentro das expectativas. Também os X-Wife deram um espectáculo grandioso, que mexeu muito com o público. Bellrays atiça com aquela voz bem poderosa. These New Puritans e Twin Turbo deram-me a volta ao cérebro de uma maneira fabulosa. Tal como Women in Panic.

Curiosamente, dois dos concertos que o André referiu como bons passaram-me um pouco ao lado. dEUS apresentou-se a um bom nível mas tocaram a seguir a The Mars Volta. Só sendo mauzinho ou estando mesmo muito decepcionado se pode duvidar aqui. Thievery Corporation - desde já digo que vi quase nada - mas do pouco que vi pareceu-me eclético, mas demasiado teatral. A performance em palco é muitas das vezes teatral, mas a boa diferença é quando isso não se nota. Outra exemplo escandaloso disto são os The Hives, presentes no Optimus Alive!. Nada é natural. Se quisermos ser preconceituosos poderiamos até dizer que era uma banda para o Sudoeste.

Não gostei dos Mando Diao - é incrivel como uma banda diz tantas vezes o seu próprio nome. Monótono. Pior ainda foi Sex Pistols. A música tem as limitações que se conhecem, e o espectáculo deles vive à base de dançares jingões, caretas e, diria eu, falsas convicções. The Rakes achei chato, tal como The Teenagers. A tecla já saltou de tão gasta!
Não vi algumas coisas, umas com muita pena (Au Revoir Simone, Biffy Clyro) e outros não com tanta pena (Lemonheads). Houve alguns concertos dentro do que seria de esperar, como Bunnyranch, Tributo a Joy Division, Wraygunn (tanta sorte!). De todos estes gostei.

Fazendo um balanço, e como eu tenho dito, eu fui a um Festival e não ver música, pode-se dizer que foi bastante positivo. Houve chuva, houve sol, houve banhos, houves milhares de outras coisas e houve música, muita música. Boa música.

P.S. - Ao ler algumas "pontuações" dadas pelo pessoal no fórum do Paredes de Coura, li uma frase que ajuda a demonstrar o que eu achei (e, no fundo, o que acho) dos The Mars Volta. E é a seguinte: "The Mars Volta - antipáticos, pretenciosos, deviam ter voltado, esforçaram-se pouco... ainda assim um dos melhores concertos da minha vida e talvez o melhor deste ano em paredes, musicalmente ninguem os bate."

7 comentários:

André Forte disse...

thievery tiveram coisas de sudoeste, é verdade. mas também é verdade que foi um concerto incrível.

a outra verdade é que eu e tu vamos andar às turras por causa de dEUS :P tu achaste que mars volta ofuscaram os rapazes, e eu não (e digo-te que eles deram um concerto muito bom). mas pronto.

André Forte disse...

e Biffy Clyro não é coisa para se querer ouvir muito... eu não conhecia muito, mas agora posso dar-te a minha opinião que é algo como "nhéééé..."

mas eles têm uma atitude invejável em palco, admita-se.

André Forte disse...

e agora cá para nós... não compreendo isso do "muito sudoeste".

::Andre:: disse...

Eu compreendo o que ele quer dizer. O Sudoeste é um parque de diversões, vai-se lá para conviver com os amigos, para praia e tal e a música vem em último.

André Forte disse...

pois, mas assim parece que paredes de coura é alguma elite cultural. e estando lá os sex pistols podemos contra-argumentar muito facilmente...

António Pita disse...

Ora bem, eu não gosto da expressão que usei. Aliás, como frisei, só se fossemos preconceituosos.

Mas, e se um gajo vir bem as coisas, os estilos musicais e até a própria cultura de cada festival, mesmo para quem está de fora, é fácil perceber que são diferentes. O Sudoeste aposta mais em coisas que vendem - independentemente da sua qualidade - e Paredes em coisas mais desconhecidas e menos radio friendly. Ora vejamos: Bjork é de uma qualidade inegável, O concerto que perdi este ano, mas passa na rádio, é um nome conhecido e tem parcerias com o Timbaland, por exemplo, que lhe dá alguma visibilidade mainstream. Paredes de Coura tem o careca do Caribou - quem é? - tem o power dos The Mae Shi - quem são? - Biffy Clyro - ok, ok, mas mesmo assim quem os conhece? E mesmo nos cabeças de cartaz, os cabeludos dos The Mars Volta, ou os excentricos Thierery?

Claro que havia nomes sonantes que chamam mais fãs - Pistols, Primal Scream e Editors - mas uma Vanessa da Matta vende mais discos e passa mais na rádio.

Com isto, que está confuso como a minha cabeça neste momento, quero dizer: acho que podemos afirmar, sem qualquer vaidade, que, regra geral, o público mais culto musicalmente está em PDC. O que não implica que não haja bons nomes no Sudoeste, nem tão pouco publico "sábio".

Estou para aqui a falar quando acho que toda a gente percebe o que digo. É a mesma coisa com as drogas. Toda a gente sabe em que festivais há mais ou menos, mas nunca ninguém faz afirmações categóricas porque podem magoar. É ou não é?

André Forte disse...

eu compreendo, de certa forma, o que dizes, mas não consigo concordar. Paredes é tão festival quanto o Sudoeste, e por isso vai para lá muita gente à nora só porque é "fixe". É inegável que o Sudoeste é pioneiro nisso, até por ser um festival muuuuiiito maior, mas Paredes não lhe fica nada atrás e nem é um ajuntamento de pessoas mais cultas. Mas faz sentido o que dizes, tendo em conta que o Sudoeste junta muito mais coisas num só prato.

Vá, encerre-se o assunto e não se fala mais nisso que ambos já nos entendemos (espero :P).