quinta-feira, abril 02, 2009

Ah, era a brincar... (e não é o Pinócrates)


Há poucas tradições jornalísticas que me irritem tanto como a das notícias falsas do dia 1 de Abril. O André já abaixo dava conta desta brincadeira, mas parece-me por bem deixar aqui uns pontos que me parece merecerem reflexão futura.
Desde que me lembro, o primeiro de Abril sempre serviu de pretexto para a divulgação de notícias falsas que, muitas vezes, fazem 1ºpágina. E aqui é que desponta a minha indignação. Quando um órgão de comunicação social relega para segundo plano a sua função (e obrigações) para colocar em primeiro lugar o entretenimento, algo está errado. O que aqui está em causa não é uma mera confusão do conceito de informação com o de entretenimento, mas sim a gravidade de, sem qualquer despudor, se veicular deliberadamente informações falsas. Este fenómeno parece-me, em certa medida, uma transposição da máxima carnavalesca do "é Carnaval ninguém leva a mal" para o espaço dos media. Acontece que todos estes pressupostos são ridículos. Se me amolgarem o carro no Carnaval fico muito, mas muito lixado, da mesma maneira que se me atirarem um balão de água o fico.
Ora, todas estas situações violam a lei. Atentar contra a integridade física, a propriedade privada ou (onde pretendo chegar) ao direito à informação, todos eles explícitos na Constituição da República Portuguesa. Assim, é caso para perguntar por que razão fecha a ERC os olhos a estas "brincadeiras". Chamem-me puritano, legalista ou simplesmente parvo. Aceito todas elas (principalmente a última). Porém, uma coisa é certa: não tem piada e viola a lei. E, pelo menos do meu ponto de vista, se é para violar a lei ao menos que valha a pena pois, caso contrário, é apenas mais um momento de falta de irrigação do lóbulo frontal.

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