Para um tipo que foi para a Zambujeira do Mar sem grandes expectativas, o segundo dia reservava alguns objectos de curiosidade mas nada de absolutamente incontornável. Sem a riqueza e diversidade do primeiro dia, era Bonde do Rolé que chamava mais a atenção no palco secundário, pois apesar da música intragável as suas prestações ao vivo já são míticas e, no palco principal, o meu interesse ia quase todo para os Cypress Hill e para os Cinematics, sobrando ainda qualquer coisinha para os Buraka Som Sistema, que deram um novo folgo ao kuduro e ficaram demasiado pequenos para caber neste país à beira mar plantado.
Antes de continuar, fica já o primeiro comentário: a tal banda de música e mensagem intragáveis, os Bonde do Rolé, deram o concerto da noite e um dos melhores de todo o festival. Posto isto, avancemos que eu já lá chegarei.
Antes de continuar, fica já o primeiro comentário: a tal banda de música e mensagem intragáveis, os Bonde do Rolé, deram o concerto da noite e um dos melhores de todo o festival. Posto isto, avancemos que eu já lá chegarei.
A primeira paragem do dia foi no palco principal para assistir ao concerto dos Cool Hipnoise, a quem coube a tarefa de substituir uma banda qualquer que tinha cancelado a sua presença. Concerto sem grandes apontamentos mas que ainda assim serviu para pôr as centenas de presentes a dançar e a fazer barulho. A isso não foi alheio o pedido da banda, que se inspirou na melhor poesia de retrete para realizar esta rima: “Hey Zambujeira, faz uma barulheira!”. A seguir veio Armandinho, nervoso com a sua estreia fora do Brasil, trocava as palavras mas sem nunca perder a simpatia. O público presente pareceu gostar e Armandinho ainda pediu no fim “uma salva de bandas” para os seus músicos. Eu cá acho que o que ele queria pedir era uma salva de palmas, mas o que é certo é que a seguir veio mesmo uma salva de bandas e a maioria passou-me ao lado.
Ido o Armandinho, entram os Outlandish que me prenderam durante longos 5 minutos e me abriram o apetite para uma boa jantarada. Ainda deu para ver quatro tipos a rappar com um ar meio perdido, metade do público indiferente e a outra metade a dançar (aquela metade que, por qualquer força estranha da natureza, até costuma dançar com a publicidade nos intervalos das bandas), e a banda fascinada e agradecida a despedir-se com umas fotografias à multidão para mais tarde recordar.
Com a barriga cheia e com um passeio dado pelo local, julgava-me preparado para receber os Cinematics, grupo que em CD não me convenceu totalmente por ser demasiado parecida com aquela banda chamada Editors que, por sua vez, é demasiado parecida com Interpol. Atenção que, contrariamente a Cinematics, considero Editors e Interpol duas bandas excepcionais, não há é paciência para a banda que segue a banda e por aí fora sem que a isso acresça qualquer novidade. O concerto começou com simpatia, teve bons momentos, como quando tocaram a música Break, mas não chegou para convencer, sendo tão cansativo como a versão em CD. Banda sem grande originalidade, com as influências mencionadas, e outras como Arctic Monkeys, sempre presentes em demasia.
Frustrada a esperança que tinha de que Cinematics ainda me surpreendesse, ainda restava a vinda dos Cypress Hill que aguardava com ainda mais interesse. Estes rappers são um verdadeiro clássico e dispensam apresentações. Os melhores dias já lá vão, pelo menos em termos de popularidade, mas o que é certo é que a prestação no Sudoeste serviu para confirmar que ainda estão em grande forma. Muito power e muita entrega, tanto dos músicos como do público, a confirmar que não é preciso ter a batida mais poderosa do mundo para pôr dezenas de milhares de pessoas a saltar. Sempre simpáticos e comunicativos, falando para o público em castelhano, a banda despediu-se com a "Rock Superstar" e com uma entrega de abraços e beijinhos para a fila da frente do concerto. Nota ainda para o traje do B-Real que veio equipado a rigor para a visita ao deserto, cobrindo a cabeça com um turbante ao melhor estilo das arábias.
Ido o Armandinho, entram os Outlandish que me prenderam durante longos 5 minutos e me abriram o apetite para uma boa jantarada. Ainda deu para ver quatro tipos a rappar com um ar meio perdido, metade do público indiferente e a outra metade a dançar (aquela metade que, por qualquer força estranha da natureza, até costuma dançar com a publicidade nos intervalos das bandas), e a banda fascinada e agradecida a despedir-se com umas fotografias à multidão para mais tarde recordar.
Com a barriga cheia e com um passeio dado pelo local, julgava-me preparado para receber os Cinematics, grupo que em CD não me convenceu totalmente por ser demasiado parecida com aquela banda chamada Editors que, por sua vez, é demasiado parecida com Interpol. Atenção que, contrariamente a Cinematics, considero Editors e Interpol duas bandas excepcionais, não há é paciência para a banda que segue a banda e por aí fora sem que a isso acresça qualquer novidade. O concerto começou com simpatia, teve bons momentos, como quando tocaram a música Break, mas não chegou para convencer, sendo tão cansativo como a versão em CD. Banda sem grande originalidade, com as influências mencionadas, e outras como Arctic Monkeys, sempre presentes em demasia.
Frustrada a esperança que tinha de que Cinematics ainda me surpreendesse, ainda restava a vinda dos Cypress Hill que aguardava com ainda mais interesse. Estes rappers são um verdadeiro clássico e dispensam apresentações. Os melhores dias já lá vão, pelo menos em termos de popularidade, mas o que é certo é que a prestação no Sudoeste serviu para confirmar que ainda estão em grande forma. Muito power e muita entrega, tanto dos músicos como do público, a confirmar que não é preciso ter a batida mais poderosa do mundo para pôr dezenas de milhares de pessoas a saltar. Sempre simpáticos e comunicativos, falando para o público em castelhano, a banda despediu-se com a "Rock Superstar" e com uma entrega de abraços e beijinhos para a fila da frente do concerto. Nota ainda para o traje do B-Real que veio equipado a rigor para a visita ao deserto, cobrindo a cabeça com um turbante ao melhor estilo das arábias.
Para fechar, veio o electro-kuduro (ou lá o que é aquilo) dos Buraka Som Sistema. Prova de fogo esta para o grupo que, salvo o erro, não tem nenhum membro habitante da Buraca. Com o nome a crescer lá fora e a ser mencionado nas melhores revistas com críticas lisonjeadoras, os Buraka tiveram a tarefa de fechar o maior festival do país. Uma aposta da direcção do festival com um final indeterminado mas que, apesar de tudo, acabou por correr bem. A prestação não foi muito consensual e eu faço parte da facção a quem o concerto não agradou, mas o que é certo é que poucos arredaram pé e, da grande maioria que se encontrava virada para o palco, eram poucos os que não dançavam. Logo aqui já há uma vitória: pôr as massas a dançar um estilo durante muito tempo marginalizado: o kuduro. Salvo este mérito, o som é pobre e demasiado cansativo, composto por uma batida repetitiva, um inicio de música sempre igual e uma vocalista que entra numa histeria infernal até ao fim do concerto. Confesso, no entanto, que me juntei ao coro da música que tem como refrão “filho da puta”, arremessando o meu impropério a ninguém, tal como fazia a maioria; mas depressa me cansei e conclui que a experiência teria sido bem mais libertadora quando, com os meus 5 anos, descobri que devia ser muito porreiro gritar asneiras só pelo prazer de chatear o pessoal.
No “Planeta Sudoeste”, assisti às prestações de Nastio Mosquito, Data Rock e Bonde do Rolé. O primeiro é uma espécie de poeta angolano que disserta sobre vaginas (ou mesmo conas), sobre pintelhos e mulheres bonitas ou feias. Não percebi bem se aquilo era um tipo bem senil ou uma tentativa de fazer stand-up comedy, mas desisti de tentar perceber e achei aquilo espantosamente terrível. No entanto, o tipo alternava esse número de stand-up com música e aí as coisas mudavam de figura: as letras tornavam-se interessantes, a voz dele igualmente e o som, com um tipo a divagar numa guitarra cheia de efeitos, ganhava outro poder. O que é certo, é que os presentes pareciam gostar mais da avalanche de parvoeira que o tipo debitava e lá fui eu, solitário, à procura de poiso melhor (ou então fui comer uma fartura, já não me recordo bem).
Depois de me perder pelo recinto e pelos artistas do palco principal, lá voltei à pequena tenda de circo para assistir ao concerto dos Data Rock, um grupo meio estranho constituído por quatro tipos de fato de treino vermelho, capuz na cabeça e óculos escuros. Foi um momento muito divertido, ver estes atletas de jogging a puxar constantemente pelo publico e a executar interessantes exercícios de aeróbica. O público vibrou o concerto todo, sempre a saltar e com um sorriso na cara com as prestações e coreografias dos artistas.
Depois de me perder pelo recinto e pelos artistas do palco principal, lá voltei à pequena tenda de circo para assistir ao concerto dos Data Rock, um grupo meio estranho constituído por quatro tipos de fato de treino vermelho, capuz na cabeça e óculos escuros. Foi um momento muito divertido, ver estes atletas de jogging a puxar constantemente pelo publico e a executar interessantes exercícios de aeróbica. O público vibrou o concerto todo, sempre a saltar e com um sorriso na cara com as prestações e coreografias dos artistas.
Enquanto isto, pelo recinto falava-se dos Bonde do Rolé e alimentavam-se as histórias e os mitos em torno dos seus concertos bombásticos. Símbolos do Funk da Favela que fez explodir no Brasil grandes concertos orgiásticos, este grupo liderado por uma rapariga pequenina mas meio possuída de nome Marina, tinha-me provocado um certo asco auditivo à primeira escutadela. O que é certo é que as histórias são tantas que o interesse em vê-los ao vivo não esmoreceu e só posso ficar satisfeito com isso. O concerto foi uma verdadeira bomba: a tal Marina não parou de saltar um segundo, tirou ovos de dentro das cuecas enquanto pedia ao público para “soltar a franga”, lambia os sovacos e pedia aos presentes para fazer o mesmo de forma a satisfazer o fetiche com axilas do DJ. O público extasiado respondeu à medida e passou metade do concerto a gritar “Marina mostra a vagina!” para grande alegria da artista. O outro vocalista também não parou um segundo, mas confesso que a minha atenção foi quase toda para a essa rapariga de fato de banho que partilhava as funções com ele, e estou certo de que compreenderão porquê. A tal Marina provou que se pode ser gordinha, baixinha e cheia de celulite e ainda assim transpirar sensualidade: bastava estar atento aos comentários de alguns rapazes e ver os olhares bicudos que saiam do público em direcção ao palco. Os Bonde do Rolé, depois desta prestação explosiva de onde saltaram poderosas fagulhas até ao canto mais remoto do recinto, ainda voltaram a aparecer no palco principal durante o concerto dos Buraka Som Sistema para partilhar com estes mais uns passos de dança e outra música qualquer meio intragável.
Nota ainda para o saltinho que dei ao palco do reggae, aonde tive a oportunidade de assistir a alguns minutos do concerto dos Soldiers of Jah Army. Antes de mais, há que referir que a visita a esta área é uma experiência social interessante pois é sempre divertido ver inúmeras tias da linha de Cascais, com os seus cabelos descolorados e bronze cenoura, a partilhar um pezinho de dança com pessoal com rastas até aos pés e roupas tricolores feitas de cannabis. Já os Soldiers of Jah Army não foram uma experiência tão interessante: um vocalista com uma voz que de tão fininha que era roçava mesmo o ridículo, um baixista albino com longas rastas, e o mesmo vocalista a cortar o balanço da música reggae com uns solos rock inconsequentes, daqueles mesmo chatos.
O mergulhador honorário, representando o Sismógrafo,
Diogo Duarte
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