Fiz ontem a minha única visita ao festival de Jazz mais cool de Portugal - única pois, como podem ver pelas minhas postagens, tempo é uma coisa que não tenho em abundância. E posso dizer-vos: ser Dixie não é só utilizar chapéus ou suspensórios por cima de uma camisa. Mas eu estou a pensar em adquirir ambos, só para acompanhar o contágio. Falamos de algo realmente electrizante.
A noite começou com os senhores Always Drinking Marching Band, dali de Barcelona. Não marcharam, mas que estavam com uma genica descomunal, estavam. O Jazz deles quase roçava o Funk, com aquele balanço e aquela força tão dançáveis que nos fazem ficar com vontade de dobrar sistematicamente os joelhos, como se estivéssemos a dançar. E foi assim, simpaticamente, durante três músicas com muita geleia (Nota do redactor: Jam no original; há quem lhe chame improviso) à mistura. Até que o simpático catalão diz, no seu espanhol catalónico, que iam ficar mais Dixie e que para isso iriam recorrer à ajuda da nossa diva do Jazz: a extremamente simpática Maria João. E aqui começou a festa a sério. A banda se ficou Dixie, foi nas músicas que tocou e pronto. De resto, o Jazz moda Funk com uma voz verdadeiramente Soul - ainda que ao solar mostrasse que dava para cantar tudo - vingou enquanto em palco estava essa gente. Muito se dançava em palco, enquanto que o público se mostrava renitente em fazê-lo. Os samples de bateria usados pela banda davam uma dinâmica muito diferente às músicas tocadas (eu diria que a famosa onda Funk vinha daí), e a Maria João não lhes ficou nada atrás, mostrando bem o que a sua voz era capaz de fazer: do mais grave som ao mais agudo em fracções de segundo extremamente bem afinadas; gritos imaculados de deixar uma pessoa siderada; e frases com a voz bem rouca, à moda dos Blues de antigamente. Bem, foi simplesmente incrível. Não se trata só de ter uma grande voz, como se diz que esta ou aquela têm; trata-se de fazer da voz um instrumento e saber utilizá-a como tal. E aqui, bendita Maria João, a senhora sabe incrivelmente bem o que faz!
Esta festa, com as geleias bem intercaladas entre voz e metais, com muitos sorrisos e com pés sempre em movimento, quer se estivesse sentado ou não, acabaria com um muito merecido encore, ainda que eu não saiba se isso é, ou não, prática corrente num concerto Jazz. Deve ser, porque nenhum dos que repetiu a passagem pelo palco se fez rogado.
Depois, o Dixie verdadeiramente dito é que assume as rédeas. Uma simpática pausa para mudar o palco, aproveitada pelos presentes para colocar a conversa em dia, deu tempo aos Disbundixie, de Leiria, para se prepararem. Assim que começaram a tocar pode-se dizer que alguém já sabia dançar o assunto: algumas senhoras a aproveitar a onda para colocar o seu charleston em dia começaram de imediato aos pontapés no ar enquanto que os braços desempenhavam simultaneamente o papel de Travoltas num febril sábado à noite, apontando repetidamente o tecto da tenda. Os Disbundixie agradeceram, mas ficaram só estas meninas e um ou outro rapaz embriagado (de música! Embriagado de música!!) a fazer as honras da pista de dança. Os rapazes de Leiria não falharam em nada, mostrando que tinham a lição bem estudada. Esse foi, provavelmente, o pormenor menos bom da sua actuação: nada falhava e as músicas acabavam por se tornar algo previsíveis. Mas compensaram em boa disposição e comunicação.
Segundos depois dos Disbundixie terem parado, estavam o público a pensar que era outra merecida pausa para o bom cigarro e as dançarinas a ponderar descalçar os saltos altos, quando os The Juggets Jazz Band saem dos bastidores, vindos da Holanda, a marchar liderados por um simpático velho de guarda-chuva e cartola e a tocar Dixie sem amplificação alguma, apenas a que os seus pulmões conseguíam - o que, se eles não tivessem todos cabelos brancos e proeminentes barrigas de quem há muito anda pelo mundo, não seria nada de impressionante. Mas lá genica tinham eles e a partir daí foi festa dura para a frente, com o velho a pular de forma aparatosa e de sombrinha bem levantada, sempre rodeado de senhoras do Charleston (acho giro dizer "senhoras do Charleston" como se estivesse a dizer "damas do Hip Hop"). Aqui o divertimento assumiu as rédeas ao típico Jazz, em que se fica sentado esperando para se aplaudir o grande solo. Confesso que nem reparei bem nos solos, mas eles devem ter acontecido. A verdade é que estes senhores de suspensórios estavam ali para a farra, e já estava eu a abandonar o recinto de guerra quando eles andavam a marchar por onde havia espaço - e o raio do velho de guarda-chuva não parava de levantar ora uma perna, ora outra!!
A organização está, claramente, de parabéns pela forma como esta V edição do festival internacional de Dixie está a acontecer. O espaço era fantasticamente perfeito para o evento. Mas as bandas fazem o resto, sem a ajuda de ninguém.
Bem, eu ainda não sei realmente o que é ser Dixie, mas acho que vou começar a fazer exercício físico diário e rigidamente estruturado, visto que eu não aguento tal farra... como prémio talvez me dêem um reco-reco e uns suspensórios.
A noite começou com os senhores Always Drinking Marching Band, dali de Barcelona. Não marcharam, mas que estavam com uma genica descomunal, estavam. O Jazz deles quase roçava o Funk, com aquele balanço e aquela força tão dançáveis que nos fazem ficar com vontade de dobrar sistematicamente os joelhos, como se estivéssemos a dançar. E foi assim, simpaticamente, durante três músicas com muita geleia (Nota do redactor: Jam no original; há quem lhe chame improviso) à mistura. Até que o simpático catalão diz, no seu espanhol catalónico, que iam ficar mais Dixie e que para isso iriam recorrer à ajuda da nossa diva do Jazz: a extremamente simpática Maria João. E aqui começou a festa a sério. A banda se ficou Dixie, foi nas músicas que tocou e pronto. De resto, o Jazz moda Funk com uma voz verdadeiramente Soul - ainda que ao solar mostrasse que dava para cantar tudo - vingou enquanto em palco estava essa gente. Muito se dançava em palco, enquanto que o público se mostrava renitente em fazê-lo. Os samples de bateria usados pela banda davam uma dinâmica muito diferente às músicas tocadas (eu diria que a famosa onda Funk vinha daí), e a Maria João não lhes ficou nada atrás, mostrando bem o que a sua voz era capaz de fazer: do mais grave som ao mais agudo em fracções de segundo extremamente bem afinadas; gritos imaculados de deixar uma pessoa siderada; e frases com a voz bem rouca, à moda dos Blues de antigamente. Bem, foi simplesmente incrível. Não se trata só de ter uma grande voz, como se diz que esta ou aquela têm; trata-se de fazer da voz um instrumento e saber utilizá-a como tal. E aqui, bendita Maria João, a senhora sabe incrivelmente bem o que faz!
Esta festa, com as geleias bem intercaladas entre voz e metais, com muitos sorrisos e com pés sempre em movimento, quer se estivesse sentado ou não, acabaria com um muito merecido encore, ainda que eu não saiba se isso é, ou não, prática corrente num concerto Jazz. Deve ser, porque nenhum dos que repetiu a passagem pelo palco se fez rogado.
Depois, o Dixie verdadeiramente dito é que assume as rédeas. Uma simpática pausa para mudar o palco, aproveitada pelos presentes para colocar a conversa em dia, deu tempo aos Disbundixie, de Leiria, para se prepararem. Assim que começaram a tocar pode-se dizer que alguém já sabia dançar o assunto: algumas senhoras a aproveitar a onda para colocar o seu charleston em dia começaram de imediato aos pontapés no ar enquanto que os braços desempenhavam simultaneamente o papel de Travoltas num febril sábado à noite, apontando repetidamente o tecto da tenda. Os Disbundixie agradeceram, mas ficaram só estas meninas e um ou outro rapaz embriagado (de música! Embriagado de música!!) a fazer as honras da pista de dança. Os rapazes de Leiria não falharam em nada, mostrando que tinham a lição bem estudada. Esse foi, provavelmente, o pormenor menos bom da sua actuação: nada falhava e as músicas acabavam por se tornar algo previsíveis. Mas compensaram em boa disposição e comunicação.
Segundos depois dos Disbundixie terem parado, estavam o público a pensar que era outra merecida pausa para o bom cigarro e as dançarinas a ponderar descalçar os saltos altos, quando os The Juggets Jazz Band saem dos bastidores, vindos da Holanda, a marchar liderados por um simpático velho de guarda-chuva e cartola e a tocar Dixie sem amplificação alguma, apenas a que os seus pulmões conseguíam - o que, se eles não tivessem todos cabelos brancos e proeminentes barrigas de quem há muito anda pelo mundo, não seria nada de impressionante. Mas lá genica tinham eles e a partir daí foi festa dura para a frente, com o velho a pular de forma aparatosa e de sombrinha bem levantada, sempre rodeado de senhoras do Charleston (acho giro dizer "senhoras do Charleston" como se estivesse a dizer "damas do Hip Hop"). Aqui o divertimento assumiu as rédeas ao típico Jazz, em que se fica sentado esperando para se aplaudir o grande solo. Confesso que nem reparei bem nos solos, mas eles devem ter acontecido. A verdade é que estes senhores de suspensórios estavam ali para a farra, e já estava eu a abandonar o recinto de guerra quando eles andavam a marchar por onde havia espaço - e o raio do velho de guarda-chuva não parava de levantar ora uma perna, ora outra!!
A organização está, claramente, de parabéns pela forma como esta V edição do festival internacional de Dixie está a acontecer. O espaço era fantasticamente perfeito para o evento. Mas as bandas fazem o resto, sem a ajuda de ninguém.
Bem, eu ainda não sei realmente o que é ser Dixie, mas acho que vou começar a fazer exercício físico diário e rigidamente estruturado, visto que eu não aguento tal farra... como prémio talvez me dêem um reco-reco e uns suspensórios.
1 comentário:
Fartei-me de rir com isto!
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