Um dia muito quente anunciava que não ia ser fácil para os fãs aguentarem na primeira fila para verem os seus idolos mais de perto. As sombras eram poucas e as filas intermináveis, para onde quer que fosse. O recinto, sabia-se, estava esgotado.
Desde cedo decidi que iria acompanhar as movimentações do palco secundário, onde cheguei mesmo às 17 horas, onde os
CAIM começavam a sua curta mas segura actuação. A presença de
Ciro Cruz, baixista que tocou em Coimbra com
Gabriel, O Pensador, foi o momento alto da actuação da banda madeirense. De seguida vieram os
Brothers of Brazil. Samba de festival em inglês, para tirar o pé do chão e olhar para as vestes amarelas e verdes do baterista, que tentava acelerar o passo, quando aumentava a cadência. Algumas covers brasileiras de sempre foram entoadas pelo público, que já enchia bastante as imediações do Palco Sunset aguardando um dos melhores concertos do dia, o dos
Buraka Som Sistema. A banda lisboeta partiu tudo o que havia a partir, levantou tudo o que havia para levantar, dançou, gritou, falou, trouxe convidados, enfim, deu alma às músicas que, no meu entender, não são de tanta qualidade num leitor de cd's.
Depois da correria em massa para o Palco Principal, reparei nuns
Kaiser Chiefs que já estavam a dar um bom concerto. Talvez preteridos pela hora ainda diurna da sua actuação, e também pelos Super-Buraka, os Chiefs não deixaram no entanto de dar ao seu público o que eles queriam ver.
Everyday I Love You Less And Less,
Ruby e
I Predict a Riot, entre outras, foram entoadas pelos largos milhares que já viam a banda de
Ricky Wilson, bem animado por sinal. Quando os britânicos abandonaram o palco, a tensão subiu. O público sabia que eram os
Muse que vinham aí. E quando vieram, deram o melhor concerto da noite. Pleno de emoção, a tocar grande parte dos álbuns, a provocar gritos de anticipação aos primeiros acordes das músicas. Nem a fita de
Bellamy conseguiu estragar a
New Born, ou outros tantos êxitos, como
Knights of Cydonia,
Hysteria,
Starlight (já vi uma boa cover desta),
Stockholm Syndrome, etc, etc. O concerto pecou apenas pela sua curta duração, e pelo simples facto de ser uma banda de 3 elementos naquele palco gigante. A rever obrigatoriamente numa próxima passagem a título individual. Quando a banda abandonou o palco, com
Take a Bow, as perto de 100.000 pessoas que os aplaudiam pediam mais, mas a banda não cedeu ao encore. Algumas pessoas abandonaram então a frente do palco, dando claro sinal de que não queriam ver as duas últimas bandas do Rock in Rio Lisboa 2008, dois icones da mesma juventude, do Punk ao Nu-Metal, os Offspring e os Linkin Park. Os
Offspring posso resumir numa simples palavra: sentado. Mesmo os grandes hits -
Pretty Fly (For a White Guy),
Self Esteem e
All I Want - já não são do tempo de hoje. Fica a recordação e pouco mais. No final, um concerto que me surpreendeu pela positiva. Não pela qualidade, mas pela entrega e honestidade dos
Linkin Park. É uma banda que facilmente ganha a simpatia de quem os está a ver, pelos olhares directos, pelo mergulhar na multidão, quer de
Mike Shinoda quer de
Chester Bennington, pela bandeira portuguesa no palco. E o concerto ganha com isso, bem como com a percepção da banda de que os seus êxitos ainda são aquilo que a banda é. Hits que toda a gente conhece como
Somewhere I Belong,
Numb,
Crawling,
In The End e
Breaking The Habit levaram os pais a temer pelos seus rebentos, que saltavam até à exaustão mesmo à sua frente. Terminado o concerto era tempo dos fãs mais emocionados limparem as suas lágrimas, acompanhadas por alguns "valeu a pena".
Depois de mais um passeio e ainda uma curta incursão pela "Tenda" Electrónica, a Missão Rock in Rio estava cumprida. Estive no covil do inimigo, mas volto o mesmo e sem suores frios.