Essa é, indiscutivelmente, uma das vertentes mais importantes da música: aquilo que escrevem dela. Quem é que antes de comprar/sacar um álbum não lê algumas coisas sobre o trabalho da banda, ou sobre esse trabalho específico, primeiro? Quem é que de nós, seres sedentários e sem grande coisa para fazer que não ouvir música, não gosta de confirmar e fundamentar as suas opiniões sobre banda X e Y com alguns artiguitos de uns badamecos cujo gosto até se aproxima do nosso? É uma vertente que dinamiza a própria música, que permite partilhá-la enquanto arte, que a cataloga, a separa em caixas de sapatos com etiquetas a dizer "Rock", "Clássica" ou "Pá Fumada", que até lhe atribui qualidades que os seus criadores não lhe queriam dar.
No fundo, é a vertente a que nós, mergulhadores natos, nos tentamos juntar e à qual procuramos pertencer, tendo em conta a sua importância. E, há que salientar, não só produzimos as nossas opiniões - mais ou menos viciadas - com ainda vamos buscá-las a fontes que temos e não temos em conta. Falamos mesmo das coisas mais velhinhas, sejam elas clássicos ou não. E no cruzamento destas duas situações surge aquela que pode figurar enquanto grande lacuna de um trabalho que se pretende decente: porque não ir buscar artiguitos de badamecos de há séculos geracionais sobre a música de então?
Se não o fizemos, porque não fazê-lo agora?
A minha primeira investida - e muitas das que se vão seguir, certamente - contra esta grande falha vai ser feita através do grande cronista Miguel Esteves Cardoso, com artigos que se encontram na antologia "Escrítica Pop", editada pela Assírio & Alvim. Esta obra de Miguel Esteves Cardoso contém, precisamente, crónicas sobre música que o senhor escreveu entre 1980 e 1982 - período em que até esteve em Inglaterra e chegou mesmo a ver concertos de Joy Division, por exemplo. À medida que vou lendo o livro, ele vai adquirindo contornos bíblicos para a minha pessoa - que neste momento se tornou admiradora desse ser descomunal da música escrita que é o Miguel Esteves Cardoso, bons ouvidos lhe deu o Senhor - e tenho de admitir que tem mudado muita a forma como vejo o acto de "escrever a música". É algo que tenho de partilhar convosco, essa arte de falar da arte.
No fundo, é a vertente a que nós, mergulhadores natos, nos tentamos juntar e à qual procuramos pertencer, tendo em conta a sua importância. E, há que salientar, não só produzimos as nossas opiniões - mais ou menos viciadas - com ainda vamos buscá-las a fontes que temos e não temos em conta. Falamos mesmo das coisas mais velhinhas, sejam elas clássicos ou não. E no cruzamento destas duas situações surge aquela que pode figurar enquanto grande lacuna de um trabalho que se pretende decente: porque não ir buscar artiguitos de badamecos de há séculos geracionais sobre a música de então?
Se não o fizemos, porque não fazê-lo agora?
A minha primeira investida - e muitas das que se vão seguir, certamente - contra esta grande falha vai ser feita através do grande cronista Miguel Esteves Cardoso, com artigos que se encontram na antologia "Escrítica Pop", editada pela Assírio & Alvim. Esta obra de Miguel Esteves Cardoso contém, precisamente, crónicas sobre música que o senhor escreveu entre 1980 e 1982 - período em que até esteve em Inglaterra e chegou mesmo a ver concertos de Joy Division, por exemplo. À medida que vou lendo o livro, ele vai adquirindo contornos bíblicos para a minha pessoa - que neste momento se tornou admiradora desse ser descomunal da música escrita que é o Miguel Esteves Cardoso, bons ouvidos lhe deu o Senhor - e tenho de admitir que tem mudado muita a forma como vejo o acto de "escrever a música". É algo que tenho de partilhar convosco, essa arte de falar da arte.
6 comentários:
O MEC não gosta de PJ Harvey e isso sempre me fez muita confusão nele...
infelizmente, não há ninguém perfeito :(
Perfeito? Porra André, não entres por aí!
Tem um gosto musical acima da média, muito por sorte do seu poder económico que possibilitou a ida para Inglaterra, etc, etc.
Sempre foi controverso, quase nunca com muita razão.
Para além de que é monárquico, para não lhe chamar outra coisa...
O MEC é daquelas figuras controversas que suscita em qualquer um a vontade de lhe espetar um murro bem assente. Mas é como a personagem do Gregory House. É retardado em alguns aspectos mas tem pinta o gajo, que se há de fazer?
E já agora, naquela época muito dificilmente se poderia cultivar um gosto musical acima da média sem poder económico.
mas que raio... eu não disse que o bode era perfeito. é preciso ter noção que ele fala simplesmente da música Pop (o que representa uma grande falha no seu conhecimento musical, pois a gema da música de então estava nas mãos de um Frank Zappa e de um Miles Davis), e sim, com uma consciência impressionante.
mas ele até nem tem o pior gosto do mundo, pelo contrário: há dias li uma caixa, na tv7dias em que ele aconselha aos leitores Joy Division. Hein?
epá, agora que penso, estava mal disposto quando escrevi isto.
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