sábado, setembro 29, 2007

Volta

O mais recente registo discográfico da diva da música alternativa, Björk, começou um fosso na crítica: estará este Volta ao nível do tão aclamado Post (ou seja, será a fórmula a mesma?)?; será este mais um trabalho da artista? A minha visão é diferente da crítica, portanto, já que gosto de olhar Volta como mais um grande trabalho de uma grande artista e que está realmente ao nível de Post, mas resultado de uma fórmula diferente.
A verdade é que quando se fala de uma artista como a diva islandesa, não se pode partir do princípio que repetir fórmulas é algo que se pondera; muito pelo contrário, à semelhança de alguns poucos génios da música contemporânea, as composições de Björk é resultado de contactos com outras realidades sonoras e da exploração dessas mesmas realidades, pelo que é, e sempre será, um produto de uma evolução constante, por acumulação de conhecimentos e culturas distintas. Há uns anos atrás a islandesa esteve durante largas semanas no Brasil, a fim de conhecer a música quente desse país. E, é claro, essa aplicação das diferentes realidades é observável na necessidade experimental que artistas assim sentem. Assuma-se Medulla como exemplo: este álbum não contém uma única música com instrumentos, isto é, todo o som que se ouve, por muito estranho que soe, é sempre uma vocalização.

Desta vez, o percurso musical de Björk trouxe-nos uma vertente mais electrónica, quase industrial, complementada por alguns instrumentos de sopro, ou seja, as sonoridades são todas conseguidas através de sintetizadores e metais, com o acrescento numa ou outra música de uma bateria e outras percursões. Quando ignorada esta nova realidade musical, o oriente da China invade-nos de forma ambiental, declarando qual o ritmo cardíaco com as suas batidas fortes, mas baixas, enquanto que instrumentos cujo nome eu não conheço, mas que são característicos do extremo-oriente, nos absorvem (destaco "I See Who You Are", neste género).
Estes sopros têm um papel muito característico em Volta, já que não fazem uma melodia, propriamente dita, mas sim um ritmo, à semelhança do uso que se dá a alguns violinos ou violoncelos, por exemplo. É claro que esse papel, dentro do próprio álbum, é subvertido: Volta não podia ser mais completo e cheio do que efectivamente é. As vocalizações não têm de ser destacadas pois são de Björk, cujas interpretações são distintas de tudo o resto e únicas.
Volta tem melodias mais ambientais, mais dançáveis, ou de pura raiva, o que me leva a caracterizá-lo como um trabalho de extremos; mas extremos que se equilibram muito bem no alinhamento de um excelente trabalho. Tanto se ouve uma canção de olhos fechados, como "The Dull Flame of Desire", como somos assaltados por uma vontade de saltar e partir tudo em nosso redor ao escutar "Declare Independence", ou por uma vontade de dançar ao som do primeiro single "Earth Intruders" ou da ritmica "Innocence".



Acho que é um erro dizer que um álbum de Björk é mau por ser diferente dos anteriores. Há a necessidade de conhecer os trabalhos dela para saber de qual se há-de gostar, ou para se perceber a evolução da artista. Volta é um bom exemplo do percurso musical da islandesa: imparável.


Deixo, também, algumas actuações de promoção de Volta:
Declare Independence
@ Jools Holland (dia 8 de Junho de 2007)



Wanderlust
@ Conan O'brien (dia 27 de Setembro de 2007)

quinta-feira, setembro 27, 2007

Ah, a divisão do prazer!

Sinto-me um nazi, em plena Segunda Grande Guerra, a atingir o climax...
Certo, foi uma má piada acerca do nome de Joy Division. Mas depois de adquirir os dois álbuns de originais por uns míseros €13,90... Sinto-me feliz, leve e bem!



Curiosidade e complemento: As "Joy Division" eram os grupos de mulheres judias escolhidas pelos soldados alemães para saciar os seus desejos sexuais.

Eu chamava a polícia...

Que me dizem do relvado VIP, no concerto dos Police? Não sabiam? Realmente, não interessa dizer que quem pagou mais podia ver o concerto de forma natural e regular, enquanto os menos ricos o viam a 60 metros do palco, já que haviam grades a fazer essa separação socio-económica. Eu diria vergonhoso... se a Democracia descobrisse, estava tudo entalado.
Acrescenta-se, também, que os acessos, de tão horríveis, levaram a que muita gente com bilhete comprado ainda estivesse no trânsito quando o concerto estava a terminar.

E foi este o meu comentário sobre o concerto mediático do ano... Já que não fui, fico-me a rir do ridículo espectáculo que montaram, que me parece mesmo uma piada. Fico como um rei a ouvir os bons velhos tempos deles, ao invés de pagar para ver mal (ou simplesmente não ver) velhos que já não sabem como ser bons - vá, o Sting ainda anda com genica...


Eu até admito que gostava de ter visto este concerto, mais por não os ter visto há 27 anos (pois ainda não era nascido)... Mas depois disto tudo até me sinto feliz por não ter ido. Eheh...

Os Fiction Plane parecem uma imitação tão copiada de Police que até ficam "quase-esquecidos"...

segunda-feira, setembro 24, 2007

Maldoror

Os Mão Morta têm previsto o lançamento do álbum que resulta da interpretação dos «Cantos de Maldoror», de Isidore Ducasse, para o já próximo Outono. Por enquanto, não certezas sobre a edição de um DVD do espectáculo juntamento com o CD Maldoror.
Certos são os concertos em Coimbra e em Lisboa, em 2008, onde o espectáculo sobre os Cantos deverá ser apresentado.

domingo, setembro 23, 2007

Pérola

Björk numa actuação na capela de Riverside, em Nova Iorque:

Unravel

Os Guys pararam a rolote aqui perto

Bem, como tenho escrito pouco achei que havia de compensar a minha desfeita através de um concerto. Como The Guys From The Caravan pararam relativamente perto, na praia da Tocha (perto de Cantanhede, terra perdida e coroada com uma actuação do monstro da poluição sonora, mais conhecido por Nelly Furtado). O bar Piolho já tem uma grande história, e curiosamente essa história já contabiliza algumas actuações de projectos passados dos membros dos Guys - confidenciaram-me eles - pelo que este pequeno concerto era de grande valor para eles.

Como costume, o concerto começou com a "Breaking Point". Para quem ainda não viu um concerto, pode parecer um início algo triste; ora que grande suposição, mas completamente desfasada da realidade: a versão ao vivo contém o inovador sistema Rocklor a que os Guys nos habituaram! É, portanto, um alegre início para um concerto que não nos deixa ficar mal, nem mal-dispostos. Sorrisos nas pessoas que entravam e nas que saíam: The Guys From The Caravan estão cada vez mais à-vontade em palco e cada vez mais contagiantes.

O alinhamento, apesar de parecido com os anteriores, apresentava algumas alterações e ainda duas aparições novas, provavelmente graças ao álbum que deve estar para aparecer (que os Guys saíram do estúdio há umas semanas, onde estiveram em clausura durante duas semanas, acompanhados pelo Flak, dos Micro Audio Waves e dos Rádio Macau). Uma das quais ficou-me marcada na cabeça: "Suicide". O refrão, de uma ironia que me lembra Morphine (hei-de falar neles aqui), canta «You love, you comite suicide!» com uma alegria descomunal, banhado com vozes à moda do grande teatro de Broadway, em Nova Iorque (aquele dos musicais). Fiquei realmente curioso para ouvir a versão gravada dessa música.

A cada concerto que passa e a que assisto, convenço-me que The Guys From The Caravan são uma banda de quase-massas, isto é, agradam a toda a gente, mas não são rapazes de aparecer nos morangos. Espero que o álbum não acabe numa editora major, que seria uma pena eles perderem a autonomia que lhes dá onda para fazerem o seu alegre e bem produzido Rocklor.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Zack De La Rocha está de volta!

Em sete anos, o letrista-cantor limitou-se a pequenas aparições e a um mais mediático regresso de Rage Against The Machine (RATM), não se sabendo mais que não boatos sobre um trabalho por editar. Desde o fim dos RATM que se fala de um projecto a solo do activista americano.
E, finalmente, esse trabalho chegou e traz-nos a participação do antigo baterista de The Mars Volta, John Theodore - por muitos considerado o melhor baterista da actualidade e eu quase que subscrevo tal consideração, não fosse "o melhor" um campo subjectivo de escolha.
O álbum ainda não tem um título, mas o autor já pensa na melhor forma de distribuí-lo (o que representa mais um golpe para a indústria de ladrões discográficos que enchem as lojas com CDs estupidamente caros). Esta "melhor forma" deve ser ponderada em conformidade com tudo aquilo que Zack De La Rocha, enquanto activista, defendia e defende, pelo que a Internet deve ser um meio a ter em atenção, não só para notícias, mas também para ter acesso ao álbum.

O activista De La Rocha esteve directamente envolvido no fim de Rage Against The Machine, uma banda que marcou pelo seu percurso de intervenção, não só através de concertos, mas de debates e encontros (onde se juntaram o Dalai Lhama e Noam Chomsky, por exemplo) para discutir os verdadeiros problemas e os verdadeiros "maus da fita" da actualidade. Claro que a música sempre foi um grande meio de levar a mensagem que defendiam, uma mensagem de liberdade e revolta por um mundo melhor, e como prova disso ficaram os concertos benefit dos quais a banda não lucrou um cêntimo e doou tudo a instituições para libertar presos políticos que defendiam causas maiores (os dois grandes presos políticos que RATM lutava por libertar eram Leonard Peltier e Mumia Abu-Jammal).
Facto é que o crescimento de Rage Against The Machine enquanto banda levou a que os seus horizontes deixassem de ter um carácter minimamente revolucionário. Como o próprio Zack De La Rocha disse, "os interesses pessoais de cada um de nós estão a minar o trabalho e o legado que deixámos motivados pelos nossos ideais". A verdade é que a importância comercial da banda assumiu uma importância indevida e, realmente, "não faz sentido continuar com o projecto e desfazer todo esse importante trabalho de que muito me orgulho", afirmou o activista na conferência em que anunciou o fim de RATM e os dois (supostos) últimos concertos - que viriam a ser gravados e editados em álbum.

Do percurso de Zack De La Rocha não se pode esperar menos do que um álbum de grande conteúdo. Musicalmente pouco se espera e muito se especula. Sabe-se, no entanto, que o compositor-letrista não se limita a cantar, mas assume a posição de teclista; fontes próximas do autor afirmam que o trabalho ronda as sonoridades de Led Zeppelin misturadas com o Hip-Hop mais underground e de sons menos indústriais.

Há que ter em conta esta estreia imensamente aguardada do antigo vocalista de Rage Against The Machine, em que se diz estar o produto de muito e árduo trabalho.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Trent "Shop Lifter" Reznor

Trent Reznor acusou (e com toda a razão) a indústria discográfica de praticar preços ridiculamente elevados, durante um concerto em Sydney. O mentor do projecto Nine Inch Nails afirmou que apesar de falar nesta questão constantemente, é em vão que o faz: "alguém viu os preços baixarem?", remata perante o público.
Partindo do princípio que a indústria roubava toda a gente, Trent Reznor incitou os fãs a responderem da mesma moeda e 'roubarem' os álbuns de Nine Inch Nails.
E há o bom ditado popular, "ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão", que concorda com ele. Acho que quando até o cristianismo, uma religião que por norma levanta obstáculos a coisas desnecessárias, apoia esta iniciativa... não há como não dar razão ao compositor.

E Reznor não foi o primeiro a indagar sobre este assunto: System Of A Down lançaram em 2002 o controverso Steal This Album!. Acho que há pouco a dizer senão...

Roubem!

segunda-feira, setembro 17, 2007

A Silver Mt. Zion

Já falei de Godspeed You! Black Emperor (GYBE). Agora falo de A Silver Mt. Zion, que em pouco difere: na realidade, retira-se a violinista, o baixista e o guitarrista de GYBE e acrescentamos alguns convidados e temos esta banda ambiental com toques neo-clássicos.

É fenomenal, vejam por vocês mesmos:

Stumble Then Rise On Some Awkward Morning

domingo, setembro 16, 2007

Ironias

O 50 Cent mostra-se confiante com os resultados das vendas - tendo em conta a aposta que fez. Apesar de estar em "desvantagem" por mais de 100 mil álbuns, este acha que ainda é possível inverter os resultados don número de cópias vendidas.
É caso para dizer: 'BORA KANYE!!!!

E os New Order já se ordenaram outra vez e são todos amigos: vão fazer um tributo ao falecido Tony Wilson. Porreiro...

sexta-feira, setembro 14, 2007

Scolari é português!

Finalmente andou à pêra, o que faz dele um verdadeiro português. Ainda por cima é sensato e admite o que fez de mal...

Aproveito para relembrar uma música do tempo em que o popular tinha qualidade, que me saltou à memória com isto tudo:

Michael Jackson - Beat It


Beat it, Felipão!

quinta-feira, setembro 13, 2007

Um verdadeiro génio...

...faleceu esta semana. Joe Zawinul, teclista e compositor nesta banda de monstros:

Weather Report - Black Market


Os Weather Report juntaram, durante muito tempo, sob a sua égide de Jazz-Fusão, os maiores músicos e compositores do século XX. Para além do grande, aclamado e falecido teclista, participavam na banda Wyane Shorter e Jaco Pastorius. Este grupo foi uma das maiores chapadas para os mais aficionados com o Jazz, que muito lhes custava admitir o verdadeir génio destes homens em relação aos típicos compositores de standards. Mas cedo se renderam às evidências...

quarta-feira, setembro 12, 2007

Ora...

David Fonseca, mais conhecido (neste blogue) por assobiar como os Guys From The Caravan, vai editar o novo álbum na segunda semana de Outubro. Estou curioso...

Os MTV Video Music Awards não só são uma fantochada, como são pouco saudáveis para músicos a sério; prova disso são os Mastodon, cujo vocalista ficou gravemente ferido na cabeça após ter actuado no evento.

Os Led Zeppelin confirmaram, finalmente, a data da sua reunião: 28 de Novembro é o dia aguardado pelos fãs que estão a fim de pagar 254 libras (370 euros) pelos bilhetes para a 02 Arena, em Londres.

Entretanto, o título do álbum tributo a Mão Morta já foi divulgado: E se depois..., à semelhança da música da banda tributada, conta com interpretações de Wraygunn, Bunnyranch, Dead Combo, Houdini Blues, Balla e Temple.

terça-feira, setembro 11, 2007

Pink Floyd

Depois de 40 anos, são tão falados os reis do Psicadélico e vistos como a "banda mais visionária" (citando uma revista de renome, mas de qualidade duvidosa). Pena que as referências feitas sejam em relação ao primeiro álbum, que há-de começar a ser ouvido agora, graças à sua reedição, e aos Pink Floyd pós-The Dark Side of The Moon. Este trabalho é o apogeu musical da banda, um álbum extremamente produzido e limado como só eles o conseguiriam fazer: até ao mais pequeno pormenor que seria esquecido por outrém, mas que assim que é mexido dá o toque psicadélico.

Com efeito, é esquecida a fase que chutou e possibilitou tudo isso. E não me refiro a Wish You Were Here, que veio como sucessor obrigatório de The Dark Side of The Moon e talvez não devesse ser colocado num patamar tão exagerado. Não digo que não é um patamar meritório, mas em relação aqueles que são os melhores trabalhos da banda, talvez seja exagerado - ou então os restantes são muito subestimados.
Quando falo dos melhores trabalhos dos britânicos, refiro-me principalmente a Meddle. Seis faixas chegam para mostrar a genialidade da banda que mais contribuíu para o Rock que se seguiu, reinventando os seus conceitos - e não visionando os que viriam, já que foram eles os pais do Psicadélico e uns dos principais contribuidores para o arranque do Progressivo, a par dos Beatles. Meddle começa logo com "One Of These Days", uma das músicas com mais força e balanço que já ouvi dos Pink Floyd, e com todos os efeitos que dão a sonoridade de 'fritanço' à música: baixos e delays, vozes distorcidas, baterias extremamente compassadas e um culminar de juntar tudo aos solos de guitarra de Gilmour. Depois, todo o álbum descreve um caminho introspectivo e intimista - a verdadeira face da psicose é, sem sombra de dúvida, o interior do ser humano e as suas sensações, pelo que as duas músicas que seguem são puras ressacas para a cabeça das pessoas e não deixam de carregar a calma e a melodia que desde sempre veio com os ditos "visionários"; "A Pillow of Winds" e "Fearless" deixam qualquer um pensativo.
"San Tropez" ainda se enquadra no intímo, mas é quase folclórico e descomprometido, um descanso para a alma, com o piano quase frio e ritmico que caracteriza a música negra a perder-se num solo extremamente bem conseguido. Em "Seamus" acontece o impossível: um cão cantar o blues e cantá-lo extremamente bem, na música e bem enquadrado (haverá mais psicadélico?).
Mas o topo de todo este trabalho vem em "Echoes", uma música rica em tudo o que Pink Floyd já fez, senão mesmo a mais rica. Aquilo que carrega é indiscritível: um começo introspectivo e completamente frito, arranca para o balanço todo que é possível na melodia e solos psicadélicos e fenomenalmente conseguidos. E tudo parece abrandar em mil ecos; parece que ouvimos muita coisa a acontecer nos sons surreais que os britânicos nos trazem. Repentinamente, quebra-se isso com um riff de guitarra e é um reset que se faz para o fim daquela que é a melhor música da banda que mais portas abriu para o Rock.

Meddle, de 1971, é o culminar de um percurso desenhado pelos Pink Floyd desde o álbum Ummagumma (onde participou pela última vez Syd Barret) de 1969 e que permitiu à banda atingir o topo das suas composições na sua obra máxima: The Dark Side of The Moon. É essencial conhecer esta verdadeira obra-prima para compreender o exlibris que os Pink Floyd atingiram após a sua composição. Graças ao seu carácter mais humanizado, este trabalho dos pais do psicadélico soa muito mais orgânico e puro, algo diferente, mas sempre Psicadélico e, acima de tudo, sempre Pink Floyd - senão o mais Pink Floyd de sempre.

segunda-feira, setembro 10, 2007

MTV Video Music Awards

Não posso deixar de partilhar a minha opinião...

Os artistas mais premiados este ano foram Justin Timberlake e Rihanna.
Acho que o Justin, dentro dos artistas da Pop actual é, sem sombra de dúvida, o mais razoável e audível de todos - visto que nem se preocupa em reinventar o que faz e se limita a ser a sombra do rei, Michael Jackson. Mas acho no mínimo dramático que o single do ano seja de Rihanna... principalmente o que pior letra (repara-se, "debaixo do meu guarda-chuva, uva, uva uva"), melodia e clip tem. A não ser que sejam esses os parâmetros, que nessa situação já faz algum sentido. Até porque, do muito pouco que tenho ouvido, o útlimo da mesma artista é bem mais rico musicalmente.
O que torna a situação mais grave ainda, na minha opinião, é a música "Umbrella" ter sido escrita, inicialmente, para a Britney Spears. Esse facto leva-me a questionar sobre a validade destes prémios (que é claramente nula): provavelmente a Britney ganhava, se tivesse ficado com os direitos da música, não é?

Em suma, todo o aparato em torno dos mais premiados e dos prémios mais importantes é reflexo simples de um só parâmetro de avaliação: as receitas, o dinheiro, que gira em torno da música. Afinal, a música mainstream está cada vez mais distanciada da sua realidade e existência enquanto arte, já que é cada vez mais um negócio conduzido de forma fria e para consumo.
Felizmente, existe a Internet que prejudica a desumanização da música e dá espaço à arte para se expandir.

Para se informarem sobre os restantes vencedores, visitem o Diário Digital.

Mazgani

Tem sido uma grande falha, manter esta grande referência da música portuguesa fora dos holofotes deste espaço, mas é uma lacuna que pretendo preencher agora. E é realmente opurtuno, já que a banda liderada por Shahryar Mazgani anunciou o lançamento do seu álbum no próximo mês de Outubro.

Mazgani, banda com raízes na cidade de Setúbal, foi declarada no ano de 2005 uma das 20 melhores bandas da Europa pela revista francesa 'Les Inrockuptibles', algo que só pode ser uma aproximação muito precisa da verdade. O som dos senhores da margem Sul é leve e descontraído, mas não esconde a profundidade de tudo o que têm para dizer, mesmo que seja o maior dos clichés - e se o for, é contornado pela música.

Assinados com a Naked, uma editora que se têm mostrado de uma imensa importância para as bandas em crescimento, dos Mazgani só se espera mais do bom que lhes vale o prestígio alcançado pela a Europa fora; e quem sabe se não o ganham tão merecidamente em Portugal?

sábado, setembro 08, 2007

Islândia a representar

As Amiina, as quatro senhoras que acompanharam Sigur Rós nas suas tours durante tanto tempo, aventuraram-se sozinhas. E finalmente, diga-se: ali não falta potencial. O seu álbum de estreia, Kurr, já editado no início do presente ano de 2007, é um grande marco da música de camera ambiental da actualidade e que merece ser escutado com toda atenção. Não só pela beleza dos instrumentos de cordas que acompanham o grupo e que marcou a presença deste no último Takk, de Sigur Rós, mas mesmo pelos restantes instrumentos pouco convencionais e pelos sons mais soturnos e misteriosos, geralmente protagonizados pelo bom serrote, esse instrumento de palhaços tão inteligentemente aproveitado por estas quatro senhoras que nos aguçam a vontade de estar à lareira e negar a realidade do exterior islandês.

A apresentar o já semi-novo Kurr, as Amiina deslocam-se a Portugal para dois concertos nos dias 4 e 5 do Outubro, na Casa da Música do Porto e no Santiago Alquimista da capital, dos quais só podemos esperar bons momentos de olhos fechados em que os presentes vão estar plenamente imersos na música, a aguardar, talvez, uma história de embalar; será um momento de felicidade sorrateira, que entra e satisfaz qualquer ouvido sem avisar ninguém.

Deixo-vos um pequeno clip de uma música do trabalho de estreia das Amiina. Não escondam surpresa, que é realmente bonito e quente (e o serrote... o belo serrote... e o restante! Nem conto mais...):
Seoul

sexta-feira, setembro 07, 2007

Paz...

...para o tenor. Admito não gostar, no todo, do trabalho do senhor; mas admito, de igual forma, respeitar imenso todo esse trabalho. Seria uma falta de respeito não mencionar, sequer, essa perda. Seria uma falta de respeito, porque a música não é feita linearmente e há quem goste.

Mas não é por essas pessoas que demonstro o meu respeito pelo grande tenor. É pelo próprio Parvarotti.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Deus é um astronauta...

... e ninguém sabia! A verdade é que estes senhores têm três datas marcadas para o nosso bom Portugal e isso passou-me ao lado.
Bem, agora já não passa mais. O preço dos bilhetes ainda é um mistério, mas God Is An Astronaut já têm presença marcada para os dias 18, 19 e 20 de Outubro no Passos Manuel, no Porto, no Santiago Alquimista, em Lisboa, e no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre, respectivamente.

Estes concertos já marcam o regresso de God Is An Astronaut, cuja primeira aparição - ou milagre, como preferirem - foi com Linda Martini a fazer a primeira parte. Infelizmente, não estive lá; mas relatos descrevem um concerto como uma grande imersão, já que para além da música extremamente ambiental, estão sempre a passar filmes (semelhantes ao que vou colocar abaixo), que ilustram de certa forma a música deles e complementa de uma forma ideal o espectáculo.
Vale a pena! E eu espero não faltar!

Eis um belo exemplo do que estes senhores fazem:
The End of the Beginning

Mais um para Novembro

Marylin Manson traz um novo álbum (Eat Me, Drink Me, editado este ano) e não só: traz Turbonegro. O concerto está marcado para dia 19 do mês de Novembro, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.

Confirma-se a reactivação dos Led Zeppelin

Ao que parece, Robert Plant confessou a um fã que os Led Zeppelin vão voltar ao activo, mas apenas por um concerto. Rumores fazem crer que será um concerto beneficiência a decorrer em Londres por volta do mês de Novembro (que não pára de se tornar maior e maior, caramba!)

The Vicious Five reconhecidos na Europa

Os nossos compatriotas, The Vicious Five, foram nomeados pela MTV (e é melhor que nada) para a categoria New Sounds Of Europe, dos European Music Awards. A eles juntam-se os Buraka Som Sistema, os M.O.S.H., os Mundo Secreto e SP&Wilson, mas com estes não me preocupo eu...
The Vicious Five, uma banda caracterizada pelo seu Rock irreverente e revoltado, sempre com algo a dizer, sem nunca esquecer o gosto pela dança e pela alegria de ter música para tocar e ouvir, são das bandas que ainda têm muito para dar e para dizer; o mediatismo parece-me quase um risco, mas também tenho ideia de que eles não são crianças e gosto de acreditar que talvez isso não altere nada.
Fiquem atentos.

E boa sorte para eles! Se tiver que ganhar alguma banda portuguesa, que sejam eles, já que a única banda minimamente inovadora é Buraka, mas não têm a qualidade dos TVF, em que a energia, aliada à pertinência das ideias da banda, é a sua mais valia.

O single que deixou muita gente positivamente impressionada:
Bad Mirror

É a festa rija! A verdadeira revolta fundamentada!

Deixo aqui aquilo que é, na minha singela opinião, um grande exemplo de uma boa música e uma GRANDE letra:

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afectação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer da nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção
Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha que o que vem é perfeição...

"Perfeição" de Renato Russo,
vocalista de Legião Urbana


Eis o clip de Perfeição, pelos Legião Urbana

terça-feira, setembro 04, 2007

primavera de destroços

Num trabalho tão natural dos Mão Morta - heterogeneo dos restantes, partindo sempre das melhores poesias que se escrevem na língua portuguesa -, primavera de destroços retrata-nos um jardim sem brilho, humano e nosso. Quem não viu a morte a "vaguear por entre as ruínas e o trânsito do fim da tarde"? O mais impressionante, para além da sensação de rotinas a partir, é o carácter visionário que as músicas contêm, que já respiram os ares de Post-Rock que ainda invadem Portugal.
Instrumentalmente, toda a música é característica, perfeitamente adequada às letras - que são, e sempre foram, a principal preocupação da banda, já que todos os álbuns são construídos a partir delas - e reflexo de cada ideia, intensificadores autênticos dos sentimentos e sensações transmitidos na poesia de Adolfo Luxúria Canibal. Cada guitarra, cada solo, os baixos, as baterias e a própria electrónica da produção estão perfeitamente tecidas numa peça uniforme e única. Destaco, por exemplo, o baixo da "Tu Disseste". Musicalmente, é uma agressão ao que se ensina e o que se ouve normalmente: é um baixo sem o dito groove que apetece dá o balanço à música e a necessidade de nos movimentarmos com ela - dá-nos, antes, vontade de tropeçar - e é quase anti-musical, esquecendo o ritmo natural da canção; a realiadde é que se enquadra na perfeição do todo e acompanha de uma forma subliminar a voz cavernosa de Adolfo, adicionando um carácter de diáogo ao resto da melodia. Igualmente fantástico é o solo de guitarra de "Arrastando o seu cadáver", que nos transmite, através de notas dissonantes e desafinadas, a agonia reflectida no poema; e não se distancia da restante composição, complementa-a com excelência.
Das letras, há tanta coisa a dizer e tão poucas maneiras correctas de as descrever que considero imperativo lê-las, ouvi-las acima de tudo, para compreender a complexidade que carrega. As letras são a descrição de uma realidade suja e imunda, humanamente normal.

Não considero este álbum a obra-prima dos Mão Morta; considero-o uma das obras-primas dos bracarenses que tanto deram e ainda dão à realidade musical portuguesa, reinventando e quebrando as repetições (a grande prova disso é a interpretação dos Cantos de Maldoror, uma obra literário de uma complexidade da escrita, da mensagem e das ideias memorável e revolucionária). Considero a primavera de destroços como o trabalho dos Mão Morta que mais me agrada musicalmente, que me soa mais maduro, evoluído e complexo. Noutros níveis, serão outros álbuns que ocupam o lugar de "melhor", naturalmente.

Acho que primavera de destroços é um marco para a música portuguesa e um álbum a ter em conta. Façam o favor (a vocês mesmos) de o ouvir.

Ora...

Um estudo levado a cabo por dois médicos conceituados diz que os músicos têm uma esperança média de vida muito mais reduzida que o resto da população. Na América chega aos 42 anos e na Europa não passa os 35.
O estudo avaliou 1050 músicos activos entre os anos de 1956 e 1999 e apontou os excessos a nível de substâncias ilicitas como as principais causas de morte.

Noutro episódio, a bela Björk viu-se obrigada a "agredir" (as aspas servem para atenuar o efeito da coisa... ela não agrediu, desviou a câmara do rapaz) um paparazzi. Realmente, ele foi avisado várias vezes.

E, infelizmente para os fãs, Peeping Tom ficou para trás e já não acompanham Massive Attack até ao nosso jardim à beira-mar plantado. A banda que os irá substituir ainda não foi anunciada; aguarda-se, portanto...

domingo, setembro 02, 2007

Sabiam que...

...o Tom Waits vai actuar no Coliseu de Lisboa no dia 24 do grande grande mês de Novembro? Junta-se aos Interpol e aos Editors na lista de grandes nomes para esse grande grande mês.

Led Zeppelin de volta

Os históricos britânicos reunem-se para um concerto em Londres, no Outono. O baterista? Continua morto, mas o seu filho assume o legado do patriarca de baquetas erguidas a fim de ritmar Jimmy Page e companhia. Este concerto é, claramente, o culminar das grandes especulações em torno do álbum de êxitos a ser editado a 11 de Novembro, intitulado de Mothership.