quarta-feira, agosto 05, 2009

A vergonha e o emo

A questão do Emo, Emocore, ou Screamo, é uma questão deveras sensível. Há um grande preconceito em torno disto - tão grande que eu, há pouco mais de um ano, ouvi (ou li, ou alguém me contou, não posso precisar) alguém dizer: "não me apetece nada ir a Paredes de Coura. Vai lá Mars Volta, aposto que aquilo vai estar cheio de Emos."

Uma verdade nesta afirmação: Mars Volta é um bocado/tem coisas de emo (ou teve, em tempos mais felizes, principalmente no De-loused in the Comatorium) e essa foi uma das características que dentro do Progressivo os distinguiu; da mesma forma que, para mim, At The Drive-in se encaixa perfeitamente no compartimento Screamo, apesar de serem planetas distintos - no fundo representam uma mesma escola. Estúpido é julgar as pessoas que os ouvem tendo em conta um rótulo, mas adiante...

Onde quero chegar com isto é que, neste momento de pura invenção de produtos para rápido consumo, o Emo acabou por ser uma fórmula eficaz, que reúne muita massa e afasta uns tantos indivíduos. Talvez por apelar mais facilmente à faixa etária perdida nos meandros da puberdade... É complicado tecer comentários neste ponto, mas a verdade é que há coisas destas a resultar desses estudos de mercado sobre o actual estado da Pop:


Haverá algo mais ridículo do que isto? A sério, digam-me se houver. É que eu, desde que o António Pita, numa sessão de amena cavaqueira, me mostrou esta pérola, já não tenho dedos nas mãos para contar as vezes que vi este vídeo só para saciar a mais pura e imaculada vontade de me rir a bandeiras despregadas. Parece-me verdadeiramente impossível não acontecer.

Mas a verdade é que há dias andava a vasculhar os meus computadores em busca de mp3 perdido e encontrei coisas tão interessantes (que há uns anos eram brutais para mim), mas que não deixam de me envergonhar ligeiramente por estarem imediatamente coladas a esses marmanjos. Vou deixar um exemplo de Screamo que fazia parte dessas coisas que eu com tanto prazer ouvia e que ainda hoje, de vez em quando, me fazem sorrir:

Thrice - Stare At The Sun - Music Video

Fico sempre com uma pergunta a deambular na cabeça quando repesco estas coisas: será que alguma coisa falhou? É que, para todos os efeitos, partilhar uma prateleira com Attack Attack! não é bom para ninguém. Aliás, é vergonhoso - sim, vergonhoso. No entanto, vou manter-me seguro de mim e acreditar que a fórmula apenas pegou; vou continuar a acreditar que há óptimos exemplos de Emo bom - estando este álbum de Thrice, o primeiro de Mars Volta, os Envy, os At The Drive-in e até uns Trail of Dead entre eles (e assim se faz um texto vergonhosamente Emo, ou se termina um texto normal duma forma emocional).

PS: se isto foi uma desculpa para postar uma das piores músicas do século?! Por quem me tomam?! Não é que foi quase?

6 comentários:

b disse...

folgo muito o uso da expressão "rir a bandeiras despregadas". e folgo ainda mais teres postado este vídeo. obrigada, andré. a sério.

André Forte disse...

também gostas de thrice ou decidiste fazer uso da ironia?

b disse...

a ironia é o meu nome do meio, andré forte.

André Forte disse...

então permite-me que te diga: já há uma folga em bandeiras despregadas :P

vanessa disse...

Mas voçês conseguiram ver os videos? Eu sou mesmo uma menina, nem vi metade do 1º,temi pela minha integridade fisica, pois temi que me fosse automutilar ao querer arrancar os olhos com a colher com que estava comer a minha sobremesa.

André Forte disse...

VÊ O PRIMEIRO VIDEO ATÉ AO FIM!!!!!

Vanessa, se por volta dos 2min e tal não acontecer uma mudança épica na música, podes nunca mais falar comigo, que eu não me chateio. É tão imprevisível e inesperado que vais cair da cadeira e rir-te como nunca. Vale mesmo a pena!!!!! (um teaser: carrinhos de choque).