quarta-feira, agosto 12, 2009

Mergulho em Paredes de Coura '09 - dia 3


Depois de 2 dias consistentes de boa música, chegava aquele que mais gente atraiu a Paredes de Coura. Com Nine Inch Nails a cabeça de cartaz, estava já pré-definido que o 3º dia do festival seria o melhor. E foi, sem qualquer tipo de dúvida.

O primeiro concerto que vi pertenceu à banda do Alaska, Portugal. The Man. Curiosamente, conheci esta banda aquando da primeira vinda de Trent Reznor a Portugal, em 2007. O pôr-do-sol courense foi testemunho da estreia dos americanos em Portugal que, apesar de não serem muito conhecidos por estas bandas, cativaram uma boa mão cheia de gente, algo positivo tendo em conta a hora a que tocaram. O concerto teve um bom fio condutor, tendo havido vários momentos longos de música ininterrupta, graças à capacidade da banda alongar os seus temas, dando-lhes mais experimentalismo, adicionando diferentes sonoridades, o que se reflectiu, consequentemente, na longevidade das músicas. Foi um excelente primeiro concerto em Portugal, num festival que, este ano, primou pelas estreias nacionais.
Depois de ter falhado Blood Red Shoes (creio que só 2 mergulhadores é que viram) chegou a vez da irreverente Peaches. Após ter passado pelo nosso país no Optimus Alive!08 em DJ set, a canadiana vinha agora para um concerto completo, acompanhada pela sua banda Sweet Machine. Mal o concerto começou, o potente baixo tomou conta da plateia. O rock electrónico levado a cabo pela artista deixou o corpo de qualquer um a tremer, literal e figuradamente. Foi um concerto repleto de fucks, shits, motherfuckers e fatherfuckers. Peaches mostrou ser uma entertainer nata, mudando de outfit várias vezes ao longo do concerto, provocando o público, comunicando abundantemente e, acima de tudo, mantendo um espectáculo de elevada qualidade, algo que foi mais tarde salientado por Trent Reznor à imprensa. The Teaches Of Peaches, Fatherfucker e I Feel Cream foram os álbuns mais visitados, num concerto provocante e cheio de força, que terminou com a eléctrica Fuck The Pain Away.

Nine Inch Nails foram os responsáveis pela enchente de portadores de bilhetes pontuais no dia. Algo mais que esperado, uma vez que se espera que esta tenha sido a última passagem do projecto de Trent Reznor pelo nosso jardim. Foi a 2ª vez que o projecto NIN veio ao nosso país, sendo que a primeira, em 2007, foi em dose tripla. Abrindo com o tema inicial de The Fragile, Somewhat Damaged, Reznor e companhia emergiram da nuvem de fumo que enchia o palco, começando o concerto lenta e progressivamente e estabelecendo logo a atmosfera negra e a sua imponência física. Seguiu-se uma setlist perfeita até ao fim (ver em baixo). Primeiro visitou-se The Downward Spiral através de March Of The Pigs e Piggy. Houve tempo para reviver uma colaboração com David Bowie há alguns anos, facto relembrado pelo frontman da banda, com I’m Afraid Of Americans. Um dos melhores momentos do concerto chegou quando, invariavelmente, Reznor incidiu em The Fragile: a sequência que começou com La Mer (tocada na íntegra!) e terminou com The Wretched foi das melhores coisas que ouvi este ano, chego mesmo a dizer que foi tocante. Entretanto fui visitar a Cruz Vermelha, pelo que perdi, entre outras, Non-Entity, b-side de With Teeth, e Gone, Still, instrumental magnífica do álbum Still. Após Wish e Survivalism, único tema recente tocado no concerto todo, chegou a apoteose final com a enérgica Head Like A Hole, seguida da antítese Hurt e um “Thank You, Good Night” final, com a banda a desaparecer do palco. Pode ter sido a última vez que muita gente viu NIN em Portugal e, quem sabe, na vida. Eu não acredito muito, descrença esta acompanhada de alguma esperança. Por que é que este não foi, para mim, o concerto do Verão? Dois factores muito importantes pesam aqui: já vi Nine Inch Nails em nome próprio e agora mais recentemente tive o privilégio de ver Faith No More. Não deixou de ser, no entanto, um concerto histórico, que não vou esquecer tão cedo. Obrigado Trent!

Setlist NIN:

1. Somewhat Damaged
2. Terrible Lie
3. Sin
4. March Of The Pigs
5. Piggy
6. The Becoming
7. I'm Afraid Of Americans
8. Burn
9. Gave Up
10. La Mer
11. The Frail
12. The Wretched
13. Non-Entity
14. I Do Not Want This
15. Gone, Still
16. The Way Out Is Through
17. Wish
18. Survivalism
20. The Hand That Feeds
21. Head Like A Hole

22. Hurt

9 comentários:

Si disse...

acho q a terrible lie é do pretty hate machine, tal como a sin...

vanessa disse...

A Si tem razao, essas duas são do Prety Hate Machine de 1989 e a Gone, Still é do Still, que foi lançado com o And All That Could Have Been, mas ja foi lançado em nome proprio.
Mas aparte disso esta muito bom Negrão, é pena que não me tenhas reconhecido lol

André Forte disse...

um abraço para o chorão do Trent Reznor (aposto que ele lê o nosso blogue), que soluçou de emoção na Hurt. Foi ou não, Vanessa?

vanessa disse...

Se foi caro André Forte, foi por causa disso que me fui abaixo, se ele se tivesse mantido na linha eu tinha aguentado a cena, mas aquele momento... ai danado.

vanessa disse...

Foi sim senhor carissimo André Forte, aliás, foi por causa disso que eu também não me consegui conter mais,e fui me abaixo, que nem uma menina.
O demónio! A culpa é dele.
Mas ele já disse que tanto ele como o site oficial vai estar no activo, simplesmente os NIN não vão estar em tournés durante algum tempo se não for mesmo indeterminado.
Mas ele vai andar por aí e quando menos esperarmos ele salta em cima de nós.

vanessa disse...

ÁH! Ele realmente lê o nosso blog, ele disse no concerto mas ninguem notou,porque só se ouviu do lado de onde eu estava, ele disse e passo a citar: "A big kiss for the Stage-Diving boys and godess".
Aí está.

Eduardo Negrão disse...

My bad: terrible lie foi simplesmente distracçao, a Gone Still é que nao sabia mesmo q era de uma cena chamada Still, a parte das cenas ao vivo do AATCHB. Fui so eu, ou o publico era mesmo muito fraquinho? achei uma diferença abissal entre o publico em NIN PDC e em NIN coliseu. Mais do que o esperado

Si disse...

achaste publico fraquinho? nao q eu tenha visto nin noutra ocasiao mas achei o publico brutal. aqele moche inicial chateou um bocado mas acho q a culpa tb foi nossa, armarmo nos em campeoes e pormo nos la a frente... se bem q era tudo gente bem educada, como se viu qnd o andre pediu delicadamente a um dos 20 senhores de 2metros q se deslocasse um poquito porque estava a obstruir o campo de visao do caro colega forte. e ele assim o fez.

e o trent tb gostou. "great audience" diz ele. "cool place to play". e nós respondemos o quê?

WOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!

trogloditas de merda.

vanessa e andre: os ventos do sul levantaram se durante a hurt e entraram-lhe bue cenas nos olhos. e aquilo dos soluços? experimentalismo puro.

André Forte disse...

é verdade, silvia, às vezes esquecemo-nos de que ele é um génio.