Depois de 2 dias consistentes de boa música, chegava aquele que mais gente atraiu a
Paredes de Coura. Com
Nine Inch Nails a cabeça de cartaz, estava já pré-definido que o 3º dia do festival seria o melhor. E foi, sem qualquer tipo de dúvida.
O primeiro concerto que vi pertenceu à banda do Alaska,
Portugal. The Man. Curiosamente, conheci esta banda aquando da primeira vinda de
Trent Reznor a Portugal, em 2007. O pôr-do-sol courense foi testemunho da estreia dos americanos em Portugal que, apesar de não serem muito conhecidos por estas bandas, cativaram uma boa mão cheia de gente, algo positivo tendo em conta a hora a que tocaram. O concerto teve um bom fio condutor, tendo havido vários momentos longos de música ininterrupta, graças à capacidade da banda alongar os seus temas, dando-lhes mais experimentalismo, adicionando diferentes sonoridades, o que se reflectiu, consequentemente, na longevidade das músicas. Foi um excelente primeiro concerto em Portugal, num festival que, este ano, primou pelas estreias nacionais.
Depois de ter falhado
Blood Red Shoes (creio que só 2 mergulhadores é que viram) chegou a vez da irreverente
Peaches. Após ter passado pelo nosso país no
Optimus Alive!08 em DJ set, a canadiana vinha agora para um concerto completo, acompanhada pela sua banda
Sweet Machine. Mal o concerto começou, o potente baixo tomou conta da plateia. O rock electrónico levado a cabo pela artista deixou o corpo de qualquer um a tremer, literal e figuradamente. Foi um concerto repleto de
fucks, shits, motherfuckers e fatherfuckers.
Peaches mostrou ser uma entertainer nata, mudando de outfit várias vezes ao longo do concerto, provocando o público, comunicando abundantemente e, acima de tudo, mantendo um espectáculo de elevada qualidade, algo que foi mais tarde salientado por
Trent Reznor à imprensa.
The Teaches Of Peaches,
Fatherfucker e
I Feel Cream foram os álbuns mais visitados, num concerto provocante e cheio de força, que terminou com a eléctrica
Fuck The Pain Away.
Nine Inch Nails foram os responsáveis pela enchente de portadores de bilhetes pontuais no dia. Algo mais que esperado, uma vez que se espera que esta tenha sido a última passagem do projecto de
Trent Reznor pelo nosso jardim. Foi a 2ª vez que o projecto
NIN veio ao nosso país, sendo que a primeira, em 2007, foi em dose tripla. Abrindo com o tema inicial de
The Fragile,
Somewhat Damaged,
Reznor e companhia emergiram da nuvem de fumo que enchia o palco, começando o concerto lenta e progressivamente e estabelecendo logo a atmosfera negra e a sua imponência física. Seguiu-se uma setlist perfeita até ao fim (ver em baixo). Primeiro visitou-se
The Downward Spiral através de
March Of The Pigs e Piggy. Houve tempo para reviver uma colaboração com
David Bowie há alguns anos, facto relembrado pelo frontman da banda, com
I’m Afraid Of Americans. Um dos melhores momentos do concerto chegou quando, invariavelmente,
Reznor incidiu em
The Fragile: a sequência que começou com
La Mer (tocada na íntegra!) e terminou com
The Wretched foi das melhores coisas que ouvi este ano, chego mesmo a dizer que foi tocante. Entretanto fui visitar a Cruz Vermelha, pelo que perdi, entre outras,
Non-Entity, b-side de
With Teeth, e
Gone, Still, instrumental magnífica do álbum
Still. Após
Wish e
Survivalism, único tema recente tocado no concerto todo, chegou a apoteose final com a enérgica
Head Like A Hole, seguida da antítese
Hurt e um “
Thank You, Good Night” final, com a banda a desaparecer do palco. Pode ter sido a última vez que muita gente viu
NIN em Portugal e, quem sabe, na vida. Eu não acredito muito, descrença esta acompanhada de alguma esperança. Por que é que este não foi, para mim, o concerto do Verão? Dois factores muito importantes pesam aqui: já vi
Nine Inch Nails em nome próprio e agora mais recentemente tive o privilégio de ver
Faith No More. Não deixou de ser, no entanto, um concerto histórico, que não vou esquecer tão cedo. Obrigado Trent!
Setlist NIN:
1. Somewhat Damaged
2. Terrible Lie
3. Sin
4. March Of The Pigs
5. Piggy
6. The Becoming
7. I'm Afraid Of Americans
8. Burn
9. Gave Up
10. La Mer
11. The Frail
12. The Wretched
13. Non-Entity
14. I Do Not Want This
15. Gone, Still
16. The Way Out Is Through
17. Wish
18. Survivalism
20. The Hand That Feeds
21. Head Like A Hole
22. Hurt