domingo, setembro 21, 2008

Como é bom NÃO ser criança

Quem não inveja aquela inocência livre de problemas e preocupações que só os rebentos de ser humano? Por uma vez, eu não.

Hoje madruguei. Tinha de fazer algo que precedia a continuação do meu sono reparador e, portanto, depois de acabar as coisas todas e antes de adormecer, isto é, naquele tempo morto em que ligamos a televisão para ficar com sono, deparei-me com coisas nada bonitas:

A música que as nossas crianças ouvem. É triste saber que os programas de televisão para elas já nem se preocupam muito com pedagogia. É verdade, eu perdi tempo a ver aquela coisa da Floribela que já não é Floribela e garanto-vos que algo está mal ali. Não só as músicas não ensinam nada (as letras são terríveis, a falar de "sonhar não é proibido" e "como a borboleta abrir as asas e voar"), pois as coreografias são erradas para rebentos que ainda não têm consciência da sua sexualidade.
O grande problema disto é que estas bestas ainda editam CDs e depois os pais compram para os filhotes. Eu sei que com 7 anos ir para a escola a cantar Moonspell é capaz de ser prematuro (sempre fui prematuro, é verdade... ainda hoje acho muita piada à Opium), mas não é bonito saber que as músicas que as crianças andam a cantar agora são encabeçadas por uma miúda cheia de silicone com um decote gigantesco e que são claramente inadequadas para a sua idade. Será que ninguém percebe que a música que a rapariga faz não é para crianças? Querem insistir e fazê-la tocá-las num programa para menores só porque não lhe querem dar uma visibilidade séria? Acham que as crianças são o futuro da música de caca? Qual é o filme desta gente?!

Hoje tive aquela sensação de que ia odiar ser criança nestes dias em que a música mediática não faz sentido nenhum. Depois adormeci.

7 comentários:

Anónimo disse...

Nem te sei dizer o quanto adorei este poste e o quanto concordo contigo! :D

Unknown disse...

Help! Como é que aguentas ver essas cenas?? SOS! :S

Mas... é uma boa reflexão, sem dúvida. Este país passou dos 8 aos 80. :S

Hugzzz!

Tiago Estêvão disse...

Opá, André, também vi isso hoje! E o que me fica é o momento em que um puto faz um teatro e ela diz "foi uma óptima..." e fica uns segundos à procura da palavra. Entretanto o cientista (uma personagem extremamente engraçada [not]) salva-a e diz "performance".E ela vira-se para ele com um ar de clara aprovação e diz "uau!". Esta gente que usa palavras difíceis...

André Forte disse...

é uma verdadeira questão de "não tenho nada que me seque tanto e me leve a adormecer quanto isto", kraak. senão não me sujeitava a isto.

e não aguentei tanto tempo de programa, tiago. foi doloroso ter visto o início e os restantes 15 minutos. ai, meus bons power rangers (de certeza que o alergias continua a concordar :D)...

::Andre:: disse...

Recordo a minha humilde e simples infância com um sorriso nos lábios e sim, tenho pena dos putos dos dias de hoje...

oaktree disse...

Ultimamente tenho-me debruçado sobre este assunto com uma certa frequência. E tudo o que tu dizes é acertadíssimo.
Mais, se as crianças são o futuro, então lamento informar que temo presenciar esse mesmo futuro.

É verdadeiramente assutador pensar que as gerações parideiras dos dias de hoje (que já começam a ser a minha/nossa geração) se estão bem a cagar para aquilo que enfiam pelas goelas abaixo dos seus putos. Pais de merda geram pais de merda, geram pais de merda.

Vivemos na era do individualismo, do (i)mediatismo e do 'quero, posso e mando/tenho', e contra isso pouco há a fazer. Não sei se será um sinal do apocalipse ou apenas um sinal dos tempos, mas o facto é que não é um sinal nada bonito de se ver e viver.

Como o André diz: "tenho pena dos putos de hoje..."

***

André Forte disse...

o problema, meus amigos, é que, à moda do bom Quino, estamos numa "sujidade de consumo" ou numa "zoociedade de consumo" e quem sofre é quem não tem grande opção.