sexta-feira, fevereiro 08, 2008

"Sweeney Todd" de Tim Burton

"At last! My arm is complete again!"


A história de Sweeney Todd remonta à lenda do século XIX. Em 1936 tivera já direito a uma adaptação ao grande ecrã, dirigida por George King, porém, é em 1979 que, com o musical da Broadway (vencedor de um Tony e de todo um grande rol de distinções), ganha mais visibilidade.

Sweeney Todd, de Tim Burton, é indiscutivelmente um grande filme. O argumento, adaptado do musical, está bastante bem construído, evitando o excessivo apego à versão anterior sem deixar de ser fiel e dá, comparativamente, uma maior profundidade às personagens. A fotografia está, também ela, irrepreensível. Cobrindo a tela em tons de cinzento e dando particular enfoque ao vermelho carmim, esta palete de cores é apenas quebrada aquando da cena evocativa dos sonhos de Mrs. Lovett, altura em que as cores ganham uma excessiva e intoxicante luminosidade, que curiosamente adensa a estética grotesca bem ao estilo de Burton. No seguimento do ambiente gótico, aproveito ainda para destacar o fabuloso guarda-roupa e a maquilhagem. As performances dos actores também são fora de série. Johny Depp, Sacha Baron Cohen e Alan Rickman são, na minha opinião, os que mais se destacam no elenco.


Chegando ao ponto que pretendo, queria aproveitar para destacar a excepcional banda sonora do filme, de Stephen Sondheim, o mesmo responsável pela música do espectáculo de 1979. Num tom de vozes mais acessível e, na minha opinião mais compatíveis (talvez por obra do trabalho de cabine), que a sua tal anterior versão, esta tem o mérito de acentuar consideravelmente o carácter das personagens e a carga dramática da própria acção. Para além do mais, esta consegue viver para além do filme o que, só por si, é prova evidente da sua grandeza. Gosto especialmente da entrada do filme, soturna, assustadora, da "No Place Like London", da "By the Sea" e da Worst Pies in London". Quanto a letras, prefiro a da música correspondente à escolha da carne para as empadas, a "A Little Priest", provavelmente a que tem a crítica social mais presente.
No seu conjunto a obra de Sondheim é uma produção caliginosa, intensa, complexa e, ainda assim, cativante, merecedora de uma atenta audição, preferencialmente com prévia visualização do filme. Digo-vos, haá muito que uma banda sonora original não me arrebatava desta maneira.

Para os interessados cliquem aqui. E não se esqueçam de comprar o cd. Se puderem dispender um pouco mais, aconselho a edição de luxo, que inclui todas as canções e um livro de 80 páginas, com prefácio de Tim Burton.

Este musical é acessível mesmo a quem não gosta do género, sem nunca decepcionar os amantes deste. Os atributos técnicos são, como acima referi, fora de série. E a história... bem, desde a forte crítica social, tantas vezes esquecida, ao elogio do canibalismo, ao demolidor drama, acho que pouco mais se pode pedir. Em suma, este é um filme que proporciona ao espectador o que de melhor o cinema tem para oferecer. Tim, já sabes, és o maior.


(Para os interessados, está no youtube disponível a versão do musical em quinze partes)

2 comentários:

André Forte disse...

não se esqueçam de comprar o cd? o.O

façam download!!! :D

depois se gostarem, é outra coisa...

Tiago Estêvão disse...

Opá, era só para ficar bonito. Deixa lá, é daquelas coisas em que nem eu acredito. Tiques de pessoal "alinhado"(há muito que não me ria tanto).