Carla Bozulich regressa, depois do álbum Evangelista, com o projecto denominado da mesma forma. Evangelista estreia-se oficialmente pela Constellation - apesar de já ser o segundo álbum registado pela senhora Bozulich na editora canadiana - na próxima semana, mas, naturalmente, o álbum já circula pela net (os links, já os perdi; hei-de procurar mais alguns, entretanto).
Hello Voyager não é só um novo álbum, mas uma nova forma de ver o Noise por parte da mentora de Evangelista. Talvez motivada pela existência de uma banda, isto é, pela influência de outros músicos (além dos produtores, etc.), as composições adquiriram uma identidade muito mais afincada. É óbvio que quando se ouve Carla Bozulich, a sua voz country estridente e de interpretações únicas é um pormenor que identifica o projecto; mas o álbum Evangelista era uma fórmula mais repetida e comum, com sonoridades que se ouvem em projectos como Oxbow. Este novo trabalho já não corre o risco de se aglutinar a demais projectos: Evangelista é um projecto único, com as influências do Country - primeira etiqueta a que se associa o nome Bozulich - mais suavizadas por algum Folk e Indie, ainda que muito desmontados por toques de Shoegaze; tudo isto numa fórmula de Noise-Drone, de quase anti-música.
Aquilo que realmente sobressai em Hello Voyager é a presença de uma objectividade musical, que não se perde na abstracção do próprio conceito em que insere. Neste caso, o Noise não tornou o álbum inaudível, tornou-o estranho, estranhamento bom e interessante. Desde registos mais calmos em que Carla se destaca pela forma como coloca a voz na música (destaco "Blue Room") a músicas com uma força incrível, com batida forte e uma melodia feita de ruído (como "Truth Is Dark Like Outer Space"), sem esquecer algumas músicas mais Drone ("The Frozen Dress"), tudo é bem conseguido no álbum. Pode-se dizer que Thierry Amar e Efrim Mennuck dos Silver Mt. Zion fizeram um belo trabalho a nível de produção; melhor resultado que Hello Voyager é impossível de obter (ou pelo menos, assim me parece; bom seria que alguém conseguisse superar um álbum tão bom quanto este!).
Liricamente, o álbum está corrosivo e violento. Não está interventivo, ou pelo menos não aspira a isso de uma forma directa; está antes 'chocante' - que não deixa de ser uma forma de intervenção -, com vozes a condizer. Letras construídas com pequenas citações, como "the west is the best" (J. Morrison, 1967), que são desmontadas e reinterpretadas de imediato, ou com afirmações como "this is me feeling superior to you! (..) This is my homossexual incarnations!", inseridas no ambiente caótico conseguido por Evangelista, são frases que nos ficam na cabeça e que conseguem chocar/marcar de alguma forma.
Hello Voyager é o melhor trabalho de Carla Bozulich editado pela Constellation, em relação a isso não há dúvidas. Não sendo algo de inovador, conseguiu reinventar na perfeição uma boa porção de ondas que já se encontravam na repetição enfadonha de fórmulas, dando-lhes um novo alento.
Fica o alinhamento:
1 Winds Of St. Anne
2 Smooth Jazz
3 Lucky Lucky Luck
4 For The L'il Dudes
5 The Blue Room
6 Truth Is Dark Like Outer Space
7 The Frozen Dress
8 Paper Kitten Claw
9 Hello, Voyager!
Hello Voyager não é só um novo álbum, mas uma nova forma de ver o Noise por parte da mentora de Evangelista. Talvez motivada pela existência de uma banda, isto é, pela influência de outros músicos (além dos produtores, etc.), as composições adquiriram uma identidade muito mais afincada. É óbvio que quando se ouve Carla Bozulich, a sua voz country estridente e de interpretações únicas é um pormenor que identifica o projecto; mas o álbum Evangelista era uma fórmula mais repetida e comum, com sonoridades que se ouvem em projectos como Oxbow. Este novo trabalho já não corre o risco de se aglutinar a demais projectos: Evangelista é um projecto único, com as influências do Country - primeira etiqueta a que se associa o nome Bozulich - mais suavizadas por algum Folk e Indie, ainda que muito desmontados por toques de Shoegaze; tudo isto numa fórmula de Noise-Drone, de quase anti-música.
Aquilo que realmente sobressai em Hello Voyager é a presença de uma objectividade musical, que não se perde na abstracção do próprio conceito em que insere. Neste caso, o Noise não tornou o álbum inaudível, tornou-o estranho, estranhamento bom e interessante. Desde registos mais calmos em que Carla se destaca pela forma como coloca a voz na música (destaco "Blue Room") a músicas com uma força incrível, com batida forte e uma melodia feita de ruído (como "Truth Is Dark Like Outer Space"), sem esquecer algumas músicas mais Drone ("The Frozen Dress"), tudo é bem conseguido no álbum. Pode-se dizer que Thierry Amar e Efrim Mennuck dos Silver Mt. Zion fizeram um belo trabalho a nível de produção; melhor resultado que Hello Voyager é impossível de obter (ou pelo menos, assim me parece; bom seria que alguém conseguisse superar um álbum tão bom quanto este!).
Liricamente, o álbum está corrosivo e violento. Não está interventivo, ou pelo menos não aspira a isso de uma forma directa; está antes 'chocante' - que não deixa de ser uma forma de intervenção -, com vozes a condizer. Letras construídas com pequenas citações, como "the west is the best" (J. Morrison, 1967), que são desmontadas e reinterpretadas de imediato, ou com afirmações como "this is me feeling superior to you! (..) This is my homossexual incarnations!", inseridas no ambiente caótico conseguido por Evangelista, são frases que nos ficam na cabeça e que conseguem chocar/marcar de alguma forma.
Hello Voyager é o melhor trabalho de Carla Bozulich editado pela Constellation, em relação a isso não há dúvidas. Não sendo algo de inovador, conseguiu reinventar na perfeição uma boa porção de ondas que já se encontravam na repetição enfadonha de fórmulas, dando-lhes um novo alento.
Fica o alinhamento:
1 Winds Of St. Anne
2 Smooth Jazz
3 Lucky Lucky Luck
4 For The L'il Dudes
5 The Blue Room
6 Truth Is Dark Like Outer Space
7 The Frozen Dress
8 Paper Kitten Claw
9 Hello, Voyager!
3 comentários:
http://www.mediafire.com/?99gf0991sdc
e não digam que vêm daqui :)
Muito bem...
Já ouvi. Está bem engraçado, sim senhor
Enviar um comentário