terça-feira, dezembro 23, 2008

Pirataria não te leva a tribunal, apenas te desliga do mundo

Não condeno a pirataria (como quem lê o blogue pode imaginar), por isso não queria que interpretassem mal o título da posta. Com ele, queria apenas realçar uma certa parte da notícia avançada pelo Cotonete, que diz que "A associação que regula a indústria musical nos EUA, a Recording Industry Association of America (RIAA), anunciou que vai deixar de processar quem faz downloads ilegais de música. Num comunicado recente, a RIAA anunciou que vai dedicar-se mais à prevenção do que à punição da pirataria."

Confesso que não sei o que quer isto dizer, quando depois acrescentam que "em vez disso, vai emitir avisos através dos servidores de internet a quem estiver a fazer donwloads ilegais. Se a pessoa não ligar aos avisos, arrisca-se a punições que podem passar pela desconexão do seu serviço de internet."
Ou seja, não podes ser preso, mas podes ficar 'isolado' (sem ligação à Net, entenda-se).

Esta notícia tem ainda outra análise, mais positiva: as próprias editoras já perceberam que não há muita coisa que possam fazer e este recuo só demonstra a sensatez da sua acção. Não tarda para caírem em si, felizmente.

9 comentários:

::Andre:: disse...

O recuo mostra sensatez, concordo, mas o resto não. Aliás, é grave...

André Forte disse...

é muito grave, mesmo. a atitude "1984" do 'não vamos punir, vamos apenas castigar' tira-me do sério. a última forma de ver as coisas é provavelmente demasiado positiva, mas não deixa de ter a sua piada.

António Pita disse...

Concordo com muito do que se diz, mas quem faz as coisas ilegais somos nós. Claro que isto não é assim tão linear. No 1984 as pessoas eram castigadas, desapareciam - eram desligadas - caso não fizessem o que era norma. Aqui há leis, legislação.

É claro que há todas as implicações das editoras, tudo aquilo que sabemos que nos faz torcer o nariz, mas não podemos agir como se tivessemos tudo do nosso lado. A verdade é que não, apenas a democracia virtual e, vá lá, a união de milhões em todo o Mundo.

António Pita disse...

Concluindo, se não pagarmos a água, cortam-na.

Aqui, se houver acordos entre as operadoras e as editoras, sacas um conteúdo ilegal, ou seja, não pagas, eles cortam a ligação. Linear.

Estou só a desconstruir a linha de pensamento do lado dos maus da fita.

André Forte disse...

faz sentido, sim. mas isso não me faz concordar, como já esperavas ^^

António Pita disse...

sim, já esperava. e também não me agrada muito o trabalho das editoras actuais, ou pelo menos das maiorzinhas.

mas acho de louvar terem percebido que não conseguem controlar a situação do download - que acho perfeitamente legitimo, má legislação - e que gastam ainda mais dinheiro em processos e tribunais.

e aquilo que os bosses desses sitios não percebem é que o disco é arte. todo ele. e cada vez mais os discos se compram quando as pessoas têm a real vontade de ter o disco, a capa, o booklet, a música, tudo isso junto e físico ao pé de si. quando querem só a música sacam.

sou o único com isto na cabeça?

Tiago disse...

"e aquilo que os bosses desses sitios não percebem é que o disco é arte. todo ele. e cada vez mais os discos se compram quando as pessoas têm a real vontade de ter o disco, a capa, o booklet, a música, tudo isso junto e físico ao pé de si. quando querem só a música sacam."

não és só tu a pensar assim, António. Eu próprio também penso.. A questão é que comprar um suporte físico é caríssimo e grande parte das vezes demoro mais de um ano para comprar um cd, até porque prefiro muito mais ver vários concertos durante um ano que andar a comprar cd's. O dinheiro não dá para tudo. Mas aos poucos e principalmente no fim de cada ano, compro algumas cenas. Eles têm de perceber que chulam muito, o vinil, então, é caríssimo, mesmo. Pensava comprar um gira discos, mas fiquei desmotivado, culpa de grande parte dos preços que se praticam.
Mas pronto, bem haja ao download ilegal que vai remediando, e não nos deixa ficar na ignorância.

André Forte disse...

trata-se precisamente disso, de teres gostado do que ouviste e de quereres ter algo com artwork e com qualidade de som (que o mp3 não proporciona, naturalmente).

e, sim, tiago, tens toda a razão: um suporte físico é demasiado caro. faz-me confusão, imensa, o IVA na música, como se fosse um produto de consumo puro. é cultura , e devia ter o IVA que um produto dito "cultural" tem. acho que só por cá é que isso se faz...

António Pita disse...

Sim, há a questão do IVA. Mas diga-se que não me importo de pagar, por exemplo, 15 ou 20 euros por um album. Nunca consigo tudo o que quero e tenho que optar.

Mas um quadro, mesmo uma réplica oficial, custa centenas de euros.

O grande problema é que o valor que pagamos não atinge como deve ser o autor. E isso é que me chateia deveras.

Voltando ao IVA, discos = livros. É algo tão obvio que até magoa não ser verdade.