sexta-feira, novembro 30, 2007

Paco de Lucía @ Campo Pequeno

Não sei bem se vi o melhor guitarrista de sempre, mas sabem que mais? Gosto de acreditar que sim. E acredito. Acredito porque se houver um guitarrista melhor que este, esse guitarrista está acima de um deus. Paco de Lucía é andaluz, mesmo de aqui ao pé. Aliás, é-nos tão próximo que a sua própria mãe é portuguesa; Portugal "é como uma segunda casa", afirmou ele ontem durante o concerto. Mas comodismos à parte, que o concerto não primou pelo discurso "lambe-botas" de um músico cujas botas foram estupidamente lambidas ontem, mas valeu cada cêntimo pela melodia, pela energia e pela beleza do Flamenco que nos trouxe aquele septeto de grandes, enormes músicos.

O público já aguardava em burburinho quando o anfitrião subiu ao palco: Paco estava só com a sua guitarra. Senta-se e começa a discursar as suas notas lentamente, crescendo, tornando-se mais intenso. Cruza e descruza as pernas repetidamente, tentando pôr o público à vontade com o seu talento, com a sua música, com o seu génio. Era impossível, até porque este público era muito impressionável - infelizmente para qualquer bom apreciador, as boas partes das músicas eram abafadas por palmas analfabetas, que se seguiam depois das partes menos interessantes (se é que é possível afirmar isto) das músicas, ou seja, quando os músicos mostravam alguma velocidade no manejo do seu instrumento - e estava mal preparado para tal demonstração de humildade de um colosso assim. E faz-se uma música só que muito Flamenco e uma guitarra, génio a acompanhar com uma pitada de talento e temos serão garantido!

A próxima música tem algo de novo: um percussionista. Mas Paco de Lucía dita o ritmo da sua música e mostra que também é preciso ritmo para se tocar guitarra. Bate na guitarra, toca as cordas em mute, tudo com uma construção de fazer dançar a Torre Eiffel, dando o ponto de partida para o senhor que o acompanha. Depois, entram as suas duas vocalistas, um senhora e uma jovem senhora, elas, com uma voz incrível, encantaram e arrepiaram os "holé"s para fora das centenas de gargantas presentes.
Depois, outra música, outra novidade, palmas, de mais três pessoas no palco, a juntar às das cantoras e ao ritmo da percussão. Um era baixista (e que baixista), outro era guitarrista (infelizmente ofuscado pelo génio do Paco, que tanto espaço lhe deu, a ele e ao resto do septeto) e um flautista. Era momento da pausa: "Já"? Pois, ninguém queria acreditar que 45 minutos já tinham passado, só com 5 músicas. Mas passaram, infelizmente - eu ainda estava por lá, a ouvi-lo.

Depois de uma pausa, não há mais o corrupiu do "ora com este, ora com aquele", agora é, finalmente, o tempo do Septeto de Paco de Lucía: o próprio, um baixista, um guitarrista, um percussionista, um flautista com a sua transversal e duas vocalistas.
A partir daqui, o importante era o grupo, que actuou segundo uma lógica tipicamente jazzista, isto é, todos são músicos e todos sabem tocar. Assim, em cada música, havia solos, seguidos de outros solos, respeitando a tradição do jazz que impõe um pequeno silêncio para palmas, sem que a música pare realmente. E, mais uma vez, tudo passou num instante, o público continuava deambulante na sua condição de apreciador mal-educado e a bater palmas depois das partes rápidas, durante as partes bonitas e verdadeiramente complicadas das músicas e dos solos. Quando chegou ao fim, o público não o conseguiu aceitar, tão fugaz que foi o concerto. Bateram-se palmas incessantemente, durante largos minutos, até que o monstro, na sua simpatia (a qual emana, vê-se que Paco de Lucía já não é a estrela: é o músico; nota-se que há muita humildade e simpatia neste senhor de pouco cabelo e todo ele grisalho; nota-se que há muito espaço na sua música para todos os seus acompanhantes), volte ao palco para mais uma estonteante música. Foi o fim. Um concerto incrível, cheio de música.

Com tudo isto, só sinto uma enorme pena por ter assistido a um concerto em tal sala, o dito Campo Pequeno. O som estava terrível - muitos ecos e má distribuição do som, o que tornava alguns instrumentos quase inaudíveis -, a sala é bastante feia (admito que está manchada pela opinião que tenho das touradas), do sítio onde me encontrava, para além de super-distante, tinha a vista para o palco quase impedida por colunas de suporte, e, mais uma vez e com menos relação com a sala (quem sabe...), o péssimo público que quase pede uma crítica social.

Ainda assim... Quase duas horas de concerto? Ninguém o diria...

Deixo-vos, só, com uma amostra do génio deste senhor:
Aquilo que ele faz com uma guitarra (sim, ainda faz!)



Aquilo que ele faz com banda (mas neste último concerto foi num contexto muito mais Flamenco! Holé!!) - "Entre Dos Aguas"


E, finalmente, aquilo que ele faz quando cria (ele disse a um jornalista aquando de uma das suas passagens no Japão, estavam eles num andar acima do 60, no quarto do dito cujo, a conversar e o jornalista pergunta "o que é criar, para si?", ao que ele responde desta forma: vai até à janela, sobe para o parapeito e atira esta frase: "criar era eu atirar-me daqui e voar"!) - "Moasterio de Sal"

quarta-feira, novembro 28, 2007

O regresso de Linda Martini

Uma das bandas mais prometedoras do nosso país está de volta ao estúdio. Será agora que as dúvidas ficarão esclarecidas: ou os Linda Martini regressam com qualidade; ou os Linda Martini vão repetir fórmulas...
O EP que a banda de Queluz está a preparar será editado no primeiro semestre do próximo ano. Pelo tempo que a banda demorou a reencarcerar-se nos Black Sheep, as novas músicas serão (espero) uma quebra com as últimas produções, em parceria com a Ant3na, que pecavam pela falta de originalidade - não que Linda Martini seja uma banda inovadora (em Portugal talvez o seja) - e por estarem distantes do restante trabalho da banda - o que não seria algo obrigatoriamente mau, não fosse a qualidade duvidosa.

Por agora, os Linda Martini preparam-se para reeditar o seu primeiro EP e o seu álbum de estreia, Olhos de Mongol.

terça-feira, novembro 27, 2007

He Has Left Us Alone But Shafts of Light Sometimes Grace the Corners of Our Rooms

Foi um acaso, uma sorte. Não acreditava realmente na possibilidade de encontrar alguma coisa de A Silver Mt. Zion em loja alguma que não uma Fnac em Lisboa, muito menos o primeiro álbum da banda em Coimbra.
Mas encontrei o dito He Has Left Us Alone But Shafts of Light Sometimes Grace the Corners of Our Rooms na livraria Almedina, perdido no meio dos A's. Não perdi tal oportunidade.

Começa um acorde de piano. Outro. A tristeza vem com a música não só pela peso do acorde, mas pela sua lentidão. Com o acorde, algumas notas. Em alguns minutos, começamos a ouvir vozes quase imperceptíveis, das quais nos abstraímos para enquadrar o ambiente. Aguardamos. Cedo entra o violino, entra o contra-baixo e a música é simplesmente isto, com uma melancolia aterradora e de uma melodia a roçar o perfeito, não fosse o todo o ruído que a persegue de dezenas de vozes desenquadradas. Quando ficam só as vozes, já a "Broken Chords Can Sing a Little" passou, sinal de que já vamos na segunda faixa.
Calmamente, o ainda trio A Silver Mt. Zion vai acrescentando os seus instrumentos, nesta música tem um convidado: a bateria parece solar por cima da melodia repetida intensivamente pelo violino e contra-baixo, ainda que explorada na sua harmonia; a guitarra, no início pelo fundo, assume o papel melódico e as restantes cordas libertam-se. Com a quebra abrupta começa a hipnose de mais uma música, a mesma melodia e a mesma depressão, um contexto acústico: só o piano, o violino e o contra-baixo. A chamada "Stumble Then Rise On Some Awkward Morning"



Esta não precisa de descrições... Só de ser saboreada... até que o silêncio é interrompido por uma voz. Lembra Arcade Fire? Não. Win Buttler lembra o Efrim Menuck a cantar. Só acordes e uma linha de contra-baixo em tempo duvidoso, contratempo, como chamam os músicos. Esta canção é simplesmente bonita, de embalar e sorrir. Depois vêm os violinos e mais sorrisos. 'Don't tell me that I am free, 'cause I have not been well... latelly', cantam todos e começa a música: uma linha de baixo e o violino sola, o piano sola... Depois a pequena e modesta orquestra junta-se numa homenagem "For Wanda", outra melodia de embalar, mas esta é para recordar a beleza.

He Has Left Us Alone But Shafts of Light Sometimes Grace the Corners of Our Rooms é bonito, é bem construído, é completo, é bem interpretado, não é pretensioso... é uma obra de arte. A primeira das já cinco editadas por um projecto inicialmente desorientado e movido pelo experimentalismo e pela sede de crescimento. Amadureceram, todos, e isso nota-se nas suas composições mais recentes, com coros e mais músicos. A Silver Mt. Zion protagonizaram, em 2000, uma bela surpresa para a música, abstraindo-se do rock que os movia em GY!BE em busca da beleza da música: saiu música de câmara, saiu boa, excelente música.

domingo, novembro 25, 2007

Godspeed You! Black Emperor


God Speed You! Black Emperor é o título de um documentário japonês de 1976, dirigido por Mitsuo Yanagimachi que fala de um grupo de 'motards' (se é que lhes posso chamar assim) nipónicos chamado precisamente Black Emperors. Em 1994 um grupo de amigos reuniu-se adoptando um nome semelhante ao do documentário, assumindo influências musicais variadas, desde o dito clássico/erudito ao punk - a mais clara influência na sua música é ao nível da guitarra e da construção das músicas em alguns pontos, que soa um tanto a Savage Republic. Esta pode ser uma mistura inconstante, e isso reflecte-se mesmo na própria banda, cujo alinhamento chegou a ter 20 elementos; felizmente para todos, acabou por assentar em nove iluminados que conduziriam o projecto até 2003, altura em que suspenderam o projecto, não lhe decretando um fim - aguarda-se um regresso fervoroso.

Os Godspeed (o diminutivo fofo) cedo ganharam alguma projecção pelo seu trabalho - mesmo que evitando cair no mainstream e por isso ser uma banda quase de elite, que se conhece de boca em boca, partilhada por um amigo -, sendo provavelmente os primeiros de uma onda de músicos de Montreal cuja qualidade, irreverência e génio relembra a boa Madchester (alcunha de Manchester nos finais de 70 e inícios de 80, terra das grandes bandas de então). A realidade é que toda a importância que a banda viria assumir deu-se somente depois da sua estreia em LP e CD, por uma pequena editora, quando o Post-Rock começou a ser bem visto - já estava editado o Young Team dos Mogwai. Essa estreia foi com o álbum F# A#, de três músicas nada curtas mas cheias de tudo: uma pequena introdução, com uma gravação de alguém a falar do mundo, uma máquina triste que vivia de bandeiras ("The Dead Flag Blues"), uma orquestração bonita e lenta; depois começava a sua música, duas delas aliás, um grande crescendo de 20 minutos, outro de 29, cujas melodias demoram a ser desmontadas, mas que quando entram encantam qualquer um.


O percurso dos Godspeed foi marcado por uma evolução, que não os levou a abdicar de forma alguma do som que lhes é característico. Primeiramente, as suas composições viviam imenso das gravações que davam sentido ao que se iria ouvir, algo que se foi perdendo. No último trabalho de estúdio da pequena orquestra, intitulado Yanqui U.X.O., não há registo de gravações, sequer, e nos dois anteriores (um EP e um álbum) estas não conduziam as melodias, encerravam-nas, como meras explicações. Mas a nível de sonoridade, a evolução mais clara é ao nível da própria onda: se no início o Rock ainda era um influência clara e cada vez mais importante na abstracção da música dos Godspeed You! Black Emperor [GY!BE] - sendo o culminar no álbum Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven, definitivamente o trabalho mais 'arrockalhado' da banda, ainda que extremamente orquestrado -, essa importância foi perdendo espaço para a orquestra quase clássica que eles eram, tornado-se a banda cada vez mais neo-clássica. O Yanqui U.X.O. é um grande álbum por marcar, principalmente, o culminar de um processo. Este é o álbum em que os Godspeed You! Black Emperor assumem o seu papel enquanto orquestra, com composições perfeitamente clássicas, distintas pela presença de guitarras eléctricas e uma bateria ("09-15-00" e "Motherfucker=Redeemer"), e outras que são quase valsa (repare-se no início da "Rockets Fall on Rocket Falls").

A banda não só é uma influência para imensas bandas que têm vindo a surgir no Post-Rock, como acabou por se tornar um mote para o surgimento de vários projectos dentro do que seria supostamente principal: A Silver Mt. Zion, Set Fire To Flames, Fly Pan Am, Black Ox Orkestar, Valley Of The Giants, Kiss Me Deadly, Exhaust e outros tantos projectos cuja existência eu não nego, mas a qual devo desconhecer. Todos os projectos mencionados têm elementos da orquestra de nove GY!BE, representando o projecto-mor desmontado nas suas influências, ou seja, cada um destes projectos apresenta um único lado de Godspeed. A Silver Mt. Zion junta o político de com o neo-clássioco, sendo conhecido como a versão de câmara de Godspeed; Set Fire To Flames junta a abstracção cm as gravações; e Fly Pan Am será um lado mais electrónico e Post-Rock, sendo estes os três principais projectos paralelos e que, com a suspensão da acção dos GY!BE se tornaram em projectos principais (os outros continuam paralelos e já envolvem membros de outros projectos, como dos Arcade Fire - que dizem ser um projecto de tributo a A Silver Mt. Zion, algo que me parece exagerado, mas não descabido, principalmente por causa da parecença voz dos vocalistas em questão - e Broken Social Scene, ou precedem GY!BE no percurso de alguns elementos).


Este projecto também serve de exemplo para a tese que apresentei há uns tempos no blogue, que defendia que a política e a música têm uma ligação muito natural. Apesar de GY!BE ser um projecto puramente instrumental (ao contrário de A Silver Mt. Zion), ao vivo esta sua natureza transparecia com os vídeos que complementavam as suas actuações e na quase totalidade da sua discografia encontra-se presente nas gravações escolhidas, que apresentam maioritariamente visões depressivas e desoladas da nossa sociedade. Esta sua vertente também se observou pelas opções a nível de editoras da banda, sempre 'minors', evitando assim a indústria mainstream, da qual eles são fortes críticos, e pela fuga ao contacto com os meios mediáticos de comunicação social (há mesmo poucas entrevistas à banda disponíveis na web).

Godspeed You! Black Emperor proporcionou-me uma das experiências musicais mais ricas dos últimos 10 anos, e certamente que não estou sozinho nesta forma de os ver. São uma banda coerente não só a nível ideológico, como a nível musical (que será o mais importante). Os seus trabalhos são dotados de melodias das mais belas, carregadas de tristeza, ainda que complexificadas pelo número de instrumentos que as constrói, de rasganços furiosos e enraivecidos que contagiam qualquer um, e de um poder de abstracção sério, fruto da profundidade da música. Do trabalho curto que têm, é impossível declarar um álbum superior a outro, uma música melhor que outra: são peculiares e homogeneamente heterogéneos, cada um com o seu som, mas sempre com a mesma sonoridade. Os Godspeed You! Black Emperor têm aquilo que uma banda deve ter: a capacidade de inovar e de reinventar o que fizeram sem que nenhum dos seus trabalhos perca valor ou qualidade, tanto os que precederam como os que resultaram são exemplos de música erudita e de excelência.

quinta-feira, novembro 22, 2007

A Salsicha Klaxon

Estando eu a ver as fotos que tirei na edição deste ano do festival Super Bock Super Rock, deparo-me com esta fotografia. Aparentemente, agora levam-se embalagens de salsichas para os festivais. O que aconteceu à mítica sandocha mista espalmada no bolso? Estarão os festivaleiros a ficar mais requintados? Ou seriam as salsichas destinadas ao arremesso? Esta última não faz muito sentido (não que os Klaxons não tivessem merecido um bocadinho), visto que dificilmente alguma coisa roubará o lugar aos tomates podres e aos ovos. De notar também é a selectividade do indivíduo que segura as salsichas: comprou salsichas do Lidl, quando podia muito bem ter-se servido de umas Isidoro do Pingo Doce ali perto. Bom, mas nada como olhar para a foto e fazerem as vossas interpretações :)



Interpol + Blonde Redhead @ Coliseu dia 7 de Novembro - Fotos

Aqui estão, como prometidas (pelo André), as fotos tiradas no concerto. As mais sinceras desculpas pela demora.

Blonde Redhead


Interpol








quarta-feira, novembro 21, 2007

The Mars Volta - Update Tour Europeia 2008

Como referi no último post, os The Mars Volta vão fazer uma tour europeia. Aqui ficam as datas e os locais escolhidos para esta Tour:

17/2 - Docks em Hamburgo, Alemanha
19/2 - Centrum em Oslo, Noruega
20/2 - Circo de Estocolmo em Estocolmo, Suécia
22/2 - Vega em Copenhaga, Dinamarca
24/2 - Huxleys em Berlim, Alemanha
26/2 - Volkshaus em Zurique, Suíça
27/2 - Alcatraz em Milão, Itália
29/2 - La Riviera em Madrid, Espanha
1/3 - Razzmatazz em Barcelona, Espanha
3/3 - Elser Halle em Munique, Alemanha
5/3 - Olympia em Paris, França
6/3 - 013 Music Hall em Tilburg, Holanda
8/3 - Live Music Hall em Colónia, Alemanha
9/3 - Ancienne Belgique em Bruxelas, Bélgica
11/3 - Academy em Glasgow, Escócia
13/3 - Apollo em Manchester, Inglaterra
14/3 - Brixton Academy em Londres, Inglaterra

A Bold as datas de Espanha, mais próximas do nosso país.

segunda-feira, novembro 19, 2007

The Mars Volta - Update Novo Album

Bom, este é o meu primeiro post e vou desde já cumprimentar toda a gente que lê este blog. Não que sejam milhares, mas isto de participar num blog quase “familiar” tem destas coisas, podemos estar mais próximos uns dos outros e quase apertar a mão aos leitores todos.
Em segundo lugar falar daquilo que verdadeiramente me traz aqui, a música. Falando-vos do novo álbum da, para mim, melhor banda actual (se bem que não sou grande fã destes rótulos, mas abro uma excepção), e uma das mais criativas de sempre, os The Mars Volta.
O novo álbum, como já aqui foi referido, chama-se The Bedlam in Goliath, e é mais um álbum conceptual. A história gira em volta de um presente que o guitarrista/compositor/produtor da banda, Omar Rodriguez-Lopez ofereceu ao letrista/vocalista, Cedric Bixler-Zavala. O presente foi uma relíquia encontrada num antiquário, e algo que hoje conhecemos como um tabuleiro Espírita. O álbum centra-se então na influência que esse tabuleiro, esse “jogo”, digamos assim, teve na vida da banda. A má sorte que lhes trouxe, os azares que daí advieram, as peripécias sofridas, alegadamente causadas por “maus espíritos” libertados pelo tabuleiro. Mas aquilo que realmente podemos esperar é mais um grande álbum, ao nível que nos têm habituado. O álbum já está pronto, já foi ouvido por meia dúzia de afortunados, e já há algumas músicas a circular pela net. Hoje é o dia do lançamento oficial do single Wax Simulacra, mas também já podem ser ouvidas as músicas Aberinkula e Goliath. Já é também conhecido o alinhamento do novo álbum…
1) Aberinkula - 5:47
2) Metatron - 8:13
3) Ilyeana - 5:38
4) Wax Simulacra - 2:41
5) Goliath - 7:17
6) Torniquet Man - 2:40
7) Cavalettas - 9:35
8) Agadez - 6:45
9) Askepios - 5:13
10) Ouroboros - 6:38
11) Soothsayer - 9:10
12) Conjugal Burns - 6:36

…bem como a mais do que provável capa do álbum

Também a ter em conta é a Tour de promoção do álbum que os The Mars Volta vão fazer. É verdade, vão voltar à Europa (a última actuação tinha sido apenas no Reino Unido, e já em 2005). Para já estão confirmados 3 espectáculos na Escandinávia (Noruega dia 19, Suécia dia 20, Dinamarca dia 22), mas nos próximos dias mais serão, muito provavelmente, confirmados.
Em jeito de despedida e celebração do primeiro post, sem fugir à temática, deixo-vos dois links onde podem ver videos de músicas de The Bedlam in Goliath, e também fazer um pequeno puzzle onde o prémio é um cover da música Back Up Against the Wall dos The Circle Jerks. Para os menos dispostos a brincadeiras, deixo-vos uma pequena "prenda".


http://www.themarsvolta.com/puzzle
http://www.themarsvolta.com/video


Cover dos The Circle Jerks - Back Up Against the Wall

quinta-feira, novembro 08, 2007

Interpol + Blonde Redhead @ Coliseu de Lisboa

Eram as 21h00 quando tudo começou: os Blonde Redhead entraram sob uma grande ovação e rapidamente a vocalista Kazu Makino trocou as únicas palavras da banda com o público: para quê perder tempo com a verbal quando a sua linguagem é a musical?

A pergunta não ficou muito tempo no ar já que desde cedo os dois irmãos Pace e a sensual Makino envolveram os escassos presentes (mas que já enchiam metade do Coliseu) na sua música bem mexida, mas muito intimista. A voz da nipónica começou logo a arranhar e a arrepiar com "In Particular"; e logo todos se renderam à sensualidade que lhe emanava na dança, nos guinchos, no movimento dos cabelos... - e muito se deve ao vestido.

A força das músicas foi crescendo, assim como do próprio concerto, e não demorou para que a plateia enchesse e, seduzida, dançasse ao som dos cada vez mais psicadélicos Blonde Redhead. Pena que as gravações fossem tão evidentes, principalmente a nível de vozes, já que havia situações em que nem Pace, nem Makino cantavam, mas a gravação preenchia. Mas isso não estragou aquele que foi um óptimo concerto, que apenas pecou pela curta duração, e que teve direito a um desfecho da melhor qualidade: "23", do novo álbum.



Seguiu-se a típica espera, a impaciência do público por entre gritos e assobios.

Mas tudo valeu a pena; passados 20 minutos os Interpol enfrentaram um Coliseu dos Recreios esgotado só para os ver e brindaram-no com a bela "Pioneer To The Fall". Os nova iorquinos soltaram-se da apreensão que caracterizou o concerto no SBSR e mostraram uma simpatia desmedida e um carinho por um público que não lhes merecia menos: elogiaram a bela Lisboa, agradeceram várias vezes em português, agradeceram o maravilhoso espectáculo. E não era, realmente, para menos. A plateia cantou em todas as músicas, saltou, dançou, embalou-se com os Interpol, surpreendendo-os. A resposta a um público inteiro a cantar a "Evil" foi um 'boa mão cheia' de sorrisos rasgados de satisfação vindos do palco, tal era o choque de serem tão bem recebidos; Paul Banks gesticulou aquele que era um pedido de «go on...» e o público não se calou até ser interrompido pelo próprio que mostrou como é que se canta o legado Joy Division.

Felizmente para a banda e para os fãs, a grande falha do anterior concerto em Portugal foi colmatada: as novas músicas, que pareciam tão vazias ao vivo, ontem estiveram muito intensas e fortes, mostrando que não é a produção que faz uma boa banda, mas é uma boa banda que faz grandes músicas. Exemplo disso foram tanto a "Heinrich Manouver" como a "Mammoth".

O ponto alto do concerto foi, estranhamente, protagonizado por uma 'quebra': "Lighthouse". A última música do mais recente Our Love To Admire só tem guitarra e voz, é calma, de se fechar os olhos. Mas, de repente, fica pesada, ainda que lenta, com bateria compassada e guitarras muito melódicas (se algum dia me ouviram dizer «a "Dim" dos Cult of Luna parece Interpol», aqui digo que «a "Lighthouse" dos Interpol parece Cult of Luna) preparando os presentes para uma recta final em grande.

Depois de Not Even Jail, seguiu-se o encore forçado... Os roadies preparam os instrumentos e a banda demora-se. Mas o público não se calava. "Take You On a Cruise", "Stella Was a Diver and She Was Always Down" e, finalmente "PDA" foram as últimas músicas do concerto e não podiam ter melhor ordem nem ter sido melhor escolhidas.

Desde Abril que não via um concerto tão bom, tão completo, tão rico...


Setlist:
Pioneer To The Falls
Say Hello To The Angels
Narc
Obstacle 1
Scale
Mammoth
No I In Threesome
Slow Hands
Rest My Chemistry
The Lighthouse
Evil
C’mere
The Heinrich Maneuver
Not Even Jail
------------------------
Take You On a Cruise
Stella Was a Diver and She Was Always Down
PDA


PS: se pedirem com jeitinho, acho que o Negrão ainda arranja uma ou outra foto...

Mais um nesta emenda cultural!

É verdade, temos mais um mergulhador oficial: António Pita é um antigo companheiro de festividades aqui da equipa e até parece mal esta distância temporal da tasquinha bloguista...
Bom, lacuna preenchida e o António assume um teclado ao vosso dispor!

Este tal de António é bom rapaz, de bom ouvido e ideias lúcidas, com um bom reportório de concertos e vem do campo de Estudos Artísticos em Coimbra (o que quer dizer pouco ou nada). Mais alguma informação, procurem o hi5 dele.

Fora isso, é realmente um prazer ter este caro compincha connosco, finalmente.
Sede bem-vindo, caro António!!

quarta-feira, novembro 07, 2007

É Hoje!

domingo, novembro 04, 2007

Fado-Core?

“O mundo verá
os pobres libertos da opressão
esmagando os carniceiros
da burguesia regente”

ou

“1º de Maio
Marchar! Marchar!
Oh soldados da liberdade!
Marchar e destruir
as fronteiras nacionais e a propriedade”


Estes são alguns excertos de letras de Fado do início do século XX e dos finais do século XIX. Felizmente que há pessoas que gostam de estar bem informadas, como o Diogo do Sismógrafo, que ao folhear o Courier Internacional descobriu esta faceta da nossa música, que é o Fado.