quarta-feira, maio 09, 2007

The Vicious Five + Linda Martini @ Queimodromo

Como não podia deixar de ser, e como já referi anteriormente, eu marquei presença nestes concertos. Infelizmente, não estava nas melhores condições para tirar fotografias ou tomar nota das músicas tocadas – fui arrastado várias vezes para o mosh pit que se gerou mesmo ao meu lado – e, por isso, não vou brindar ninguém com imagens bonitas dos concertos ou setlists chorosas (pelo menos até as arranjar). Claro que o som não estava o melhor – afinal, não eram cabeças de cartaz, convinha terem um som pior que Xutos e Pontapés para não deixar ninguém envergonhado – e o público não era o mais fácil, visto que toda a gente esperava ouvir as músicas cujas letras toda a gente conhece, mas eles chegaram, viram e tocaram o que tinham a tocar da melhor maneira que se pode imaginar, conseguindo mesmo, tanto The Vicious Five como Linda Martini, arrebatar alguns fãs aos Xutos.



The Vicious Five

Vieram novamente a Coimbra com a energia toda. Sempre irreverentes, puseram os ainda poucos – mas cada vez mais, gradualmente – espectadores a dançar, a saltar, ou simplesmente aos empurrões solidários. Apresentaram uma música nova, sempre rock, sempre enérgico; nada de novo, portanto. Tocaram os singles de Up On The Walls, mostrando uma onda mais de dar ao público o que querem, ao invés de entrarem numa de promoção do álbum, num pedido de socorro para que consumam os belos CDs. Quim (ou CALIPO, segundo o Myspace), o vocalista, está cada vez mais eloquente nos seus discursos e apelos à revolta e revolução, assumindo desta vez uma posição muito crítica em relação à escola e ao ensino, mas sempre de forma pertinente, aproveitando o momento de Queima e mostrando o seu sentido de opurtunidade; esteve acima de tudo muito interactivo, o que ajudou imenso ao concerto e levou à adesão de muitos dos que não estavam presentes para ver The Vicious Five.
O concerto foi muito enérgico, mas eu já tive o prazer de ver melhor deles. Mas isso não significa nada, até porque o território da Queima das Fitas, num concerto de abertura dos Xutos não facilita em nada a situação. Acima de tudo, acho que The Vicious Five estão de parabéns pelo o crescimento que têm demonstrado.



Linda Martini

Vindos de Queluz, vieram dar o seu primeiro concerto a Coimbra, visto que só tinham showcases no seu reportório da cidade. Começaram logo com “Este Mar”, envolvendo logo o público pré-disposto ao seu som; nenhumas palavras para começar, apenas música. De seguida, após uma curta e sóbria «identificação», tocaram “Amor Combate”: era óbvio que tinham preparado um concerto muito enérgico e a setlist mostrou-se, desde logo, prova disso. Sendo o primeiro single da banda e a música que os chutou para um mercado mais mainstream, a “Amor Combate” é a música que é mais facilmente aceite pelo público em geral, e na Queima não foi diferente, nas primeiras filas cantava-se a letra bem alto. A partir daqui, o concerto foi simplesmente brutal. Desde mosh a momentos mais ambientais e envolventes, a actuação de Linda Martini foi o momento alto da noite, e a banda mostrou-se capaz de aguentar isso, apresentando-se com uma atitude de palco cada vez melhor e mais espontânea (pobres Xutos e Pontapés, nunca hão-de conseguir dar concertos assim. Tive pena deles…), apesar de muito introspectiva, não deixou de ser contagiante. Para além das já referidas, tocaram ainda “Efémera”, “Dá-me a tua melhor faca”, “Estuque”, “Cronófago”, “Lição de voo nº1” e fecharam com “A Severa (ver de perto)”. Esta última é outra música que merece destaque: assim como “Este Mar” é um início perfeito para o que os Linda Martini têm para mostrar, a última faixa do Olhos de mongol é simplesmente a desfecho que um concerto deles pede. Começa calma, mas cedo começa a crescer e não tarda o momento em que sufoca com um balanço, uma energia e um ambiente incrível.
Vieram de Queluz até a Coimbra para mostrar que não esqueceram o EP – felizmente, que eu já estava a começar a acreditar que esse grande trabalho já tinha se tinha perdido no grande Olhos de mongol – e para mostrar que, mesmo que não cresçam mais nos meios comerciais, têm imenso para dar. Aguarda-se o regresso para um concerto com ainda mais tempo – sabe sempre a pouco; fica-se com vontade de mais.

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