domingo, outubro 22, 2006

Dia 17/08, Paredes de Coura

Dia 17 começou com os Catpeople, espanhóis, vindos da capital da Catalunha. Os meninos de Barcelona tentam recuperar os post-punk de Joy Division e Interpol e não escondeu a falta de originalidade que os caracteriza. Apesar de tudo, têm uma personalidade que, cedo, os diferencia. Ou então, Interpol e Joy Division são simplesmente inconfundíveis. Eu acredito que ambas as opções são verdades.
Catpeople começaram a tocar por volta das 18h. Sofreu, como já havia acontecido neste festival, do “síndrome da hora”. Por tocarem tão cedo, nem o publico estava predisposto, ou nem chegava mesmo a haver publico. Ainda assim, eles não se inibiram, e deram o seu melhor, certamente, dadas as condições, pouco mais havia a fazer. O vocalista assumiu na perfeição a liderança da banda, não deixando de mostrar alguma frustração (sinceramente, não sei se era parte do espectáculo ou era mesmo como ele se sentia) e usando-a em prol do concerto, o que mostrava um grande envolvimento de sua parte. O resto da banda não se evidenciou muito, mostrando-se muito presa ao chão em que se encontrava. As músicas estavam incrivelmente semelhantes ao que se conhece deles em estúdio, o que merece um destaque.

Seguiram-se os Shout Out Louds, vindos da Suécia. Apresentando uma forte influencia de The Cure, deram um concerto Foram mais animados, e conseguiram envolver muito mais o público que os Catpeople. Nem mesmo a chuva demoveu aquela gente. O vocalista mostrou-se muito comunicativo, o que também ajudou a prender a audiência. A banda mostrou uma vivacidade interessante em palco, nunca estando estática. Musicalmente mostraram-se muito fiéis ao que apresentam em álbum, o que só lhes dá pontos a favor. A teclista, típica senhora nórdica, não passou ao lado de alguns membros masculinos da audiência, que não deixaram de mandar o ramo de flores, que ela, sempre muito simpática, agradeceu (o vocalista não apreciou muito essa situação, visto que se tratava da sua noiva). Os meninos de Estocolmo mostraram-se muito calorosos.

Maduros é uma banda que nem me atrevo a comentar, por ter sido um concerto tão mau. Outras bandas portuguesas, que certamente dariam um concerto no mínimo decente, mereciam aquele lugar no cartaz muito mais que esses senhores. O nome é a única coisa que têm. Foi o pior concerto do festival, de longe.

Seguiram-se o !!!, que estão, sem dúvida de parabéns. Segundo sei, já o ano passado de 2005 deram um concerto memorável e, por exigência da banda, voltaram este ano, no mesmo dia, uma hora e pouco mais tarde, para dar outro concerto incrivelmente bom, e deixaram, mesmo, a promessa de um regresso para o ano que vem, ainda mais tarde. Aguardo.

Os !!!, com a sua música electrónica instrumental, puseram Paredes de Coura inteira a dançar. Não havia, naquele anfiteatro, quem se encontrasse estático. O concerto foi, acima de tudo, contagiante. Os vocalistas, mostraram uma energia incrível e uma interacção com o publico digna de destaque. Nem mesmo eles pararam de dançar e fizeram o espectáculo por si – que o resto da banda entretinha-se a instrumentalizar a sua música de dança. Os vocalistas chegaram mesmo a ir às grades, pôr o publico a cantar a dançar ainda mais. Mexeram com toda a gente; a indiferença não era uma opção. Espero que eles voltem, realmente para o ano que vem, com um novo álbum (que não tarda para ser editado).

The Cramps foi um concerto interessante, mas muito fraco, tendo em conta tudo o que os anteriores !!! provocaram e conseguiram. A banda mostrou-se muito parada – com excepção do vocalista que, com a ajuda de muito álcool, se mostrava eléctrico – e com grandes dificuldades de tocar. A música era muito repetitiva e pouco apelativa. O que temia para os Gang of Four, concretizou-se com The Cramps.

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