domingo, outubro 22, 2006

Bauhaus @ Paredes de Coura (dia 17)

Bauhaus não foi somente o concerto da noite de 17, mas foi, também, o concerto do festival Heinneken Paredes de Coura de 2006. Peter Murphy e companhia, considerados os pais do gótico, trouxeram todas as suas ambiências negras, todo o romantismo e toda a inteligência das suas letras para um concerto inesquecível e infernal. Mesmo a chuva ajudou ao espectáculo, que parecia propositado. Murphy não deixou de ajudar a este facto clamando “It’s raining… god must be winning”.

Foi um concerto em que as luzes, tão negras e pouco vivas, se mostraram um excesso. O concerto, a música, eram tão negros que ao envolver faziam as luzes custar. As rosas vermelhas à volta da bateria ajudavam imenso à imagem da banda, tão dark, todos vestidos de preto, com excepção do guitarrista – Daniel Ash – que ostentava um belo casaco berrante e branco.
A banda deu um concerto muito teatral, apesar de todo feeling que transmitia ao público. Os ecrãs, que até então eram réplicas para quem se encontrava longe do palco, com eles eram imagens a preto e branco, ainda mais fiéis, do que se passava lá. Todas as ambiências estavam a ser aproveitadas ao máximo.

Instrumentalmente a banda mostrou-se melhor do que eu esperava. Ash, para além do som de guitarra que caracteriza Bauhaus, tocou ainda saxofone, mostrando já alguma experiência no instrumento. O baixista – David J – deu todo o sentimento gótico à música e ainda se apresentou numa atitude muito altiva, mas não presunçosa. Não estava a dar tanta vivacidade ao concerto como Murphy e Ash, mas o seu contributo ficou, certamente. Kevin Haskins, o baterista, com a sua bateria pouco preocupada com o ritmo, mostrou-se fiel aos álbuns.
O concerto começou logo com um dos grandes êxitos do primeiro álbum da banda, In The Flat Field, com a música Double Dare. Para quem conhecia a banda, começou imediatamente um concerto inesquecível. Passaram pelo que não podiam evitar: In The Flat Field, God in an Alcove, Dark Entries, Satori…

O concerto teve direito a 3 encores, facto inatingível por nenhuma das bandas que tocaram antes de Bauhaus havia conseguido. O primeiro encore foi o delírio. Para um concerto que já estava a ser impressionante, os britânicos tocaram Atmosphere, dos seus contemporâneos Joy Division, fazendo toda a gente saltar e cantar. Foi o realizar de um sonho para muita gente que, como eu, nunca teve a oportunidade de ouvir a banda de Ian Curtis ao vivo. Ainda mais tocado por alguém contemporâneo, o que dá muito mais valor ao acontecimento.

Este foi o melhor encerrar de festival a que já tive o prazer de assistir.

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