sábado, outubro 21, 2006

Dia 15/08, Paredes de Coura

Dia 15, sem dúvida algo a não esquecer, nem que seja pelo facto de ser o primeiro dia do festival, propriamente dito. O jazz na relva, merece, sem sombra de dúvida um grande realce. Com uma onda de boa disposição e boa vontade tanto da audiência, como da banda de José Eduardo, a tarde foi mais rápida do que todos desejámos. Desde reinterpretações de músicas de José Afonso aos clássicos do jazz, foi uma tarde que marcou a todos presentes com um toque português muito interessante.

Por volta das 18h, abriu, finalmente, o recinto do festival. Começou o concerto de White Rose Movement. A banda britânica, cujo álbum foi produzido pelo mesmo senhor de Silent Alarm (Bloc Party) e Echoes (The Rapture), deu um concerto deveras interessante. Infelizmente, teve o grande handicap do concerto ser tão cedo; o público não estava muito receptivo ou simplesmente não estava. O recinto estava muito vazio e a audiência estática, ainda a esperar pelos próximos. Apesar de tudo o concerto foi muito enérgico e cheio de uma energia punk muito forte, ajudada pela batida mais electrónica da banda, que inclui no seu reportório de influências os lendários New Order. Alguns imprevistos durante o concerto, com microfones e guitarras, cortaram o baixo ritmo (não por culpa da banda, volto a referir) do concerto. Mas foi uma actuação arrogante, como nenhum punk não devia deixar de ser, e muito enérgica; no final, a simpatia que a banda não mostrou durante o concerto, para manter a postura, revelou-se. Seria um concerto interessante de ver com mais público e principalmente com um público predisposto.

Depois de uma breve pausa, tocaram os Gomez, sobre os quais tenho pouco a dizer. O concerto foi deveras muito monótono e menos enérgico do que seria, à partida, possível, mostrando-se bastante inferiores aos WRM, que haviam actuado anteriormente.

Os noruegueses Madrugada vieram, então, tentar a sua sorte. Foi um concerto interessante, e mais esperado pelo público, essencialmente. Com uma audiência mais selecta, muitos que se deslocaram até Paredes de Coura propositadamente para os ver, possibilitaram uma primeira meia-hora muito boa e viva. Infelizmente, acabou por se tornar um concerto monótono. A repetição de movimentos, principalmente por parte do vocalista, que deveria assumir uma posição mais viva e menos rotineira em palco, visto que é a inevitavelmente a imagem da banda, fez com que o concerto acabasse por perder qualidade. Mas realço, novamente, a primeira meia-hora do concerto, que foi, sem qualquer sombra de dúvida, algo de impressionante para quem nada esperava dos Madrugada.

Morrissey foi a grande desilusão da noite. O concerto mais aguardado foi uma quebra para os mais neutros – e uma alegria incondicional para quem estava lá exclusivamente para o ver (e não eram poucos) – que esperavam algo de melhor do pai do rock-alternativo. O seu carácter egocêntrico – tendo em conta que é uma estrela e um importantíssimo ícone da música, nem que seja por ter sido o vocalista dos The Smiths – criou um fosso muito grande entre a audiência, os músicos e ele mesmo. Havia uma grande distância entre ele e a banda, o que dava um carácter demasiado impessoal a um concerto de tamanha magnitude. Infelizmente, Morrissey pouco fez em termos de espectáculo, senão agitar o fio do microfone (que deu muitos problemas). Ainda assim, nem a chuva movia toda aquela gente para longe do palco.

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