segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Ainda há Música nos Grammys?

Ontem decorreu mais uma edição dos enfadonhos Grammys. Quando se lê os jornais e os nossos olhos dão de caras com as capas das revistas, cai-nos na ideia de imediato que os Grammys são o que aparentam ser: uma masturbação do negócio discográfico. A única relação que aqui há com a música é que o primeiro vive do segundo. Seja com macacos de imitação ou com o maior génio musical.

Podia entrar na usual crítica aos principais prémios desta coisa. Alguém acha mesmo que aquela música dos Coldplay não é igual ao riff do Satriani? É que ela ganhou o prémio de melhor música...Mas indo onde quero mesmo: ainda há Música com M grande nos Grammys?

Vejamos, há 110 categorias (!!!), muitas delas de coisas bem mais interessantes que desconhecia por completo. E quanto a nomes? Os Daft Punk ganharam dois prémios destes, sendo a sua qualidade indesmentível. Frank Zappa também. E os The Mars Volta. E o terrífico album de B.B. King também. E para quem gosta de ouvir cinema, Hans Zimmer e Peter Gabriel (este último até levou 2). E se nos centrarmos na lista de nomeados, ficamos surpreendidos com Erykah Baduh (este nem tanto) ou Nine Inch Nails ou mesmo a banda sonora do Sweeney Todd. E será Gilberto Gil um mau exemplo? Ou David Gilmour?

E agora o que me chateia: porque é que todos estes nomes ficam presos em categorias menores ou de género musical? Todos nós sabemos a resposta. Mas acaba por ser um bocado como o futebol em Portugal. Toda a gente sabe ou desconfia o que se passa, mas ninguém faz nada e cria-se um desinteresse que demora muito tempo a curar. E tudo se torna numa fachada que enriquece. Mas não quem deve. Por muito que se diga que não se quer saber disto e que ninguém liga nenhuma, não vos chateia os Coldplay ganharem, onde quer que seja, a Melhor Canção do Ano?

Notas finais: porque um melhor album ou canção Gospel e não Post-Rock ou Prog? Mas a sério, é que há um prémio para o melhor album tropical latino...
E sabiam que Barack Obama já tem no seu curriculo 2 Grammys?

5 comentários:

André Forte disse...

tropical latino? e não tem latino-mediterranico? :P

eu sou-te sincero, não me faz grande comichão ver os coldplay ganhar grammys por aquilo que disseste logo: tratam-se de uma masturbação da industria discográfica. por mim até podiam ter dado ao próprio satriani o prémio que não me chateava minimamente. já percebi que não é por aí que descubro música e estou certo de que tu estás de acordo (neste ponto, atenção) comigo.

mas é uma análise bem vista. eu não fazia puto de ideia de que a erykah estava candidata a nada...

António Pita disse...

A mim faz-me impressão considerarem sequer o album dos Coldplay para melhor do ano. E faz pelo conteudo que as palavras traduzem.

Não acho que deva ser um meio de conhecer música, mas podia ser como uns Oscares, que não são tão escandalosos e até premeiam boas coisas. Más também, mas é como tudo.

No fundo é só para mandar vir e partilhar um lado dos Grammys que desconhecia. porra, 110 categorias?

André Forte disse...

Compreendo o que dizes, mas isso não deixa ser arbitrário. Se calhar para ti o Bedlam foi o melhor álbum de 2008 e para mim foi o Eternal Kingdom (eu nem consigo escolher, por isso é tudo especulativo). Por isso se muitos chouriços querem dizer que os Coldplay fizeram o melhor álbum do ano, para mim apenas quer dizer que não partilham do meu gosto musical e muito provavelmente nem conhecem metade da música que tu e eu conhecemos. Para quê chatear-me, entendes? Tem o valor que tem...

Mas sim, 110 categorias é fruta. Muita.

António Pita disse...

Sim, sim, claro. Este tipo de coisas têm sempre um valor imensamente arbitrario e volátil. E esse pensamento faz sentido. Mas chateia-me na mesma xD

Bedlam melhor do ano? Acho que não me vejo a dizer isso...Ghosts, Bedlam, Eternal Kingdom, etc, etc...Há muita coisa!

André Forte disse...

era só um exemplo, especulativo como disse :P foi o primeiro que me veio à cabeça, não quer dizer que seja verdade. Até porque, lá está, tu padeces do mesmo mal que eu: ouvimos demasiadas coisas e depois não sabemos escolher.