quarta-feira, novembro 25, 2009

Massive Attack @ Campo Pequeno

No passado fim de semana os britânicos Massive Attack apresentaram-se no Campo Pequeno para finalizar a tournée com 2 concertos consecutivos em Portugal. Eu estive lá no primeiro desses dias e posso afirmar que foi qualquer coisa de espantoso, superando de longe o concerto dado no Festival Super Bock Surf Fest 08.

Para abrir, os Massive Attack escolheram Martina Topley-Bird. A artista participou no novo álbum dos ingleses e estava em tour com eles, pelo que aproveitou para fazer as primeiras partes de todos os concertos, tendo a possibilidade de mostrar o seu trabalho próprio. Acompanhada por um ninja na bateria, a britânica, que emprestara a voz a Tricky no seu primeiro álbum, deu um concerto curto, expondo algum do seu reportório triphop/dub/soul. Transmitindo sempre uma aura de tranquilidade e satisfação, Martina mostrou os seus dotes vocais a par de um xilofone, uma bateria, a ocasional guitarra e outros mil instrumentos - a complementaridade instrumental ajudou a tapar os silêncios e tudo junto criou uma sonoridade própria. Ainda assim, Martina Topley-Bird resultará muito melhor em nome próprio, num ambiente mais familiar e como a música pede, mais íntimo.

Com um Campo Pequeno esgotado, esperava-se uma ligeira apresentação do álbum que está para vir - Heligoland - até porque o Splitting The Atom EP, já lançado, também o é. O último álbum lançado tinha sido 100th Window, lançado em 2003. No entanto, a banda manteve-se activa no que diz respeito a concertos, pelo que a máquina se manteve sempre muito bem oleada.

A parte inicial confirmou as expectativas: material novo através de Hartcliff Star, Babel, 16 Seeter e Bulletproof Love. Robert Del Naja deu logo a conhecer duas das estrelas da noite: Martina Topley-Bird, substituindo Stephanie Dousen, singer/songwriter que actuou com a banda em 2008, e Horace Andy, o eterno clássico colaborador da banda.
A partir daqui o concerto tomou um ritmo frenético, acompanhado sempre pelo placar de LEDs por trás da banda exibindo factos, frases e mensagens polémicas. Um concerto de Massive Attack vem sempre carregado de intervenção política e humanitária, ainda que silenciosa mas complementada pela música envolvente. Desta vez as mensagens de luz estavam na nossa língua, algo que eles alteraram ao longo da tour consoante o país onde tocavam. Risingson marcou o celebrado regresso a Mezzanine pela mão dos mestres Robert Del Naja e Grant Marshall.

Teardrop pela voz de Martina Topley-Bird foi acompanhada por arranjos mínimos e suaves, ficando a voz no primeiro plano (ainda mais!) e o silêncio que se fez sentir no Campo Pequeno tornou o momento mágico. Future Proof ganhou uma nova dimensão ao vivo, nunca tinha ouvido a música de uma forma tão enérgica e intensa. Quando Horace Andy entrou em palco e se ouviram os primeiros acordes de Angel iniciou-se mais um dos momentos da noite. Inertia Creeps voltou a juntar Del Naja e Marshall em mais um momento "mezzaninesco" mas desta vez houve, na minha opinião uma abordagem visual por parte da banda que não foi muito bem conseguida. Sou totalmente a favor da complementação do concerto com adereços visuais, e neste caso acho que é muito importante. No entanto frases como "Grande golo coloca selecção nacional no Mundial" e "Simão Sabrosa deseja acabar a carreira no Benfica" levaram a aplausos do público a meio de uma música que estava a ser tão, mas tão boa. Mal aqui os britânicos, embora eu ache que não era mal intencionado.

O primeiro encore serviu para voltar de novo a Blue Lines com o clássico Unfinished Sympathy, protagonizado pela enorme capacidade vocal de Deborah Miller. Seguiu-se a incendiária Marakesh, faixa nova que muita tinta está a fazer correr no no tubo (ver aqui) e que deixou o Campo Pequeno perfeitamente perplexo: Del Naja cantou o pouco que tinha de cantar e depois deixou que a fluidez e progressão da música tomassem conta da enorme sala e dele também. Acho que o britânico deve ter sido das pessoas que mais vibrou e dançou (sempre de costas para o público) ao som daquela autêntica bomba.

Houve ainda tempo para um terceiro encore (foi só mesmo um brinde, porque depois de Marakesh eu estava mais que satisfeito) limitado a Karmacoma, que finalizou de uma maneira muito groovy e dançável uma excelente noite.
Foi, sem dúvida, dos melhores concertos deste ano, e vem mostrar que não é o facto de os Massive Attack não fazerem um álbum há 7 anos que os torna ferrugentos: pelo contrário - compensam ao vivo e de que maneira!

Setlist:

Bulletproof Love
Hartcliffe Star
Babel
16 Seeter
Risingson
Red Light
Future Proof
Teardrop
Psyche
Mezzanine
Angel
Safe From Harm
Inertia Creeps

Splitting The Atom
Unfinished Sympathy
Marakesh

Karmacoma

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