sábado, dezembro 09, 2006

de dentro do baú... o Prog-Rock

Desde há uns meses que me tenho apercebido que o novo não é uma simples criação, por muito original que se torne. Toda a música nova – no verdadeiro sentido do termo, ou seja, música original, ainda estranha aos ouvidos por ser uma sonoridade desconhecida – resulta de uma qualquer evolução.

Considero importante poder compreender este processo evolutivo para conseguir entender melhor a música, o estilo, a sonoridade em questão.
Pessoalmente, considero o Prog-Rock uma das sonoridades mais complexas da música contemporânea, parecendo, por vezes quase incoerente ou mesmo dissonante. A realidade é que funciona tudo de uma forma incrivelmente harmoniosa e é isso que delineia o fosso entre música excessivamente técnica e rock progressivo.

De tudo o que retirei do “baú” onde tinha as coisinhas velhas, conclui que os primórdios do rock progressivo, os primeiros passos neste estilo, começaram com os próprios Beatles, conhecidos como os pais do rock (algo que não vou discutir agora; talvez num artigo posterior venha a abordar essa situação, pois admito que é uma forma muito pessoal de ver as coisas), no White Álbum, um disco incrivelmente experimentalista. A forma como tentam enquadrar os instrumentos, quebrando as repetições e as construções básicas das músicas, revolucionam toda a visão que se pode ter do rock, ou mesmo da música (uma banda vanguardista e por isso ficou conhecida, pelas suas rupturas). O álbum ficou conhecido pelo caos introspectivo em que se apresenta. É uma obra em que a banda explora o melhor de cada membro, tanto como músico, assim como de compositor. É uma verdadeira reflexão sobre o seu rock e sobre aquilo que conseguiam fazer. Ficou aberta a porta de muitas das inúmeras possibilidades do rock, que até então não haviam sido procuradas.
Claro que não posso esquecer os pais do psicadélico, do rock musicalmente “estranho”, Pink Floyd, outra das bandas que proporcionou o Progressivo, mas que, uma vez mais e como muitas outras bandas, foi influenciada pelos próprios Beatles.

Surgem, então, as grandes bandas do Prog-Rock ou do Art-Rock, sinónimos que se viriam a fundir, em termos de conceito, com a “morte” do próprio estilo, assim que o Punk aparece e arrebata todo o público. Genesis, nos finais dos anos 60, assim como Van Der Graaf Generator, Yes, King Crimson, Jethro Tull, Soft Machine, Camel, entre muitos outros, começam a explorar o rock progressivo; músicos de clássica a procurarem os seus caminhos pelo rock, sempre com o psicadélico em mente, compõem as obras musicais mais geniais do século XX – das quais gosto de realçar The Lamb Lies Down On Broadway dos Génesis, um álbum conceptual baseado numa história escrita pelo vocalista da banda, Peter Gabriel.
Os anos 70, apogeu musical dos Rock Progressivo, foram também o apogeu das bandas que surgiram nos anos 60 e que procuravam mais que um rock simplista. Guitarristas como Robert Fripp e teclistas, senhores do Moog, como Tony Banks ou Peter Hamil, músicos por excelência, assumem toda uma perfeição técnica num estilo incontornável e sempre instável, do qual não se conseguia prever nada, mas que não parava de surpreender pela sua complexidade e genialidade.
E precisamente nos anos 70 surge a banda que viria a ser o máximo do Prog-Rock: Gentle Giant (dos quais virei a falar mais tarde, num artigo só para eles, que não merecem menos). A banda que realmente experimentou tudo o que havia a experimentar, aplicando todos os conhecimentos e mesmo os instrumentos que traziam da sua aprendizagem clássica. Nunca ninguém atingiu tamanha incoerência em música tão harmoniosa.

O Progressivo aparece, então, com a investida dos músicos clássicos, de violinistas, de pianistas, no mundo novo que era o Rock. Quebrando a simplicidade e toda a forma de composição a que o estilo tinha habituado o público, o movimento progressivo tanto cresceu como não tardou a acabar. Aplicando os seus conhecimentos da música clássica, os novos músicos de rock tornaram o rock imprevisível e uma onda novamente nova (passo a redundância), cheia de crescendos e de mudanças súbitas de melodia nada regulares ou compreensíveis até então.

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