quarta-feira, agosto 23, 2006

Paredes de Coura 2006

Entre os dias 14 e 17 deste mês de Agosto, decorreu o festival Heineken Paredes de Coura. Este, por ser algo mais que um concerto, vai ser apresentado em artigos vários: um que fala do geral do festival (que será este), outro dedicado a cada dia de concertos e um para o “melhor” concerto de cada dia (na minha opinião, claro). Não vou poder referir todos os acontecimentos registados no festival, pois devido a vários factores (metereológicos, físicos e temporais) não pude presenciar. Acontecimentos que passo a descriminar: tudo o que decorreu no palco Afterhours, o segundo dia de “Jazz na Relva” do palco Ruby, o concerto de maduros (este por opção. Acho que não há necessidade de massacrar ninguém), o concerto de The Vicious Five e o concerto de Eagles of Death Metal.

Quanto às condições o festival de Paredes de Coura distingue-se de todos os outros, tanto a nível sanitário como a nível infra-estruturas. Por ser um espaço mais pequeno e restrito que todos os outros festivais, o número de gente que tem capacidade para receber também é menor, portanto, número limitado de bilhetes e outras medidas são tomadas como iniciativa. Não só este facto faz do festival de Paredes de Coura um acontecimento um tanto alternativo, que acaba por torná-lo, também, num festival elitista e de culto, não só para os festivaleiros, mas também para as bandas. E por abranger um número tão restrito de gente, as condições sanitárias acabam por ser de fácil manutenção, o que é raríssimo e quase impossível de atingir.
Para os concertos, as infra-estruturas naturais do recinto são perfeitas, tanto para a acústica como para a facilidade que o publico tem de assistir aos concertos – visto que o recinto do palco principal é um anfiteatro natural (fotos a apresentar num artigo mais tardio).

Mas nem tudo são flores, em Paredes de Coura. Infelizmente para os vegetarianos (que no caso de Paredes de Coura são imensos) a alimentação era impossivelmente saudável, graças ao monopólio de grandes empresas de restauração/fast-food – as quais não vou referir, até porque estas dispensam apresentação – e as alternativas apresentadas, para além de caras, não tinham muita alternativa para oferecer. Espero que este problema possa vir a ser ultrapassado no próximo ano.

A chuva também se apresentou como contratempo, apesar de já ser como que tradição no festival, ao que parece, este ano foi mais abundante. Houve concertos em que a chuva ajudou, em termos de ambiências, etc. Mas ainda assim foi o maior obstáculo para os espectáculos. Felizmente, tanto a vila de Paredes como as cidades e vilas mais próximas, estavam já preparadas para tal acontecimento e ninguém (ou quase ninguém, pelo menos) foi apanhado desprevenido, e se foi, preveniu-se.

Este foi o primeiro de alguns artigos sobre paredes, algo deveras vago, mas necessário como introdução ao festival propriamente dito. Estarei de volta daqui a uns dias com novos artigos, desta vez com fotografias.

sexta-feira, agosto 04, 2006

"Prazeres Desconhecidos"

Joy Division é uma das bandas mais importantes de sempre da cena Rock mundial. Comparáveis aos Beatles, até, sem qualquer exagero, graças ao numero de portas que abriram no Rock.

No ano de 1976, a banda que mais tarde se viria a intitular de Joy Division (nome dado aos grupos de mulheres judaicas, dos campos de concentração, que iriam satisfazer sexualmente as tropas de Hitler) juntou-se, movidos pelo entusiasmo gerado pelo concerto dos Sex Pistols, em Manchester (Madchester, como seria conhecida a cidade por causa do número de bandas com relevância naturais de lá, como os Joy Division). Depois de alguns problemas com os bateristas, a banda, por volta do ano de 1977, definiu os seus membros: Ian Curtis, o vocalista; Bernard Sumner (Bernard Albrecht), guitarrista e teclista; Peter Hook, baixista; e Stephen Morris, o baterista.
Gravaram a primeira demo, um EP de cinco músicas, completamente entregue ao estilo Punk. Mais tarde, no final desse mesmo ano de 77, gravaram algumas músicas, que seriam lançadas em 78, com um estilo de música bastante diferente do inicial, o estilo que caracterizou Joy Division: o baixo como melodia principal, acompanhado por uma bateria forte e constante e uma guitarra muito característica; a voz de Ian Curtis também é digna de destaque, graças ao seu tom depressivo, que acabou por se tornar a imagem da banda. Em 1979, lançaram “Unknown Pleasures”, o primeiro álbum.
Em Maio de 1980, graças ao estado avançado da sua epilepsia, ao seu desejo de morrer novo e ao seu estado depressivo constante, Curtis comete suicídio por enforcamento – hoje faz parte do Clube dos 27, entre Jim Morrison, Janis Joplin e Jimi Hendrix –, o que ditou o fim de Joy Division e o início de New Order.

Apesar de deixados um pouco de parte do conhecimento geral, Joy Division é uma das principais influencias de mais de metade das bandas rock actuais. Bloc Party, Shout Out Louds, Morrissey, Arcade Fire, Dandy Warhols, Mars Volta, National e muitos outros reflectem um pouco do trabalho de Curtis e companhia, a nível de ambiências e a nível musical. Há, claro, as bandas que tentam assumir o título de “Joy Division actuais”, fazendo a sua música baseada mais inteiramente no produto deles, por exemplo, She Wants Revenge, Editors, Cat People e Interpol. Estes últimos merecem um maior destaque em relação aos outros, visto que exploraram mais e melhor o trabalho de Joy Division e o seu estilo musical. Conseguiram atingir situações bastante experimentais e musicalmente complexas, nunca deixando de ser fiéis às ambiências depressivas de Curtis e à musicalidade da banda de inícios de 80.

Joy Division representa a explosão de Rock dos anos 80, o que delineou o fosso entre o Punk e o Post Punk. Muitas bandas lhes seguiram os passos, bandas que ainda hoje existem. Muitas bandas vão continuar o seu legado, incluindo os próprios New Order. Muitas bandas vão continuar a ser influenciadas por eles, mesmo que sem consciência, assumindo como influência outras bandas que por eles foram influenciadas.
A importância de Joy Divsion é observável, também, em 24 Hour Party People, um filme intitulado com o nome de uma das suas músicas, que retrata a cena musical de Madchester dos anos 80. Joy Division tem direito a um grande destaque no todo do filme, visto que metade do filme gira em torno de Ian Curtis e companhia.
Joy Division é das bandas mais importantes de sempre da cena Rock.